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Análise: Toaplan Arcade Shoot ‘Em Up Collection Vol. 3 (PC) reúne quatro ótimos títulos da época dos fliperamas

Teste suas habilidades em quatro jogos que resgatam a adrenalina de ficar o máximo de tempo possível sem perder uma ficha.

A Toaplan foi uma desenvolvedora de games japonesa com bastante atividade nas décadas de 1980 e 1990. Fundada por Kiyoshi Motoyoshi em abril de 1979, a empresa ganhou destaque por seus jogos de arcade, muitos dos quais se tornaram clássicos no gênero de jogos de tiro (shoot ‘em up).

A Toaplan foi responsável por criar alguns dos jogos mais icônicos da era de ouro dos arcades, como Tiger-Heli, Zero Wing, Hellfire e o saudoso Truxton. Seus títulos frequentemente apresentavam jogabilidade intensa, gráficos vibrantes e trilhas sonoras memoráveis.

Infelizmente, devido a dificuldades financeiras durante a década de 1990, a Toaplan declarou falência e encerrou suas operações em março de 1994. Embora o estúdio tenha desaparecido, seus jogos continuam sendo lembrados e apreciados por entusiastas de jogos retrô e colecionadores de arcades. Muitos dos títulos da Toaplan foram relançados em várias plataformas ao longo dos anos, permitindo que novas gerações de jogadores experimentem esses clássicos.


Nos últimos anos, alguns desses jogos foram relançados em coletâneas sob a curadoria do estúdio sueco BitWave Games, que na data de hoje está lançando o terceiro volume de jogos da japonesa. A Toaplan Arcade Shoot ‘Em Up Collection Vol. 3 reúne mais quatro títulos icônicos que nos transportam de volta aos áureos tempos em que a adrenalina de fazer nossa ficha render em uma partida era uma sensação inestimável. Hora de conferir um pouco mais na análise a seguir.

De 1985 a 1993

Assim como os dois volumes anteriores, lançados em fevereiro e agosto de 2023, respectivamente, a Toaplan Arcade Shoot ‘Em Up Collection Vol. 3 também traz quatro títulos do gênero shoot ‘em up — os jogos de navinha, como gostamos de chamar aqui no Brasil —, um dos mais consagrados da época dos fliperamas durante as décadas de 1980 e 1990, juntamente com os run ‘n gun (Contra, Metal Slug), os beat ‘em ups (Final Fight, TMNT) e os de luta (Street Fighter II, Mortal Kombat). São eles:

Tiger-Heli (1985)

Tiger-Heli é um jogo de tiro vertical lançado originalmente para arcades em 1985 e posteriormente portado para várias plataformas, incluindo Nintendo Entertainment System (NES). Nele os jogadores controlam um helicóptero e enfrentam hordas de inimigos enquanto percorrem níveis que se movem de cima para baixo na tela. A jogabilidade é bastante simples, com os jogadores atirando em inimigos e evitando projéteis para avançar pelos estágios.


O jogador possui controle total sobre o movimento do helicóptero, permitindo-lhes desviar de ataques inimigos enquanto atiram. O helicóptero também possui a capacidade de soltar bombas, que podem ser usadas estrategicamente para atingir alvos terrestres; ao longo de vários níveis com designs variados, desde ambientes urbanos até instalações militares. Os inimigos incluem uma variedade de veículos terrestres, aeronaves e defesas fixas.

Para a época, Tiger-Heli apresentava gráficos razoavelmente bons, com sprites detalhados e ambientes variados. A trilha sonora do jogo é simples — até demais —, mas contribui para a atmosfera do jogo. Teve uma boa recepção à época de seu lançamento, conquistando uma base de fãs considerável, rendendo um port para o NES em 1986, tornando o jogo mais popular e contribuindo para a reputação da Toaplan como desenvolvedora de jogos de tiro.

Embora Tiger-Heli talvez não seja tão lembrado quanto alguns outros títulos clássicos da empresa, ele ainda é reconhecido como um jogo sólido do gênero. A simplicidade da jogabilidade e a nostalgia associada ao período áureo dos arcades contribuem para a posição especial que Tiger-Heli ocupa na história dos jogos, especialmente para entusiastas do gênero.

Vimana (1991)

Vimana foi lançado originalmente em 1991 para arcades e também traz uma dinâmica de tiro vertical. Até dois jogadores controlam naves espaciais antigas com uma sutil inspiração na cultura indiana, enfrentando ondas de inimigos.


Assim como muitos jogos do gênero, Vimana oferece power-ups que os jogadores podem coletar para fortalecer seu tiro principal e causar mais dano nos inimigos e chefes. Esses elementos incentivam a exploração do espaço de jogo e adicionam dinamismo à experiência.

Os níveis em Vimana são conhecidos por seu design desafiador, apresentando uma variedade de ambientes e inimigos. Gráficos vibrantes e detalhados, típicos dos jogos Toaplan da época também são um destaque. A trilha sonora, como é comum nos jogos da empresa, é intensa e complementa bem a ação em tela.

Embora Vimana possa não ser tão conhecido quanto alguns outros títulos da Toaplan, ele ainda é lembrado e apreciado pelos fãs de jogos de tiro clássicos. A Toaplan tinha uma reputação sólida na criação de jogos desafiadores e Vimana contribui para essa herança, oferecendo uma experiência envolvente e intensa para os amantes do gênero.

Fixeight (1992)

Fixeight foi lançado originalmente em 1992 para arcades e, assim como Vimana, também não recebeu nenhum port para outras plataformas. Fixeight é notável por suas características únicas dentro do gênero de jogos de tiro, tornando-se um título cult entre os entusiastas de jogos clássicos.


Apesar de trazer as mesmas características dos demais jogos da coletânea, Fixeight pode ser melhor categorizado como um run ‘n gun, pois, em vez de controlar aeronaves, os jogadores podem escolher entre oito personagens jogáveis, cada um com seu próprio estilo de tiro, trazendo uma abordagem um pouco mais estratégica ao jogar. Além disso, a tela não se move de forma constante, como os demais jogos do pacote.

Além do tradicional “atirar e desviar de tiros”, Fixeight incorpora elementos táticos, como a capacidade de troca entre diferentes formações de ataque durante o jogo. Essa mecânica adiciona profundidade estratégica à jogabilidade. Ao pisar em uma plataforma colorida, o combatente pode alternar entre atacar em oito direções ou manter um ataque fixo para frente. Ao fazer isso, a arma do personagem também muda seu padrão de tiro.

Fixeight é um jogo desafiador, com inimigos numerosos e padrões de ataque complexos, oferecendo uma experiência difícil, mas recompensadora para os jogadores habilidosos. Dentre todos os jogos da coletânea, este é o que se mostra mais interessante ao jogar em modo cooperativo, graças ao suporte para três jogadores.


Embora Fixeight não seja tão amplamente reconhecido como alguns outros títulos da Toaplan, ele conquistou uma base de fãs ao longo dos anos devido à sua abordagem única no gênero e à qualidade de sua jogabilidade. Já vi menções sobre o jogo em vídeos no YouTube e até alguns trechos de gameplay. Mas depois de jogá-lo pude comprovar que ele é realmente muito bom e agora compreendo melhor o apreço por ele.

Batsugun (1993)

Batsugun foi lançado originalmente para arcades em 1993. Em relação a ports para outras plataformas, possui versões para PS4 e Switch baseadas na edição do game para o Sega Saturn em 1997, Batsugun Saturn Tributed, lançada exclusivamente no Japão.

Batsugun é conhecido por sua abordagem inovadora no gênero de jogos de tiro. Ele é um dos jogos que introduziu o conceito de “danmaku” ou “bullet hell”, caracterizado por padrões intensos e densos de projéteis na tela, exigindo que os jogadores naveguem habilmente por uma chuva de balas oriundas dos inimigos.


Nesta coletânea, Batsugun traz dois modos de jogo sutilmente diferentes: Normal e Special. Cada modo oferece uma experiência de jogo com diferentes níveis de dificuldade e variações nos padrões de tiros inimigos, proporcionando maior variedade no gameplay.

Podendo ser jogado por até duas pessoas, cada jogador pode escolher entre três naves diferentes, cada uma com características distintas no que diz respeito ao padrão de tiro. Além disso, cada nave é pilotada por um personagem específico, mas esse detalhe não afeta o gameplay de modo algum.


Assim como outros jogos da Toaplan, Batsugun apresenta um sistema de pontuação complexo. Os jogadores são recompensados por derrotar inimigos de maneiras específicas e por coletar power-ups, incentivando uma jogabilidade estratégica para maximizar a pontuação. Ao derrotar inimigos, a nave pode subir de nível e ficar ainda mais poderosa, proporcionando um verdadeiro caos na tela, principalmente nas lutas contra os chefes.

Batsugun se destaca por seus gráficos vibrantes e bem detalhados, que capturam a estética futurista do jogo e mostram o quanto os jogos da empresa evoluíram visualmente. A trilha sonora contribui para a atmosfera intensa, proporcionando uma experiência audiovisual envolvente.

Considerado um clássico do gênero bullet hell, Batsugun é apreciado por sua dificuldade desafiadora, seu design inovador e suas mecânicas envolventes. Infelizmente, por ter sido lançado durante um período em que a Toaplan enfrentava desafios financeiros, o jogo não chegou a ser tão difundido no mercado, mas conseguiu conquistar uma base de fãs leais e é altamente valorizado pelos fãs do gênero.

Uma vibe retrô com requintes modernos

Assim como outras coletâneas de jogos retrô disponíveis atualmente, a Toaplan Arcade Shoot ‘Em Up Collection Vol. 3 conta com uma emulação que busca reproduzir de forma fiel a experiência proporcionada pela versão original de cada jogo.

A BitWave Games, responsável pelo desenvolvimento, criou uma engine de emulação excelente, com resposta rápida nos comandos e diversos filtros visuais para deixar o produto ao agrado do jogador. É possível jogar em janela, com tela mais esticada e aplicar filtros visuais para deixar os pixels mais agradáveis ou imitar uma tela de TV de tubo.


Dentre os ajustes visuais, destaco a possibilidade de rotacionar a tela de jogo em orientação vertical. Caso seu monitor permita girá-lo, é possível reproduzir o chamado Tate Mode, quando o jogo é executado na orientação vertical. Esse modo era popular em shoot ‘em ups por proporcionar um melhor aproveitamento da tela para os jogos com orientação vertical, como os inclusos neste pacote.

Entre as comodidades, é possível realizar salvamentos rápidos, retroceder ou acelerar a emulação e ainda alterar a decoração da lateral da tela para exibir artes do jogo, imitar um arcade, mostrar informações técnicas como canais de som ou exibir informações adicionais sobre o jogo, como quantidade de pontos para obter vidas ou dicas mais simples. Algo comum nos gabinetes de arcades.

Alterações na dificuldade, modos de treino que permitem testar fases com diferentes personagens ou configurações, e suporte para controles externos fecham a lista de melhorias proporcionadas pelo motor de emulação da coletânea.
Em pelo menos uma ocasião, o uso da função de rewind (rebobinar) quebrou o jogo
Não tenho muitos pontos negativos a destacar nos jogos. Todos são datados e voltados para um público específico que busca conhecer, preservar ou mesmo alimentar a nostalgia dos áureos tempos do fliperama no shopping, quando dávamos muito valor a uma ficha.

Um detalhe que vale ser mencionado é que, assim como os demais volumes, este Volume 3 também traz uma forma ao mesmo tempo conveniente e um pouco desafiadora sobre como o pacote está sendo ofertado. Pode ser puramente uma preferência pessoal, diga-se de passagem.

A coletânea, lançada exclusivamente no Steam, permite que cada um dos jogos seja comprado separadamente. Isso é bom, pois você não fica restrito a pagar pelo pacote completo para jogar apenas o game que realmente deseja. Tomando por base os Volumes 1 e 2, cada um sairia por pouco mais de R$ 100. Individualmente, cada título custa R$ 26,49. Ainda nesse tópico de exclusividade, seria interessante ver este mesmo pacote disponível em outras plataformas, como o Switch, que também aproveitaria as vantagens do Tate Mode, além da portabilidade.

Para os entusiastas desse tipo de produto, de coletâneas, vejo como um plus quando ela vem em um único pacote e traz mais conteúdos para valorizar o conjunto. Coisas como vídeos, galerias com arte e documentos, entrevistas, versões de teste de cada jogo, são elementos que enriquecem a experiência e contribuem para a preservação histórica — no caso, da Toaplan.


De todo modo, isso não é um ponto negativo em relação aos jogos de modo geral. O desempenho da emulação é excelente, e me diverti muito jogando-os para produzir esta análise. Espero que meu relato tenha inspirado você a experimentar um destes jogos, disponíveis a partir de hoje.

Qualidade multiplicada por quatro, volume 3

A Toaplan Arcade Shoot ‘Em Up Collection Vol. 3 oferece uma emocionante jornada nostálgica aos áureos tempos dos fliperamas, trazendo consigo não apenas títulos clássicos, mas também uma emulação cuidadosa que busca preservar a autenticidade de cada experiência original. A engenhosa engine de emulação desenvolvida pela BitWave Games proporciona uma resposta ágil nos comandos, enquanto os diversos ajustes visuais, modos de jogo e recursos adicionais enriquecem a jogabilidade e a personalização da experiência.

Dou um destaque pessoal para o Tate Mode, permitindo a rotação da tela para a orientação vertical, o que demonstra o compromisso em oferecer opções autênticas aos jogadores que desejam vivenciar a nostalgia dos shoot ‘em ups clássicos em toda sua glória. A coletânea não apenas celebra os jogos da Toaplan, mas também os contextualiza em um ambiente contemporâneo, adaptando-se às preferências e tecnologias atuais.
Praticamente um arcade caseiro
Embora a abordagem de oferta individual dos jogos possa ser uma questão de preferência pessoal, a flexibilidade proporcionada aos jogadores é, sem dúvida, um ponto positivo. A possibilidade de adquirir cada título separadamente no Steam permite uma escolha mais direcionada, atendendo aos interesses específicos, e bolsos, de cada jogador.

A Toaplan Arcade Shoot ‘Em Up Collection Vol. 3 não apenas ressuscita os clássicos, mas também oferece uma experiência moderna e adaptável, unindo o melhor dos dois mundos para os entusiastas de jogos retrô. Seja para reviver a intensidade dos shoot ‘em ups, seja para explorar essas joias do passado pela primeira vez, esta coletânea destila o espírito da Toaplan de maneira envolvente e cativante, e acredito que vai agradar você da mesma forma com que fez a mim.

Prós

  • Emulação de ótima qualidade, com respostas rápidas dos controles;
  • Opções visuais variadas que favorecem a personalização, com destaque ao Tate Mode para quem possui um monitor com base giratória;
  • Comodidades como salvamentos rápidos, retrocesso e aceleração da emulação para atender diferentes perfis de jogadores;
  • A opção de comprar cada título separadamente oferece flexibilidade aos jogadores, permitindo que escolham e adquiram apenas os jogos de seu interesse.

Contras

  • Disponível exclusivamente no Steam, limitando sua acessibilidade a quem prefere outras plataformas, como o Switch;
  • Ausência de conteúdos adicionais, como vídeos, galerias com artes e documentos, comuns em coletâneas;
  • Os jogos são datados e direcionados a um público específico que busca reviver a nostalgia dos fliperamas, podendo limitar seu apelo a uma audiência mais ampla.
Toaplan Arcade Shoot ‘Em Up Collection Vol. 3 — PC — Nota: 9.0
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com chaves cedidas pela BitWave Games

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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