Análise: Freedom Planet 2 (Multi) carrega o legado dos plataformas 16-bits em um excelente jogo

Salve o planeta com quatro heroínas animais no melhor estilo noventista, com direito a ação, sprites coloridos e ótima trilha sonora.

em 08/04/2024
Freedom Planet foi lançado primeiramente em 2014 para PCs e sua repercussão foi tão positiva que posteriormente ele ganhou versões para Wii U, Switch e PlayStation 4. Agora, 10 anos depois, a sequência Freedom Planet 2 chega a todos os consoles e PC, elevando a experiência do seu predecessor com um título que entrega bem mais do que promete.

Uma nova companheira para uma longa jornada 

O trio de heroínas do primeiro jogo está de volta, e agora acompanhadas de uma nova companheira. Cada uma delas possui habilidades únicas, que influenciam diretamente na sua jogabilidade, listadas abaixo :
  • Lilac: a menina-dragão alterna movimentos de velocidade e rodopios para planar no ar, o que a torna a mais balanceada e indicada para quem experimentar o jogo pela primeira vez; 
  • Carol: a gata selvagem é a mais ligeira da turma, só que seus saltos não são os mais longos. Além de ótima para o combate à curta distância, pode usar sua moto em determinadas partes das fases;
  • Milla: a cachorrinha pode não ser das mais ágeis, mas ela compensa com sua habilidade de planar em trajetória ascendente e disparos lasers, que podem ser direcionados livremente; 
  • Neera: a panda, estreante no grupo, usa poderes de gelo para superar os obstáculos. Com seu bastão, ela dispara projéteis e consegue atacar inimigos que estejam em lugares mais altos ou mais baixos, além de contar com saltos duplos.
A diferença entre cada uma das protagonistas é bastante significativa, mas o ritmo da ação, aliado à jogabilidade intuitiva, deixará os jogadores confortáveis no controle de qualquer uma delas. É divertido controlar e superar os desafios com todas e isso influencia bastante na hora do fator replay.

Freedom Planet 2 oferece duas maneiras de prosseguir: o modo Aventura e o Clássico. A primeira é a tradicional, com direito a transitar pelo mapa e curtir todas as cenas de diálogo, que até surpreendem para um jogo de plataforma, entregando ótima dublagem (em inglês) e uma história que vale a pena prestar atenção.

Mas se você não é do tipo de pessoa que gosta de falatório e quer algo direto ao ponto, então o Clássico é a pedida ideal. Ele elimina toda a parte de exploração e escolha livre de cenários para uma progressão linear, com uma fase atrás da outra.

Ter essa variação ajuda a trabalhar com os diferentes focos do público. Porém, eu particularmente gostei mais do modo Aventura, principalmente pela interação com os personagens secundários, que conseguem ter um carisma tão grande quanto o grupo de protagonistas.

Um ponto de alerta que tenho sobre a jogabilidade é a duração de algumas fases. Mesmo com o ótimo level design, que inclusive oferece diversas bifurcações e rotas múltiplas, alguns cenários parecem durar mais que o necessário. Claramente uma personagem leva mais vantagem em alguns setores que outra, mas infelizmente não é possível alternar a nossa heroína durante a campanha.

Algumas delas chegaram a levar entre 15 e 20 minutos, sem nenhuma exploração mais aprofundada. Como o jogo tem foco na velocidade de conclusão de cada lugar com notas que vão de C a S, fatalmente cada fase será explorada inúmeras vezes, seja para traçar a melhor rota, seja para encontrar os baús escondidos, mas,  infelizmente, um objetivo vai na contramão do outro.

Toda a glória e resplendor dos 16-bits

Freedom Planet 2 realmente não esconde que se inspirou nos jogos do Sonic, seja na movimentação das protagonistas, que podem rolar em formato de bola e têm animações de corrida bem similares às do ouriço, ou até em alguns elementos das fases, como molas, tubos, rebatedores e algumas menções a áreas clássicas, como Green Hill, Casino Night e Labyrinth Zone. Porém, isso não quer dizer que o jogo é a mera cópia de um nome famoso do gênero, pelo contrário.

Por mais que cada grupo de três ou quatro fases pertençam a uma mesma cidade ou região, cada um deles tem suas características únicas, como ambientação, obstáculos e até inimigos distintos para combinar com a temática do lugar. E tudo isso é retratado com belos sprites em 2D, que dão ótimos detalhes visuais.

Eu gostaria de dar um destaque especial para as fases estilo “hub”, que estão presentes no modo Aventura e servem apenas para transição da história, com diálogos entre as personagens. Elas representam cidades vivas, com direito a palácios, lojas e até prédios. A equipe de criação não poupou esforços para criar um planeta rico e colorido. É uma maneira interessante de valorizar trechos que são menos valorizados que as fases de ação.

Já a trilha sonora tem uma pegada mais moderna, longe da nostalgia dos anos 1990. As composições de Leila "Woofle" Wilson e Falk Au Yeong variam entre diversos ritmos, mas que não erram em momento nenhum na hora de acompanhar momentos de alegria, tensão e, principalmente, na hora da ação.

Com tantas coisas boas e acertos, algo que acaba fazendo falta para ficar totalmente imerso no universo de Freedom Planet 2 é a localização dos textos em português. Como há muitos diálogos, seria legal se jogadores que não dominam o inglês pudessem acompanhar o desenrolar da trama completamente.

Um belo planeta que está devidamente bem protegido

Freedom Planet 2 consegue ser uma ótima sequência e um excelente exemplo de como usar uma inspiração clássica de maneira declarada, mas implementando sua própria personalidade, sem acabar virando uma mera cópia de outras franquias famosas. É um título obrigatório para quem gosta de aventura e ação no bom e saudoso estilo plataforma.

Prós

  • As quatro protagonistas têm habilidades únicas e distintas, cada uma com seus pontos positivos e negativos;
  • Excelente level design, com segredos escondidos e rotas alternativas nas fases;
  • Visual 16-bits colorido e rico em detalhes,  que dá características específicas para cada fase e região;
  • A trilha sonora é impecável;
  • Ótima dublagem, que ajuda a tornar os personagens secundários tão carismáticos quanto às heroínas.

Contras

  • Algumas fases são desnecessariamente longas;
  • Seria legal trocar de personagem durante a aventura, mesmo que após a conclusão da campanha;
  • Ausência de textos em português.
Fredom Planet 2 — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisor: Juliana Paiva Zapparoli 
Análise feita com cópia digital cedida pela XSEED Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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