Final Fantasy VII Rebirth será lançado para PS5 no final deste mês, em 29 de fevereiro. Para exaltar seu exclusivo, a Sony até fez uma State of Play dedicada a ele, apresentando a diversidade que o jogo promete trazer. De quebra, foi liberada uma demonstração gratuita para sentirmos um gostinho do que nos espera.
Na verdade, serão duas demos:
- A queda de um herói em Nibelheim
- Despertar da nova era em Junon.
A primeira, da qual falarei agora, é bem mais contida do que os trailers indicam, sendo totalmente linear. A segunda será lançada no dia 21 de fevereiro e trará vários personagens jogáveis em uma das partes de mundo aberto que o jogo proporcionará. Esta última será um recorte modificado e seu progresso não será aproveitado para a campanha final. Para jogá-la, será necessário ter completado a primeira, então vamos ver o que ela tem?
Antes, um nota técnica: a demonstração tem enormes 48gb de tamanho, o que é um terço dos colossais 145gb de espaço que o jogo final ocupará no PS5. Pelo que podemos entender, essa mesma instalação será utilizada para a segunda demo, que virá como uma atualização à primeira.
A queda de um herói em Nibelheim
Essa demonstração dura em torno de uma hora e meia e faz parte do capítulo inicial de FF7Rebirth, mas é bem reveladora. Algo contado tão no início do jogo não deve ser considerado spoiler, mas dividirei este texto em duas partes: uma descritiva, com comentários mais gerais, e outra mencionando a parte narrativa.
Primeiro, é bom salientar que a Square Enix espera que o novo título seja acessível para novos jogadores, embora seja a parte do meio de uma trilogia. Para ajudar a conhecer a história, o menu inicial tem a opção “A história até então”, que recapitula os acontecimentos de Final Fantasy VII Remake. Esta é uma versão um pouco estendida de um trailer já divulgado, em que Red XIII conta de forma bastante direta o contexto principal do jogo de 2020.
Do meu ponto de vista de alguém que conhece bem a saga, esse resumo parece bastante eficaz e acho que até quem nunca jogou algo relacionado poderá entender o principal, mas é sempre difícil avaliar o quanto essas pessoas poderão captar a importância e a carga emocional de cada coisa. Por outro lado, quem jogou apenas o remake e precisa relembrar o pano de fundo, atingirá esse objetivo sem problemas.
Voltando ao menu, a demo também é generosa em colocar as configurações gerais à disposição, desde a escolha do nível de dificuldade (Fácil e Médio), até os modos gráficos (o de sempre do PS5: Gráficos prioriza resolução e Desempenho prioriza taxa de quadros por segundo). É possível ainda selecionar entre quatro idiomas de dublagem (inglês, japonês, francês e alemão) e oito de legendas, o que inclui português brasileiro.
Perigos do monte Nibel
Na prática, a primeira demonstração é um flashback e funciona basicamente como um tutorial. Temos pouco controle efetivo e apenas guiamos o protagonista Cloud por uma pequena cidade chamada Nibelheim antes de começarmos o caminho de subida da montanha escarpada que a cerca.
Além de uns poucos itens, também encontramos algumas Materias pelo caminho, mas são peças simples para ensinar a equipar essas esferas de poder.
No percurso, há mais personagens nos acompanhando, mas apenas um deles é jogável e acompanha Cloud em batalhas: o próprio Sephiroth, alguém que já enfrentamos no final de Final Fantasy VII Remake. Juntos, eles destroçam os monstros que têm infestado o local. Mesmo que ambos estejam no nível 40, Sephiroth é o mais forte dos dois, por motivos narrativos — ele é o SOLDIER mais poderoso, afinal.
Como é tudo um flashback, a experiência e itens obtidos aqui não importarão para a campanha, mas o caráter autocontido desse trecho permite que seja aproveitado de forma a não ser necessário repeti-lo no jogo final, sendo possível pular todo esse segmento.
Assim, seguimos por cenários montanhosos desoladores ouvindo os personagens conversarem, com destaque para a jovem Tifa de roupinha de cowgirl, servindo de guia para o grupo. As lutas progridem para dar oportunidade de testar as opções de combate, tanto de combos, defesa, esquiva e os ataques especiais, que são as Magias, as Habilidades e os Limites.
Tendo dois personagens na luta, podemos alternar entre eles ou manter o controle de apenas um e emitir comandos ao outro sem precisar assumir seus movimentos. A mistura de combate em tempo real com opções de menu em câmera lentíssima funciona tão bem quanto no jogo anterior.
A novidade em combate fica por conta dos golpes em dupla. Existem tanto os normais (Ações de Sinergia), que não têm custo, quando os especiais (Habilidades de Sinergia), que surgem na demo em um momento específico e, por isso, seu único efeito positivo é a cena legal de interação entre os atacantes, mas que não serve para sentir como seria seu uso tático em batalha.
Para os golpes em dupla normais precisamos apenas segurar o botão de defesa e escolher, sem pausa, o comando que surge no menu. Achei interessante que eles não são partilhados pela dupla, mas dependem de quem controlamos. Assim, os dois que Cloud pode realizar com Sephiroth são diferentes do que Sephiroth pode executar com Cloud, o que é benéfico para a variedade do combate.
Para coroar tudo, temos uma batalha contra chefão. Nada na demo é realmente difícil e poucas vezes precisei atentar para a saúde dos personagens e pensar em curá-los em meio às lutas. Ainda que o desafio não tenha sido relevante, temos as belas cenas coreografadas que entremeiam a gameplay nas pelejas mais importantes, o que dá um ritmo variado à ação e uma sensação de grandiosidade.
Não se engane, ainda temos aqui pequenos trechos vagarosos de mover algo aqui e ali ou segurar botões para ativar uma válvula em momentos que parecem querer apenas fingir uma interação ou variar o ritmo da gameplay. São incursões superficiais que não acrescentam qualquer valor à jogatina, então, felizmente, são poucas, mas mostram que devemos esperar mais disso na longa campanha.
Agora, vamos conferir o que a demo traz em termos de história. Se você prefere ver em primeira mão, vá lá jogar.
O projeto Jenova
A demonstração começa diretamente na conversa que o grupo Cloud, Tifa, Aerith, Barret e Red XIII têm ao chegar à cidade de Kalm, após a fuga de Midgar. Eles aproveitam o momento para perguntar a Cloud o que ele sabe sobre Sephiroth.
No original, Cloud diz que já havia estado em batalha com o herói da SOLDIER diversas vezes e haviam se tornado amigos. Na demo, porém, ele explica que aquela era a primeira vez que trabalharia com seu ídolo.
A cena mostra o caminhão que os leva até a missão na cidade natal de Cloud, Nibelheim. Passamos por personagens como Claudia, mãe de Cloud; o pai de Tifa e também seu mestre de artes marciais, Zangan.
Isso aconteceu cinco anos atrás, quando ele ainda tinha 16 anos. Tudo o que vemos aqui segue o que está no jogo original e finaliza na famosa imagem em que Sephiroth dá as costas a Cloud e atravessa as chamas. A demo acaba, mas esse ainda não é o fim do relato, o que leva a crer que teremos a extensão desse trecho ainda no capítulo um de Rebirth, completando a tragédia.
Enquanto o enredo é basicamente o mesmo, várias falas são bem diferentes, algumas mais reveladoras, outras menos. Em todo caso, é aqui que vemos como a descoberta de Sephiroth sobre sua origem mudou sua personalidade e o tornou um destruidor vingativo e megalomaníaco. Ele se vê como um monstro criado em laboratório para os propósitos de humanos insanos como Hojo e parte em seu rastro de morte.
Comparando com o jogo original, senti que essa parte deixou de lado detalhes sobre o professor Gast, antecessor de Hojo, e sobre como os antigos Cetra ocuparam o Planeta de forma positiva e fecunda, o que foi desfeito pelos que vieram depois, especialmente com o advento do poder da ShinRa.
Com certeza haverá muito espaço para desenvolver esses pontos no decorrer da campanha, então provavelmente foi melhor evitar excesso de exposição no capítulo inicial para evitar sobrecarregar os que estão vendo a continuação da história pela primeira vez ou que dão agora seus primeiros passos na série.
Este é apenas o começo
Essa demonstração linear mostra os belos visuais do jogo e algumas pequenas adições ao combate que já era bom. A segunda, porém, deverá ser mais dinâmica em mostrar as ambições de Final Fantasy VII Rebirth, então não vejo a hora de poder testá-la no dia 21 de fevereiro.
Talvez eu consiga me conter e deixe para experimentar tudo no jogo final, que será lançado apenas oito dias após essa data. Minha única certeza é que esse é um dos meus títulos mais para mim e colocarei minhas mãos nele no dia do lançamento para curti-lo com a devida calma.