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Análise: Master Key usa da simplicidade para se tornar marcante

Inspirado nos Zeldas clássicos, este jogo se destaca pela forma como nos deixa explorar seu mundo.


Produzido e publicado pelo desenvolvedor Achromi, Master Key é um jogo de ação e aventura que utiliza elementos simples para entregar uma experiência verdadeiramente marcante. Sem utilizar qualquer tipo de texto escrito e contando com gráficos pixelizados com apenas duas cores, o título consegue se destacar por apresentar uma jornada desafiadora e criativa que nos incentiva a explorar cada canto do seu mundo aberto.

A raposa e a chave

Nesta aventura retrô, estamos no controle de uma raposa que encontra uma chave misteriosa em uma caverna e precisa descobrir qual a sua função. Inspirado nos primeiros jogos da série The Legend of Zelda, Master Key se aproveita de muitas características da série da Nintendo, mas tenta, de uma forma ou de outra, ter personalidade própria.

Em posse de uma espada, a raposa é capaz de enfrentar inimigos, enquanto explora florestas, cavernas e castelos. Os locais estão recheados de puzzles que, embora não sejam complexos, oferecem um desafio que complementam bem as quatro dungeons que precisamos visitar. Além disso, os diferentes biomas oferecem desafios únicos, como inimigos temáticos e segredos para serem descobertos.




Os gráficos bicromáticos são um dos elementos mais marcantes de Master Key. O mundo em preto e branco em 1-bit impressiona pela riqueza de detalhes, apesar das limitações, principalmente em locais como interiores de casas. Apesar de bonito, ficar olhando para uma tela em preto e branco por muito tempo é bem cansativo, o que me impedia de fazer sessões longas de jogatina.

Uma boa notícia é que no menu há diferentes opções de paletas para escolhermos. É bem provável que você consiga achar uma combinação que deixe sua vista menos cansada e recomendo gastar o tempo que for necessário para fazer essa escolha.



Jornada prazerosa, mas sem ajuda

A dificuldade elevada de Master Key vem de diferentes características. A primeira delas é que o jogo não te orienta para nada. Desde o início, a campanha é movida pela nossa curiosidade, seja para cortar uma grama para procurar cavernas ou interagir com diferentes elementos do cenário.

Isso me fez ter opiniões mistas em relação à campanha. Por um lado, acho esse estilo de aventura mais prazeroso, pois cada descoberta é mais satisfatória que o normal. Por outro, as primeiras horas foram torturantes, pois a progressão foi custosa e, até descobrir o que era para fazer, gastei uma boa dose da minha paciência.




Além disso, um dos fatores que controlam o nosso desenvolvimento é o dinheiro. Para comprar mais vida e equipamentos, precisamos explorar o mundo em busca de baús ou então derrotar inimigos, que também nos premiam com ouro. Isso nos obriga a vasculhar cada centímetro do mapa, o que é cansativo, mas a boa notícia é que a nossa curiosidade é sempre premiada com algo valioso.

Outro fator que afeta a dificuldade é o combate travado. Nossos movimentos consistem, basicamente, em balançar a espada e dar um ataque carregado. Apesar de simples, esses comandos funcionam bem, mas sofrem por suas limitações, como ataques direcionados apenas para quatro direções. Além disso, é comum que a raposa fique presa em árvores e pedras quando atacada, levando a situações de mortes frustrantes. 




Mesmo que o combate não seja dos melhores, as batalhas contra os chefes são criativas e exigem do jogador um domínio de suas mecânicas, sendo necessário entender padrões de movimento e saber se posicionar e atacar na hora certa. Atacar de qualquer maneira não costuma ser a melhor opção e quase nos obriga a ter uma estratégia para a abordagem.

Em contrapartida, a exploração se sobressai muito em relação ao combate. A forma que descobrimos segredos unicamente pela nossa curiosidade é uma aula para os jogos que pegam na sua mão a todo instante. Ao longo da campanha, desbloqueamos novos equipamentos que nos garantem novas formas de interagir com o cenário, como o balão, que nos faz voar temporariamente, e o snorkel, que nos permite nadar.




À medida que novas ferramentas ficam à disposição, podemos explorar o mapa de diferentes formas, como em um metroidvania. Revisitar áreas já exploradas ganha uma nova perspectiva com essas mecânicas e deixam a exploração ainda mais prazerosa, principalmente porque temos a certeza que seremos premiados com dinheiro, vida ou algum outro item por isso.

Em uma das atualizações mais recentes, o desenvolvedor incluiu um controlador de dificuldade no menu. Este controlador permite que o jogo fique mais fácil para os jogadores iniciantes e mais difícil para aqueles que gostam de sofrer um pouco mais. São cinco opções disponíveis, sendo que a mais fácil aumenta nossa resistência e ataque, enquanto a mais difícil melhora as características dos inimigos.

Por fim, vale destacar que há um modo à parte da campanha cheio de nonogramas para serem completados. Depois que joguei Logiart Grimoire, esse puzzle se tornou um dos meu hobbies mais agradáveis e foi legal ver essa opção no menu. Por conta dos gráficos, ele fica um pouco cansativo com o tempo, mas é uma alternativa interessante para passar o tempo.



Menos é mais

Mesmo com algumas limitações, Master Key se destaca por combinar simplicidade e a estética retrô em uma aventura desafiadora e prazerosa. Por não nos guiar, alguns momentos se tornam frustrantes e confusos, mas são compensados pelo prazer de descobrir os segredos deste mundo. No geral, a experiência é positiva e vale a pena ser experimentada, principalmente para os mais saudosistas de jogos antigos.

Prós

  • O estilo retrô dos gráficos cria uma atmosfera nostálgica;
  • A exploração é muito satisfatória, principalmente por sempre recompensar nossas ações;
  • As batalhas contra os chefes são desafiadoras e divertidas;
  • É possível mudar a paleta de cores, o que permite encontrar uma combinação mais agradável para os olhos;
  • A possibilidade de modificar a dificuldade torna o jogo mais acessível aos jogadores;
  • O modo com nonogramas é uma adição interessante para quem gosta deste estilo de quebra-cabeça.

Contras

  • A falta de orientação dificulta a progressão, principalmente no início do jogo;
  • Os gráficos podem cansar a vista depois de um tempo;
  • Frequentemente, a raposa fica presa em árvores e pedras durante o combate;
  • Alguns inimigos se confundem com elementos do cenário.
Master Key — PC/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Beatriz Castro
Análise feita com cópia digital cedida pelo Achromi


É engenheiro geólogo, graduando em Engenharia Ambiental, entusiasta de novas tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Gosta de aproveitar o tempo apreciando RPGs, relaxando em simuladores de fazenda e curtindo uma boa música em jogos de ritmo.
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