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Análise: BIT.TRIP RERUNNER é dinâmico e divertido, misturando ação com uma pitada de ritmo

Com uma produção competente e desafios empolgantes, o game também traz um modo para criação e compartilhamento de fases.

Admito que pode ser um pouco difícil classificar BIT.TRIP RERUNNER: ele é do tipo runner (como o nome sugere), mas conta com vários recursos vistos em jogos de ação, assim como uma pegada rítmica e de plataforma. Em termos de qualidade, a história é outra, pois ele é bonito, ágil e, sobretudo, muito divertido. Aperte os cintos, pois essa análise vai começar a todo vapor e só vai terminar na pontuação máxima!

Uma nova oportunidade

Lançado em 13 de maio para PlayStation 5 e Xbox Series, esse jogo de ação/plataforma/runner/ritmo já estava disponível para PC desde setembro do ano passado. De certa forma, ele pode ser considerado como um remake de BIT.TRIP RUNNER, jogo original de 2010 lançado para PC e diversos consoles da Nintendo. Vários títulos sucederam esse game, culminando no lançamento atual.
A proposta aqui é bastante simples: levar o personagem do início ao final da fase, superando todos os obstáculos pelo caminho e obtendo a maior pontuação possível. Não é necessário correr ou realizar qualquer comando horizontal, pois esse deslocamento é feito de forma automática. O desafio aqui é pular, deslizar, bloquear, entre outras ações, para conseguir terminar as fases.
Inclusive, confesso que me surpreendi com a quantidade de mecânicas diferentes, todas devidamente introduzidas pelo jogo. Apesar da variedade, a utilização de cada uma é clara e intuitiva, com comandos bem definidos. Isso torna o nível de dificuldade exigente, mas justo. Cada derrota deixa aquela vontade de tentar de novo, em busca da melhor pontuação possível.
Inclusive, completar fases é algo mais acessível graças aos checkpoints pelo caminho. São três níveis de dificuldade diferentes, entre outras opções de customização das partidas, atendendo do jogador mais casual até o mais dedicado. O sistema de ranqueamento online favorece quem é competitivo e quer ir além das partidas locais.

Subindo os degraus

As coisas começam simples em BIT.TRIP RERUNNER, que treina o jogador em cada nova mecânica uma fase de cada vez. Com o tempo, as coisas ficam bem mais movimentadas, com direito a disparar raios laser, bloquear projéteis e até absorver partículas. Como tudo avança de forma bem pensada, você nem nota, mas ao final dessas fases da campanha você estará praticamente num jogo (repleto) de ação.
São 36 níveis inéditos – divididos em zonas e bônus –, além de fases trazidas de títulos anteriores da franquia (até com a aparência original), chegando a mais de 150 opções. A questão é que achei muitas delas bastante semelhantes, o que na prática reduz esse número para a metade. Inclusive, nunca pensei que seria possível colocar fases do tipo batalha contra chefe nesse jogo, mas elas estão lá. Mais do que isso, elas são bem criativas e proporcionam desafios muito legais.
Legais também são os visuais, muito bonitos e vibrantes, tal qual a jogabilidade do título. Os destaques são os cenários e os efeitos das habilidades, igualmente agradáveis (ainda que seja difícil conferir a produção, pois é necessário prestar muita atenção aos obstáculos). Senti falta de algum tipo de customização visual, seja do personagem, seja dos obstáculos ou das já comentadas habilidades.
Uma pena, pois isso daria personalidade e ainda mais fôlego ao jogo, inclusive servindo como incentivo para jogar mais e obter itens e/ou recursos para comprá-los. Ao menos temos alguns extras, como acesso a cutscenes, artes conceituais, quadrinhos e até mensagens dos produtores. Inclusive, vale citar que BIT.TRIP RERUNNER é muito bem localizado para o português brasileiro.

Jogue do seu jeito

Embora também pudesse ter alguma personalização, o áudio do jogo não sentiu tanta falta disso e merece muito destaque. As músicas e efeitos sonoros são extremamente envolventes, com batidas dinâmicas e integradas a tudo que está acontecendo na tela. De forma interessante, essa integração não chega a exigir uma sincronia absoluta com as músicas.
Ou seja, embora a melodia nos ajude a tomar as decisões durante as fases, ela funciona de acordo com as ações do jogador. Como os obstáculos oferecem intervalos de tempo bem apertados, isso praticamente garante um afinamento adequado. Pode parecer um pouco estranho, mas garanto que funciona muito bem na prática.
Para terminar, vale comentar sobre um dos maiores destaques do lançamento: o RUNNER MAKER, uma ferramenta que permite a criação e compartilhamento de fases. Todas as opções vistas nas fases da campanha estão disponíveis, assim como as músicas, acessíveis via um robusto sistema de gerenciamento. Ou seja, quem termina a campanha tem à disposição toda a produção da comunidade do game.
Os próprios produtores usaram esse modo de criação para construir o jogo
Fica a ressalva, entretanto, de que as fases disponíveis vão desde desafios ridiculamente simplistas até verdadeiras epopeias super exigentes. É possível filtrar as fases, mas seria melhor ter mais opções para isso, facilitando a vida dos jogadores que procuram determinados níveis e estilos de desafio. De qualquer forma, é uma boa opção para quem quer conhecer ideias diferentes e incrementar o leque de opções.

Diversão e emoção do início ao fim

Com uma jogabilidade simples, mas exigente, BIT.TRIP RERUNNER é um daqueles games que te faz querer jogar “só mais uma vez” diversas vezes. Integrando muitas possibilidades ao gênero runner, incluindo elementos rítmicos e de ação, as fases são divertidas e desafiadoras. Para completar, o modo de criação e compartilhamento de níveis fornece ainda mais vida ao título. Ainda que tenham faltado alguns recursos, temos uma ótima pedida para a sua biblioteca.

Prós

  • A mistura entre os gêneros runner, plataforma, ação e rítmico é uma experiência diferenciada e divertida;
  • Jogabilidade sólida e competente;
  • O nível de dificuldade é afiado e justo, oferecendo desafios viciantes;
  • Trilha sonora de alta qualidade traz muita energia a cada partida;
  • Modo de criação de fases bastante robusto e oferece uma (quase) infinidade de possibilidades.

Contras

  • O sistema de procura de fases online deveria trazer mais opções de filtragem;
  • A quantidade de fases da campanha poderia ser maior;
  • Faltaram opções de customização estéticas para as partidas.
BIT.TRIP RERUNNER — PC/PS5/XSX — Nota: 8.0
Plataforma utilizada para análise: PS5
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Choice Provisions


é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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