Em certo ponto do mês passado, recebemos no nosso Curador uma chave para GZLNA, um jogo de ação brasileiro desenvolvido pela Kodama Catarina Design. O estilo da obra chama a atenção desde o início, mas com tantos jogos para avaliar, só fui ter a oportunidade de experimentá-lo agora, e tenho que dizer que tive em mãos um título muito envolvente.
Meu nome (não) é Glória
GZLNA conta a história de uma mulher goianiense chamada Glória. Um dia, ela acaba se envolvendo com grandes magnatas do maior império tecnológico do Brasil, a Lanczos Tech. Joguetes de poder e elementos específicos de uma ambientação futurista própria se tornam pontos relevantes da história.
Em termos gerais, a trama é apresentada de uma forma desnecessariamente obtusa, com frases isoladas e muitos momentos que parecem desconexos. Enquanto os diálogos em si são um tanto toscos, a forma da narrativa parece ser complicada na tentativa de dar um efeito estiloso à ambientação.
Outro ponto que preciso comentar é que temos algumas situações vulgares como uma cena de sexo explícito e várias palavras de baixo calão na trama. Não considero esse um ponto negativo, mas jogadores que não se sintam confortáveis com esse tipo de conteúdo podem preferir evitar o jogo.
O movimento é importante para que o seu corpo seja radiante
GZLNA é um jogo de tiro com movimentação tática, forçando o jogador a dominar seu posicionamento para superar os obstáculos. Exploramos fases compostas por múltiplas salas, sendo necessário enfrentar todos os inimigos e coletar todos os cubos presentes em cada área antes de avançar para a próxima.Embora o jogo seja em tempo real, Glória se movimenta apenas um passo de cada vez. O tempo para se movimentar e até rotacionar pesa contra o jogador, sendo necessário planejar bem como explorar a área de forma mais eficiente se o jogador quiser sobreviver às investidas dos inimigos e ser bem avaliado.
Para lidar com os inimigos e obstáculos, podemos atirar e usar três habilidades associadas a formas diferentes da personagem. Usando a ATQ, nossos tiros têm mais chance de crítico e podemos atirar um Super Disparo. Já a AGI melhora nossa velocidade de movimento, esquiva contra os golpes e libera o Blink para pular dois quadrados à sua frente. Por fim, a VIT dá a chance de reviver após perder toda a vida junto com uma habilidade de cura.
Para conseguir alcançar as classificações mais altas é necessário ficar de olho no sistema de combos. Cada inimigo derrotado ou cubo coletado vale pontos, mas o valor deles vai variar de acordo com a sua barra de combo.
Quanto mais alto é o combo atual, mais rápido ele cai, então manter valores elevados é muito difícil. Por conta disso, a precisão e a agilidade são cruciais, mas também uma avaliação estratégica das condições atuais para poder fazer jogadas ótimas.
Re:explorar para dominar
Por conta da estrutura voltada a dominar a gameplay e ter boas pontuações, o jogador é incentivado a rejogar até se tornar bom o suficiente para lidar com todos os desafios. Felizmente, rejogar as fases é bem fácil, pois, no momento em que recebemos a avaliação, podemos optar por tentar novamente e também temos a seleção de fases no menu inicial.O jogador pode optar pelas dificuldades 1.0, 2.0 e 3.0, que seguem a ordem da mais fácil para a mais difícil. Porém, vale destacar que mudar de uma para outra implica em recomeçar tudo do zero, não sendo possível aproveitar a seleção de fases.
Uma vez concluídas certas metas no jogo, conseguimos também perfis para os personagens em um banco de dados. Esses objetivos incluem conseguir S nas mesmas fases em dificuldades diferentes, sendo um incentivo para rejogar tudo.
Infelizmente, um aspecto que vem à tona só no finalzinho do jogo e acaba sendo sub-explorado é o uso do Blink para solucionar puzzles de posicionamento. A necessidade de usar esse sistema é uma escolha que acaba parecendo forçada por aparecer tão tarde e fica um pouco cansativo depender tanto dela, especialmente por ser algo fácil de negligenciar no resto da experiência inteira.
É um bom respiro para que o jogador possa se preocupar apenas em prestar atenção no trânsito para não bater e tentar acompanhar o ritmo dos cubos para obter pontuação S. Caso tenha um acidente de trânsito, perderá tempo e combos e voltará um pouco na sua posição atual.
Uma experiência gloriosa
GZLNA é um jogo de ação que surpreende com sua alta dose de estilo e ousadia. É uma recomendação fácil para quem busca uma experiência atípica em um mercado saturado com títulos pouco inspirados.
Prós
- Combate de ação tática que valoriza ação rápida aliada ao bom entendimento do espaço e das suas habilidades;
- Um jogo profundamente estiloso em sua apresentação audiovisual;
- O sistema de classificação ao final das fases e o desbloqueio de pontos para upgrades são bons incentivos para tentar jogar novamente até dominar as fases totalmente;
- A opção de selecionar fases no menu principal facilita o processo de replay;
- Tutoriais funcionais bem integrados na gameplay;
- As fases de ultrapassagem no trânsito são belos respiros para a ação frenética.
Contras
- A qualidade da dublagem, tanto em termos de atuação quanto aspectos técnicos, deixa a desejar;
- As falas toscas, os elementos vulgares da narrativa e a sua apresentação desnecessariamente obtusa podem não agradar a alguns jogadores;
- O jogo conta cada nível de dificuldade como algo inteiramente separado, forçando o jogador a perder todo o progresso para explorar os outros níveis;
- O uso do Blink como exigência da última fase acaba sendo um pouco maçante.
GZLNA — PC — Nota: 8.0
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Kodama Catarina Design