Análise: Expeditions: A MudRunner Game (Multi) eleva as explorações virtuais a um novo nível

Nem todo jogo de carro é sobre velocidade. Expeditions: A MudRunner Game tem a mesma ideia de SnowRunner, que é colocar veículos pesados em terrenos geograficamente hostis para missões de transporte, resgate e reconhecimento.

Da lama ao caos

Em Expeditions, a última coisa que nossos carros verão será o asfalto. Contamos com máquinas pesadas, como caminhões, jipes e off-roads, para desbravar locais repletos de barrancos, desfiladeiros, riachos, aclives e outros tipos de relevos variados pelas terras de Colorado, Arizona e Cárpatos.

Os comandos são complexos e toda decisão que tomamos influencia na direção do nosso veículo. Se está difícil transpor algum tipo de obstáculo, podemos recalibrar a pressão dos pneus, selecionar diferentes tipos de marcha e alternar o funcionamento da suspensão. É muita coisa para assimilar e felizmente o tutorial deixa cada situação bastante clara, a ponto de assim que um problema específico ocorrer, como atolamentos, o jogador já saber qual decisão tomar.

Vale ressaltar como cada combinação de configuração, aliado ao tamanho do veículo, causa uma diferença impressionante na direção. Aliado a isso, temos a bagagem de equipamentos necessários, que varia com a disposição e acessórios que temos ao nosso alcance, como carretas, plataformas ou apenas um modesto porta-malas.

Podemos levar até quatro carros para uma expedição, sejam eles iguais ou diferentes, e a troca de itens que eles carregam entre si é livre, desde que eles estejam próximos uns dos outros. O mundo aberto também compõe a dificuldade em Expeditions, uma vez que nem toda ribanceira tem a mesma inclinação e obstruções que outras.

Para facilitar nossa vida e evitar ciladas naturais, temos algumas ferramentas que são muito úteis: um guincho que pode ser fixado em pontos firmes para nos ajudar a sair de um atoleiro; o radar, para reconhecimento das proximidades; o drone, para reconhecimento aéreo; o ecobatímetro, que verifica a profundidade de rios e lagos; um detector de metais; e um binóculo, para reconhecimento de pontos distantes.

Outra coisa a ser levada em consideração é o que carregamos no carro. Ter um macaco hidráulico, por exemplo, ajuda a reposicionar o carro em caso de tombamento; já ter combustível e pneus é vital para sair do aperto se estivermos longe do acampamento ou de uma zona de comércio. Tudo tem que ser pensado minuciosamente, pois o nosso inventário varia de acordo com cada máquina.

Todos esses itens nos ajudam a desbravar o cenário e descobrir novos pontos no mapa, e é aí que está a primeira mancada: o mapa de Expeditions é um tanto quanto impreciso ao mostrar pontos de interesse. Não me foi incomum passar do lugar aonde eu precisava chegar ou até encontrar ele sem querer ao tentar ir do ponto A ao ponto B. Em outros casos, era necessário ir para além da área descoberta, em uma busca cega até o ponto de interesse aparecer magicamente.

Além disso, as missões em si são um pouco repetitivas. Elas sempre envolvem reconhecer uma porção do cenário, recolher itens, instalar torres de telecomunicação, resgatar veículos presos, entre outras variantes destas. Isso reforça o fato de o real desafio do jogo estar em transpor os caminhos necessários, e não realizar as missões de fato.

Por fim, há uma pequena injustiça no que diz respeito aos conteúdos extra. Comprar a versão mais cara de Expeditions: A MudRunner Game dá ao jogador alguns veículos extras que são extremamente mais potentes que os da versão base. Eu sei que isso é um diferencial para vender o pacote mais robusto, mas chega a ser gritante a diferença de velocidade, força e consumo de combustível dos carros especiais quando comparados com os regulares.

Que beleza é a natureza

As paisagens de Expeditions dão um show à parte, o que deixaria qualquer explorador satisfeito e entretido em apenas dirigir pelos desertos e florestas a esmo, sem um objetivo.

Mais uma vez, a física apurada faz valer cada trajeto desbravado, e a sensação de passarmos por cada pedrinha existente é bem real. Tudo isso é acompanhado por ótimos gráficos, que reproduzem rochedos, montanhas, gravetos, a água dos rios e até a poeira após passarmos por algum lugar. Dá para ter uma boa impressão também quando conseguimos ter um ponto de vista mais amplo, como quando usamos o binóculo e o drone.

Os carros também ganharam um nível de detalhes bastante técnico. É possível ver a diferença do tamanho dos pneus ao alterarmos sua pressão, bem como os eixos dos carros se movendo de maneira independente ao acionarmos o bloqueio de diferencial.

Também podemos mudar as pinturas dos nossos batedores de terreno com opções variadas, além de variar seu equipamento geral, como para-choques, quebra-matos, carretas, protetores laterais e superiores, snorkels, entre outros. E isso dá um aspecto mais bruto a carros que já estão prontos para encarar qualquer tarefa.

É nessas horas que faz falta um Modo Foto, para aproveitar toda essa bela composição que Expeditions oferece aos jogadores. Não chega a ser um defeito grave, mas também não dá para deixar de citar como uma oportunidade desperdiçada.

Paraíso off-road

Para quem gosta de jogos com exploração avançada, Expeditions: A MudRunner Game é um prato cheio. Os comandos variados para cada terreno criam uma gama de opções que tornam cada interação única, e isso fica melhor ainda com as paisagens bem-construídas.

Prós

A física do jogo é que traz o desafio apurado;
Passa uma ótima sensação de pilotagem;
Uma série de itens que farão o jogador buscar uma abordagem criativa para cada missão;
Paisagens e movimento dos carros com alto detalhamento.

Contras

As missões são bastante repetitivas, com poucas variantes;
O mapa causa diversas imprecisões e atrapalha em alguns momentos;
Quem comprar a versão básica do jogo terá uma evolução significativamente mais lenta em comparação com os bundles mais caros;
O jogo poderia ter um Modo Foto.

Expeditions: A MudRunner Game — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS4

Revisão: Davi Sousa

Análise feita com cópia digital cedida pela Focus Entertainment