Análise: Berserk Boy (Multi) é um dinâmico e divertido jogo de ação inspirado em Mega Man Zero/ZX

Focando na agilidade como base, temos um jogo de ação viciante, recompensador e carismático.

em 05/03/2024
Nos últimos anos, vimos muitos jogos indies inspirados em Mega Man, cada um tentando trazer alguma novidade a uma fórmula tão querida por nós. Títulos como Gravity Circuit, 30XX e a série Azure Striker: Gunvolt ajudam a matar a saudade pelo “blue bomber”, e Berserk Boy é mais um que se destaca entre os excelentes herdeiros da franquia da Capcom. Desenvolvido pela BerserkBoy Games, estúdio composto por diversos talentos do meio indie e de fan games, temos uma aventura frenética e divertida que desafia aqueles que buscam por dificuldade e agrada quem procura por algo mais acessível.

O menino enraivecido

Berserk Boy apresenta uma história simples e direta. Controlamos Kai, um garoto que, junto com sua amiga Dizzie, está em busca de Orbes Berserk, artefatos esféricos que concedem poderes àqueles que os merecem. Ambos fazem parte do grupo de resistência contra Dr. Genos, um cientista obcecado pelo poder dos orbes. Os dois são separados num ataque inimigo e, diante da situação, o rapaz conhece Fiore, um sábio pássaro falante. Eles se unem para deter o protagonista e sua equipe, que ameaçam a cidade de New Hope.

A missão principal de Kai é estruturada de forma linear. Devemos passar por fases divididas em três atos, com chefes menores entre cada uma e os inimigos principais no final de uma zona. Derrotando o manda-chuva, obtemos um Orbe Berserk de algum elemento, o que nos proporciona novas possibilidades de movimentação e combate contra as Sombras, as criaturas que tentam nos parar a qualquer custo.

Cada elemento tem uma investida como ataque principal, mas cada forma muda o jeito que ele é executado. Por exemplo, a forma de trovão é fácil de controlar e ataca em oito direções, enquanto a forma de fogo é mais específica pois o protagonista vira um tornado indomável que só vai na horizontal. As habilidades secundárias também variam entre as formas elementais, como o ninja de gelo que lança kunais de longe e o berserk de fogo que faz combos com as garras.

As fases são parecidas com as da duologia Mega Man ZX, com trajetos quase sempre lineares e cheios de obstáculos, e alguns combates obrigatórios. Para variar e incentivar a revisitar os atos, há bifurcações que escondem segredos como medalhas Berserk — uma quantia delas é necessária para terminar o jogo — e reféns rebeldes que liberam desafios extras.

Os desafios de plataforma exigem o uso das habilidades específicas de cada forma, como furar algumas paredes como berserk de fogo ou voar como berserk de ar enquanto tiver energia. Em vários momentos será preciso trocar de elementos rapidamente para passar por algumas partes, o que pode ser feito em tempo real ou por um menu radial que pausa a ação.

Ao terminar cada ato, recebemos um ranking que mede nossos combos e tempo, e as mortes reduzem a pontuação. Não é muito difícil conseguir um A, mas um S requer um desempenho impecável. Podemos usar uma loja para melhorar nossas ferramentas com novos movimentos e upgrades de vida.

Infelizmente, um ponto importante que o jogo deixa a desejar são as batalhas contra chefes. As lutas contra os capangas principais de Dr. Genos são legais, mas os chefes menores se repetem pelo menos uma vez, e o segundo confronto é só uma versão mais difícil do primeiro.

Berserk Boy é um jogo bem acessível, com duas opções de dificuldade: uma moderna com checkpoints e vidas infinitas, e outra clássica com sistema de vidas. Além disso, há uma opção no menu para ligar a invencibilidade total.

Pixel art sem muito charme

A apresentação visual de Berserk Boy é feita utilizando pixel art em alta resolução, num estilo similar aos jogos de Nintendo DS. Há uma consistência entre as áreas, que apresentam uma estética futurista mesclada com outros biomas, como uma floresta mecânica e um templo nipônico abandonado. A direção de arte é bem simples e não se destaca na maioria das vezes.

A parte de animação é excelente, com movimentos que contam com diversos quadros para dar uma sensação de impacto. As investidas em inimigos e os ataques especiais são acompanhados por movimentações estilosas, sem prejudicar a leitura do que está acontecendo na tela.

O estilo dos personagens, e também das artes mais elaboradas, se assemelha aos desenhos animados americanos dos anos 2000, com alguns toques de anime nos cabelos e nas roupas, mas com um traço mais estilizado e angular.

Um destaque bem alto de Berserk Boy é a parte musical, que conta com compositores conhecidos da cena indie, como Tee Lopes, o português responsável pela trilha sonora de Sonic Mania (Multi) e Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge (Multi). A forma como os temas foram compostos é bem interessante, com um tema-base para cada fase enquanto cada ato tem um remix diferente.

GO BERSERK!!!

Berserk Boy é frenético e satisfatório. Mesmo que os desafios se tornem repetitivos, realizar um combo bem executado e chegar ao final de uma sessão de forma perfeita é muito gratificante. É na jogabilidade que o título se destaca, já que a parte gráfica não é tão marcante. Recomendadíssimo para fãs de jogos de ação 2D e para aqueles que sentem falta das vertentes Zero e ZX de Mega Man.


Prós:

  • Mecânica de investidas bastante satisfatória;
  • As seis formas berserk trazem uma variedade muito bem-vinda à jogabilidade;
  • Ótima trilha sonora, que conta com compositores muito talentosos;
  • História bem-humorada, mesmo com seus clichês.

Contras:

  • Direção de arte não é marcante;
  • Chefes menores desinteressantes;
  • As duas últimas formas Berserk são bem limitadas.
Berserk Boy — PC/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela BerserkBoy Games

Estudante de enfermagem de 25 anos, está nesse mundo dos joguinhos desde criança. Fã de games com vibe mais arcade e arqueólogo de velharias, mas não abandona experiências mais atuais. Acompanha a mídia de podcasts, dublagem e ouvinte assíduo de VGM. Pode ser encontrado como @AlecFull e semelhantes por aí.
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