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Neo Geo: os maiores jogos do rei dos fliperamas por ano

A principal plataforma da SNK durou 14 anos, apresentando o melhor da experiência dos arcades.

em 10/02/2024
A SNK, uma das empresas do variado ramo de fliperamas, teve uma ideia interessante que visava lidar com o custo de desenvolver novos jogos. Como cada jogo precisava de uma placa complexa que mal poderia ser reutilizada em outros projetos, a empresa criou o Neo Geo, um sistema unificado similar ao de um console, mas que podia receber melhoria através dos jogos que vinham com suas próprias adições de vídeo e áudio.


O Neo Geo MVS rapidamente conquistou diversos mercados pelo quão barato era sustentar esses jogos em fliperamas, especialmente em mercados emergentes, enquanto a sua versão console, AES, era extremamente cara. Durante 14 anos no mercado — praticamente duas gerações e meia de videogames —, fomos beneficiados com diversos títulos e uma grande leva de jogos de luta.

Como os especiais do Mega Drive, cada ano terá três títulos de destaque (exceto um específico e os anos finais, que não tiveram muitos jogos lançados).

1990: um início ambicioso

O começo do Neo Geo foi focado em apresentar belíssimos visuais, superiores a qualquer console 16-bits de sua época. A variedade de gêneros também era um destaque, e a maioria dos jogos foram desenvolvidos pela própria SNK — algo que se tornaria padrão na trajetória do sistema. Entre os 11 títulos lançados, os destaques são:

League Bowling (SNK): título de boliche que apresenta algumas vantagens iniciais da plataforma, através de animações fluidas e efeitos de zoom bem aplicados. A mecânica no geral é bem tradicional, apresentando dois modos diferentes.

Magician Lord (Alpha Denshi): jogo de plataforma e ação, é um dos clássicos do Neo Geo. No controle do mago Elta, devemos passar por algumas fases usando os poderes que mudam nossa aparência e forma de atacar. Apesar de um pouco travado e algumas fases possuírem estruturas confusas, é uma aventura divertida;

The Super Spy (SNK): abusando das capacidades de escalonamento de sprites, The Super Spy é um jogo de ação com visão em primeira pessoa, no qual devemos derrubar os inimigos pelo caminho utilizando os próprios punhos ou armas enquanto devemos explorar os ambientes para salvar reféns.

1991: continuando e expandindo

A quantidade de jogos lançados nesse ano cresceu consideravelmente, assim como a variedade de gêneros. King of Monsters, Eight Man e Blue’s Journey são títulos interessantes lançados em 1991, e os três destaques são:

Crossed Swords (Alpha Denshi): jogo que é bem similar à ideia de The Super Spy. Vamos andando automaticamente enquanto devemos atacar e defender numa perspectiva em terceira pessoa. Para aprimorar a jogatina, é possível comprar armas e itens durante a aventura;

Fatal Fury (SNK): a primeira tentativa de um jogo de luta pela SNK foi aqui. Apesar de o primeiro Fatal Fury não ter envelhecido muito bem, já introduziu parte da história que seria seguida em lançamentos futuros e, principalmente, na estreia de Terry Bogard e Geese Howard;

Sengoku (SNK): beat ‘n up com uma temática bem curiosa de cidade moderna com folclore japonês, podemos contar com transformações de espíritos adquiridos durante a campanha, além de armas que são adquiridas por esferas.

1992: o início do rei dos jogos de luta

Após o sucesso de Street Fighter II e o lançamento de Fatal Fury, a SNK passou a investir em jogos de luta. Este ano também marcou o primeiro lançamento fora da SNK e da Alpha Denshi, através de Andro Dunos da Visco. Last Resort, Viewpoint e World Heroes marcaram o ano, assim como:

Art of Fighting (SNK): trazendo um foco mais narrativo aos jogos de luta, algo já experimentado com Fatal Fury, Art of Fighting é um vislumbre visual com sprites enormes, efeito de zoom e hematomas adquiridos durante a luta, dando um detalhismo nunca visto antes. Também não envelheceu tão bem em jogabilidade, mas foi muito importante para o gênero;

Fatal Fury 2 (SNK): seguindo mais a linha de Street Fighter II, o segundo capítulo da lenda dos lobos famintos apresenta mais cinco novos personagens selecionáveis, controles melhores, gráficos lindíssimos e uma trilha sonora de destaque;

Super Sidekicks (SNK): iniciando a série de jogos de futebol da SNK, Super Sidekicks foca em uma experiência mais descompromissada, com visuais e animações caprichadas e alguns exageros que com certeza não seriam permitidos numa partida real.

1993: uma pisada no freio

Poucos jogos foram lançados em 1993, tais como Sengoku 2, Spin Master e Fatal Fury Special, mas um deles já foi um dos melhores da plataforma:


Samurai Shodown (SNK): iniciando uma nova franquia para a SNK, o primeiro embate entre espadachins já veio apresentando uma proposta diferente para o gênero, focado em combates mais lentos que exigem precisão nas ofensivas. Com personagens cativantes e uma apresentação estilosa, certamente é um dos destaques do gênero;

World Heroes 2 (ADK): o primeiro World Heroes tinha suas falhas na jogabilidade, mas o segundo melhorou consideravelmente as lutas e os gráficos. Trazendo um elenco de personagens vasto e tão inusitado quanto o primeiro, vale a pena dar uma olhada.

1994: entram os convidados

A quantidade de títulos lançados em 1994 superou o dos anos anteriores, além de uma aparição ainda maior de third parties como Data East e Taito. Com jogos como Aggressors of Dark Kombat, Karnov’s Revenge, Super Sidekicks 2 e Top Hunter, tivemos:

Bust-A-Move (Taito): spin off de Bubble Bobble, em que o objetivo é estourar bolhas da mesma cor, buscando combos para levar o maior número possível;

Samurai Shodown II (SNK): a continuação que melhorou tudo do antecessor. Temos mais personagens, um refinamento maior da jogabilidade e gráficos ainda mais bonitos. É considerado o melhor da franquia por muitos fãs;

The King of Fighters ‘94 (SNK): o início da maior franquia da SNK começou em 1994, de forma bem simples. Juntando várias franquias da casa em um estilo de combate três contra três alternadamente em uma jogabilidade mais dinâmica, KOF começou de forma promissora.

1995: a casa dos jogos de luta

Se a quantidade de jogos de luta estava aumentando nos anos anteriores, 1995 marcou o Neo Geo como a casa para os jogos do gênero, pois além de títulos da SNK, outras desenvolvedoras também foram atrás da plataforma para embarcar na onda. Entre Kabuki Clash, Real Bout Fatal Fury, Samurai Shodown III, Savage Reign e The King of Fighters ‘95, tivemos:

Double Dragon (Technos): jogo de luta baseado na franquia de beat ‘n up e no filme de 1994, apresenta uma mecânica de comeback por meio de um indicador que enche conforme a vida do lutador vai ficando mais baixa;

Fatal Fury 3: Road to the Final Victory (SNK): apesar de Real Bout melhorar a parte mecânica deste, Fatal Fury 3 possui um estilo sem igual para a franquia, desde a tela de seleção de personagens até os belíssimos cenários, além da excelente trilha sonora;

Pulstar (Aicom): shoot ‘n up fortemente inspirado em R-Type mecanicamente, é uma das maiores demonstrações técnicas da plataforma com o uso de elementos pré-renderizados e animações fluidas.

1996: heavy machine gun!

O sexto ano do Neo Geo trouxe alguns títulos notáveis como Art of Fighting 3, Magical Drop II, Neo Turf Master, Samurai Shodown IV, Twinkle Star Sprites e Waku Waku 7, e a qualidade técnica da plataforma estava cada vez mais em destaque. Os três jogos desta lista são:

Kizuna Encounter: Super Tag Battle (SNK): trazendo o elemento do Tag, uma novidade para os jogos de luta, a sequência de Savage Reign abandonou a ideia dos planos a favor de um dinamismo maior na jogabilidade;

Metal Slug (Nazca/SNK): uma das franquias mais populares da SNK começou em 1996, apresentando um run ‘n gun com animações absurdas e um carisma inigualável, muito pelo quão caricata é a guerra apresentada;

The King of Fighters ‘96 (SNK): este capítulo de 1996 deu uma guinada para The King of Fighters, apresentando uma jogabilidade única perto dos antecessores, além de um foco bem interessante na história. A franquia seguiu as bases instauradas deste jogo por vários anos.

1997: entre a peleja e os quebra-cabeças

Uma quantidade bem grande de puzzles foram lançados em 1997, como Magical Drop III, Money Idol Exchanger e The Irritating Maze. Os destaques são:

Shock Troopers (SNK): jogo que mistura run ‘n gun de visão superior com beat ‘n up, Shock Troopers apresenta ação ininterrupta, com direito a set pieces e personagens diversos para selecionar;

The King of Fighters ‘97 (SNK): o encerramento da saga Orochi trouxe o sistema Advanced pela primeira vez, um elenco icônico e um combate que, mesmo muito quebrado, é extremamente divertido;

The Last Blade (SNK): uma nova franquia apresentada pela SNK e um dos jogos mais belos do Neo Geo, o jogo de luta com armas se afasta de Samurai Shodown pela velocidade dos combates e aborda um período histórico distinto.

1998: o iminente adeus

A situação financeira da SNK começou a se complicar a partir de 1998, mas a qualidade não decaiu com as vindas de Metal Slug 2, Breakers Revenge e Shock Troopers 2nd Squad — apesar de a quantidade já ter diminuído;

Blazing Star (Yumekobo): continuação espiritual de Pulstar, o jogo oferece seis pilotos diferentes que têm seus padrões de ataque, abandonando completamente as influências de R-Type;

The King of Fighters ‘98 (SNK): o ápice da era clássica de KOF aconteceu em 1998, numa edição que pegou as ideias apresentadas no ano anterior e as aprimorou, contando com um elenco absurdo, gráficos belos e trilha sonora que presta homenagem à história da SNK;

The Last Blade 2 (SNK): o capítulo final da duologia, The Last Blade 2 refinou as mecânicas do antecessor e melhorou toda a parte técnica, sendo um dos jogos 2D mais bonitos já feitos.

1999 - 2001: o fim da SNK

A SNK entrou em falência em 2000, mas lançou alguns clássicos lembrados até hoje durante esse período, como The King of Fighters ‘99 e 2000, Metal Slug X e Prehistoric Isle 2. Os destaques são:

Garou: Mark of the Wolves (SNK): ambientado dez anos após os eventos de Real Bout, Garou apresenta uma nova geração num jogo absurdamente belo tecnicamente, num hardware com quase dez anos de existência. Apostando em uma jogabilidade mais técnica e próxima de Street Fighter III, certamente é um título de destaque da biblioteca do Neo Geo;

Metal Slug 3 (SNK): a conclusão da trilogia inicial de Metal Slug foi a lugares ainda mais exagerados, com direito a batalhas épicas contra alienígenas e zumbis, contando com animações incríveis e muita criatividade. Até hoje se questiona se esse ou o 2/X é o melhor da franquia;

Sengoku 3 (Noise Factory): apesar de ser o terceiro da série, ele é bem diferente dos seus antecessores. Ainda sendo um beat ‘em up, ele foca em um sistema de combate mais completo com direito a combos diversos utilizando comandos especiais.

2002 - 2004: a sobrevida

O Neo Geo continuou recebendo alguns títulos de estúdios remanescentes da SNK neste período, até a volta da empresa com o nome SNK Playmore, mas o hardware estava demonstrando sua tecnologia defasada. The King of Fighters seguiu com as edições de 2002 e 2003, assim como SVC Chaos: SNK vs. Capcom e Metal Slug 4 e 5. Os destaques aqui são:

Rage of the Dragons (Evoga/Noise Factory): título que era para ser uma continuação daquele Double Dragon de luta, acabou tendo sua própria personalidade. Apresentando personagens bem exóticos e um sistema de combate baseado em tag e combos pré-montados, é um jogo interessante;

Matrimelee (Noise Factory): a excêntrica franquia Power Instinct recebeu uma versão para Neo Geo, apresentando bastante humor e um elenco diverso de personagens. Também é uma conquista técnica do sistema, tanto pela parte visual quanto pelas diversas músicas cantadas que tocam durante as lutas;

Samurai Shodown V Special (Yuki Enterprise): após uma recepção morna do quinto capítulo de Samurai Shodown, a versão especial corrige os problemas enquanto adiciona mais personagens e novos movimentos, assim como uma violência ainda maior com a adição das finalizações.

“The Future is Now”

O legado construído no Neo Geo persiste até os dias de hoje, sendo a fase mais importante da SNK e que fundou o sucesso da empresa. Com um sistema duradouro e grandes franquias criadas, muito se deve agradecer ao rei dos fliperamas.

Revisão: Vitor Tibério

Estudante de enfermagem de 25 anos, está nesse mundo dos joguinhos desde criança. Fã de games com vibe mais arcade e arqueólogo de velharias, mas não abandona experiências mais atuais. Acompanha a mídia de podcasts, dublagem e ouvinte assíduo de VGM. Pode ser encontrado como @AlecFull e semelhantes por aí.
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