Você já ouviu falar do jogo Pink Panther: Pinkadelic Pursuit? Se a resposta for não, saiba que isso é super normal. Quase ninguém conhece mesmo. Esse foi o último game lançado da franquia A Pantera Cor-de-Rosa, desenvolvido pela Étranges Libellules e publicado por Wanadoo Edition, DreamCatcher Interactive e D3 Publisher, em 13 de novembro de 2002, para Playstation. O título também recebeu versões para Microsoft Windows e GameBoy Advance, sendo esse último um jogo totalmente diferente das duas versões anteriores.
Quem olhar a capa de Pink Panther: Pinkadelic Pursuit pode até estranhar o jogo ou ignorá-lo totalmente, mas, se fizerem isso, estarão cometendo um grande erro, perdendo um ótimo jogo de plataforma 2.5D.
Um jogo de plataforma diferenciado
Pink Panther: Pinkadelic Pursuit é um clássico jogo de plataforma, mas ele não é só mais um entre os milhares títulos desse gênero. Muito pelo contrário, o game traz elementos muito interessantes que deixam a jogatina mais divertida. Para quem não esperava, o jogo tem sim uma história, que começa quando a Pantera Cor-de-Rosa recebe uma carta do seu falecido Tio Rosa (Uncle Pink), dizendo que ela herdou um tesouro que está guardado em sua antiga casa.
A partir desse ponto, o jogo se inicia e você precisa chegar até o sótão da mansão, onde a herança está guardada, mas, para subir até lá, o jogador terá que passar por 12 fases que se passam em locais e até épocas diferentes.
As fases estão atrás de portas espalhadas pela mansão, e você precisa ir uma por uma, para coletar chaves que servirão para abrir as outras portas. Além das fases que é preciso passar, o jogo também coloca três chefes ao longo do caminho para serem enfrentados. O primeiro boss é confrontado após atravessar as quatro fases iniciais; o segundo, após mais três fases; e o último — que serve como chefe final —, depois de mais dois níveis.
Jogos como Sonic the Hedgehog ou Mega Man têm um objetivo bem conhecido por todos: ir do início da fase até o final. Bem, o Pinkadelic Pursuit também, mas com um elemento a mais: o game exige que o jogador leve itens do ponto A para o ponto B, para que os acontecimentos do level possam se desenrolar, com adicional de que alguns itens específicos você precisa roubar de alguém, o que faz com que o personagem surrupiado corra atrás de você com toda velocidade, a fim de recuperar seu objeto roubado.
Essa mecânica torna o jogo muito mais emocionante, fazendo com que quem esteja controlando a Pantera Cor-de-Rosa fique com os nervos à flor da pele, tentando fugir do perseguidor, que, no momento em que alcança, recupera o objeto em menos de um segundo.
Jogabilidade divertida e fator replay
É possível ver alguns elementos de outros jogos em Pinkadelic Pursuit, que, em vez de transformá-lo em um game genérico, acaba entregando uma aventura que, embora simples, é única e consegue divertir até o mais chato dos gamers. A movimentação da Pantera Cor-de-Rosa pelo mapa é fluida e conta com movimentos conhecidos pelos fãs de videogame, como a quicada na cabeça do inimigo, inspirada em Super Mario Bros., e uma rápida girada, originária do mascote da PlayStation, Crash Bandicoot.
Para quem está jogando pela primeira vez, pode encontrar alguns desafios na jogatina, já que o game tem fases um pouco longas; então, é normal que o jogador se atrapalhe na hora de levar o objeto de um lado para outro. É até um fator positivo, já que, muitas vezes, essa procura pelo caminho certo faz com que o player conheça lugares novos no level, que, possivelmente, ele poderia deixar passar despercebido.
Antes do início de cada fase, aparecem fotos na tela de carregamento, que mostram o objetivo do nível e a ordem de cada ação. Às vezes é difícil lembrar tudo, até porque, perto do final do game, as fases ficam levemente maiores, mas a exploração torna a jogabilidade muito mais divertida e emocionante.
Outro ponto que o jogo acerta em cheio é no fator replay. Engana-se quem pensa que esse é um jogo de uma jogatina única. É certo afirmar que ele não tem finais diferentes, mas um dos seus diferenciais é que ele incentiva o jogador a fazer speedrun, já que os níveis se iniciam com um cronômetro na tela e com um tempo marcado ao lado. Caso o player consiga finalizar a fase no tempo determinado, ao final, aparece uma tela com a Pantera Cor-de-Rosa no primeiro lugar de um pódio, e o Big Nose (personagem clássico dos desenhos, com formato de um ovo) triste no segundo.
Caso o tempo estipulado seja ultrapassado, os papéis se invertem. Essa mecânica incentiva o jogador a tentar o game pelo menos mais uma vez; na qual em uma jogatina ele jogará sem pressa, conhecendo todas as fases de ponta a ponta, e na outra, ele correrá o mais rápido possível para não ultrapassar o tempo limite.
Autorreferenciação é tudo!
Como dito anteriormente, o jogo está longe de ser mais um game genérico de franquia. Tudo que envolve o título é inspirado na animação The Pink Panther Show, que foi transmitido na televisão americana de 1969 a 1980, com um total de 191 episódios divididos em 11 temporadas. Pink Panther:
Pinkadelic Pursuit utilizava-se de personagens e cenários para construir sua aventura; ou seja, tudo que está neste jogo pode ser encontrado em episódios do desenho clássico, salvo a planta carnívora, boss que foi feito originalmente para o jogo.
De resto, o navio aparece no desenho, o Egito também, o castelo do Conde Drácula da mesma forma. Enfim, a desenvolvedora enxergou o universo rico que a primeira animação trouxe e resolveu usufruir disso, o que gerou um jogo extremamente criativo e divertido. Os cenários coloridos do jogo, junto com o jazz característico da franquia, faz com que o jogador se sinta dentro do desenho animado, e em vez de a Pantera Cor-de-Rosa resolver os seus problemas, a função fica a cargo do player.
Para quem não jogou este clássico escondido dentro da biblioteca do PlayStation 1 e do PC, pare de perder tempo e vai se aventurar com este jogo. Você pode não encontrar uma jogabilidade inovadora, mas encontrará um título extremamente divertido, único e que traz uma experiência envolvente, tanto para quem assistiu à Pantera Cor-de-Rosa, quanto para quem nunca teve nenhum contato.
Revisão: Ives Boitano