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Análise: V Rising (PC) mescla ação e sobrevivência de forma assustadoramente boa

Reclame o seu poder sobre a humanidade neste ótimo título, agora em sua versão 1.0.

Desenvolvido pela Stunlock Studios, V Rising convida o jogador a assumir o papel de um vampiro que desperta sedento para reconstruir seu reinado em um universo dominado pelos humanos. Lançado originalmente em Acesso Antecipado em 2022, o título, que apresenta elementos tanto de survival quanto de ARPGs chegou finalmente à versão 1.0 no último dia 8. Mas será que a espera valeu a pena? Confira nesta análise!

Os humanos venceram… por enquanto

“Isto era nosso. Nós governávamos esta terra e a noite era nossa”. 

É com as frases acima que V Rising inicia a sua apresentação ao público e também o contextualiza: neste universo fictício, os vampiros reinaram por séculos, mas, quando o grande conflito chegou, eles perderam a derradeira batalha contra os humanos.

Dessa forma, aqueles que não pereceram no campo de guerra foram obrigados a fugir. Por séculos, escondidos na escuridão e sufocando em poeira, os vampiros restantes permaneceram nas sombras… mas isso está prestes a mudar, pois você finalmente despertou.

Com uma pequena fração de seus poderes e sedento por sangue, você começa então a sua jornada para reclamar o poder sobre o mundo e a humanidade. Se decidirá fazer isso sozinho, junto de outros vampiros ou contra tudo e todos, não importa. A escolha é sua, desde que saiba enfrentar as consequências.

Parte survival, parte RPG de ação

Na prática, V Rising é um jogo de sobrevivência, assim como Minecraft, Valheim e tantas outras centenas de opções disponíveis no mercado e principalmente nos computadores, plataforma em que o gênero como um todo goza de bastante popularidade.

Isso quer dizer que, após criar o seu personagem — que é altamente personalizável —, você precisará reunir recursos como ossos, peles e fibras de todas as formas para criar armaduras, armas e estruturas que dão origem a verdadeiros castelos e tudo mais que a sua criatividade permitir. 

Na maioria das vezes, esses recursos são obtidos ao derrotarmos inimigos dos mais variados tipos e tamanhos, que também é quando a obra da Stunlock Studios começa a mostrar aquele que é o seu grande trunfo, na minha humilde opinião: o sistema de combate e o consequente ciclo de progressão que às vezes falta ao gênero.

Eu explico: graças em parte à sua visão isométrica, V Rising bebe na fonte da jogabilidade de grandes franquias e RPGs de ação, como Diablo, Path of Exile e o mais recente sucesso Last Epoch (PC). 

Adicione a essa notável influência, aperfeiçoada durante o período de Acesso Antecipado, mais de cinquenta chefes únicos, diversas habilidades a serem desbloqueadas em pelo menos cinco árvores de desenvolvimento e mais uma gama de poderes a serem conquistados, e você tem o suficiente para cativar qualquer entusiasta do gênero por horas a fio.

Claro, é preciso notar que tudo isso é devidamente encaixado ou adaptado para a temática vampiresca do título. Para recuperar a sua vida de forma efetiva, por exemplo, é possível sugar o sangue de criaturas como lobos e cervos depois que eles tiverem sofrido uma certa quantidade de dano. Já se estiver jogando com amigos, é possível abrir as veias do seu pescoço e deixar que eles compartilhem do seu sangue e da sua vitalidade, o que certamente ajudará em confrontos e seções mais difíceis.

É necessário inclusive tomar cuidado com a exploração enquanto é dia, pois a luz do sol é extremamente prejudicial ao seu vampiro. Mas, caso prefira experiências mais tranquilas e menos estressantes (algo que, convenhamos, é sempre difícil de balancear dentro do gênero survival), não há com o que se preocupar: graças ao feedback do público, duas novas opções de dificuldade foram adicionadas para a versão 1.0: “Relaxado”, para quem prefere focar na exploração e construção; e “Brutal”, para os jogadores que já dominaram a maior parte dos segredos da obra e estão atrás de uma experiência ainda mais desafiadora. 

É só uma pena, claro, que, apesar da possibilidade de criar um jogo privado ou até mesmo hospedar um servidor dedicado, V Rising perca um pouquinho do seu brilho máximo quando é jogado no modo single-player, o que nos leva ao próximo tópico desta análise: as várias opções multijogador permitidas pela Stunlock Studios.

Melhor com amigos (ou inimigos)

Indo direto ao ponto, o multiplayer é digno de elogios em V Rising. Ao começar um novo jogo, é possível criar uma partida pública, aberta a qualquer jogador, ou uma partida privada, em que será possível progredir sozinho, mas também inserir uma senha para que os seus amigos visitem o seu mundo sempre que você estiver online. 

Além disso, embora o padrão seja de 40 jogadores, é possível configurar as opções de modo que até 60 vampiros possam habitar online simultaneamente em um mundo, com clãs de 4 até 20 jogadores compartilhando experiência, recursos e construções.

Além disso, há opções JxA para enfrentamento dos vários chefes e adversários, JxJ (em que cada um está por sua conta e risco) e até mesmo um modo PVP (player vs player) em duplas, no qual você, junto com um amigo ou um jogador aleatório, deverá enfrentar outra dupla, colocando em teste de fogo as (boas) mecânicas de combate do título. 

Agora, com tantas opções disponíveis nesse sentido, não é de se espantar que V Rising seja um pouco menos empolgante quando se pretende jogar sozinho — uma característica que acaba sendo comum a diversos jogos com ênfase na sobrevivência e gerenciamento e que infelizmente acaba se fazendo presente aqui.

É que por mais legal que seja montar um castelo gótico com vários andares, se você não tem ninguém para compartilhar essa conquista, não é difícil desanimar ou mesmo ponderar o sentido da experiência como um todo. Embora o conteúdo possa ser vivenciado no modo solo, até mesmo o combate passa ocasionalmente a impressão de ter sido balanceado para mais de um jogador, visto que alguns chefes abusam dos ataques em área e/ou teleguiados.

Assim, caso você (como eu) prefira experiências mais voltadas para o single-player, convém se aproximar de V Rising com um pouco mais de cautela que o usual. Logicamente, sozinho ainda é possível se divertir bastante com esta obra vampiresca, mas é inegável que ela brilhe mais quando é possível encontrar outro jogador, independentemente de ser amigo ou inimigo, a cada nova localidade revelada no mapa.

O lançamento definitivo de uma obra acima da média

Finalizando, a versão 1.0 trouxe consigo diversas novidades e aprimoramentos que vão desde um novo bioma e melhorias visuais até as já mencionadas novas opções de dificuldade e suporte aos controles no PC — provavelmente em preparação para o lançamento no PlayStation 5, que está programado para ocorrer ainda este ano e é atualmente o grande foco do estúdio responsável.

Além disso, compensa mencionar que o jogo em si está bem-otimizado em termos de performance, e não tive problemas significativos para sediar ou entrar em partidas com jogadores aleatórios. Também há o sempre bem-vindo suporte ao português brasileiro em menus e legendas, embora seja possível identificar algumas (raras) instâncias de textos não traduzidos, ocasionalmente, que devem ser corrigidos em um dos patches futuros.

No mais, para todos os efeitos, V Rising se destaca no oceano de jogos de sobrevivência atuais, oferecendo uma agradável aventura com potencial para entreter por horas a fio os fãs da temática vampiresca e de mecânicas de ação. Embora a experiência seja indubitavelmente melhor quando se está acompanhado, uma vez que você seja “mordido” por este título, é difícil não se deixar contaminar (no bom sentido).

Prós

  • Une de forma competente os gêneros survival e RPG de ação, criando um loop de jogabilidade divertido que deve agradar os entusiastas;
  • O bom número de chefes e a inclusão de árvores de talento promovem um desafio variado e fomentam a importante sensação de progressão;
  • As novas opções de dificuldade introduzidas com a versão 1.0 garantem o apelo a jogadores com diversos níveis de proficiência;
  • Se destaca pela boa integração da temática com as mecânicas, como ao punir os jogadores que exploram durante o dia e ao requerer a absorção de sangue para recuperar a vitalidade;
  • Reúne diversas opções multijogador cooperativas e competitivas, facilitando a jogatina tanto com amigos quanto com pessoas aleatórias;
  • Apresenta boa otimização no PC;
  • Possui suporte ao português brasileiro em menus e legendas.

Contras

  • Embora seja possível jogar o jogo inteiro no modo single-player em um servidor fechado, a experiência é vazia se comparada quando comparada ao multiplayer;
  • Ocasionais instâncias de textos não traduzidos podem incomodar;
  • O combate frequentemente parece mais equilibrado para o multijogador.
 V Rising — PC — Nota: 8.0
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Stunlock Studios

é bacharel em Produção Cultural pela UFF e estudante de Comunicação Social pela FSMA. Na infância, ganhou um Super Nintendo dos pais e, desde então, nunca mais deixou o mundo dos games. Ainda sonha em ser um Mestre Pokémon.
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