Para quem gosta de ação simples e direta ao ponto, Mustache in Hell vem com sua proposta de um twin-stick shooter objetivo, recheado de bom humor e referências. O jogo já havia sido lançado para PC em 2016 pelo estúdio brasileiro IdunaSoft, de Bricky to Me, e agora chega aos consoles.
O bigode de guerra
John Mustache se preparava para uma noite de sono tranquila, mas por algum motivo desconhecido, foi levado para o inferno, como se estivesse em um pesadelo. O Ceifador dá as boas-vindas ao soldado, e promete levá-lo de volta ao mundo real se ele reunir cinco cubos mágicos, que estão guardados por criaturas lendárias, como basiliscos, aranhas gigantes e até o cão infernal Cerberus.
Como o roteiro sempre favorece o mocinho, John foi convenientemente armado para o submundo, e é com esse arsenal que ele passará pelas cinco áreas infernais. A pistola tem munição infinita, mas na hora que as hordas de inimigos aparecem, podemos coletar outras armas com uma quantidade limitada de disparos, como metralhadoras, lança-chamas, granadas e minas.
A jogabilidade não possui segredo: o analógico esquerdo movimenta John Mustache, enquanto o direito comanda a direção dos disparos ininterruptos. Ainda podemos usar os gatilhos para dar um dash evasivo e para utilizar uma arma secundária.
Há a parte de exploração e a de combate. Para tornar cada uma delas identificável, só é possível atirar nas salas que possuem inimigos. As que são apenas para exploração desabilitam nossos disparos. Isso ajuda a não criar aquela sensação de alerta constante à toa. Os segredos a serem descobertos são poucos, mas bem implementados à progressão, sem fazer o jogador ficar revirando um mesmo lugar centenas de vezes só para achar um baú.
O que acaba pegando um pouco pesado são as salas com inimigos, que dificultam a vida de quem está no controle por causa da grande quantidade de monstros em espaços estreitos. Para quem gosta da adrenalina, é uma boa pedida, mas por diversas vezes fica a sensação de que alguns pontos de dano que levamos são um pouco injustos, pois ao circularmos pelo cenário enquanto atiramos, John fica preso em algum canto, ficando sem saída.
Outra coisa a ser salientada é que em vez de cada área apresentar seu próprio conjunto de criaturas, novos tipos de monstros são gradualmente introduzidos, em conjunto com aqueles que já foram encontrados anteriormente. Ou seja, na última área, teremos que lidar com todos os tipos de perigos que encontramos separadamente nos outros lugares, como harpias, demônios gigantes, golens de pedra, cobras que andam em zigue-zague, além de espinhos e serras que ficam se deslocando pelo cenário.
A ideia de aumentar a variedade de ameaças é boa, mas seria mais legal se cada área anterior apresentasse sua própria “fauna monstruosa” e, na última área, todas as ameaças aparecessem juntas.
Os mais perseverantes verão que, mesmo com estas leves emboscadas, as batalhas de chefe até que são divertidas pelo caos que trazem. No fim, Mustache in Hell pode ser concluído em duas horinhas, o que pode ser considerado até que bem curto.
Bigode engraçadinho
Quem já jogou Mustache in Hell no PC anteriormente verá que não há nenhuma diferença deste lançamento para os consoles. Entretanto, quem não conhecia John Mustache, encontrará um típico soldado canastrão dos anos 80.
O bom humor e referências a outros jogos, como Metal Gear Solid, e a heróis do cinema, como Rambo, dão uma dose de carisma ao protagonista, que solta algumas poucas palavras. As frases que aparecem ao exterminarmos cada leva de inimigos também trazem ótimas citações e até memes nacionais. Em contrapartida, fica parecendo que a personalidade dele poderia ser explorada de maneira mais enfática, pois ele passa a maior parte do tempo calado.
Quanto à composição sonora e visual, temos um ótimo casamento do pixel art colorido com músicas mais amenas, que variam entre mais misteriosas para a exploração e agitadas na hora de encher monstros de bala. Só que as salas são sempre as mesmas, então se fechamos o jogo uma vez, ele se torna previsível.
Algo que poderia aumentar a vida útil e criar um fator replay interessante seria ter algum outro modo, como um Boss Rush, ou ter ambientes gerados de maneira aleatória, similar aos que os roguelikes fazem.
Não há pesadelo que resista ao chumbo quente
Mesmo com essa demora de oito anos para chegar aos consoles, Mustache in Hell entrega uma diversão curta, mas honesta. Quem gosta de twin-stick shooters vai ter bons momentos, mas é uma pena que nada de novo tenha sido adicionado ao jogo neste relançamento.
Prós
- Controles simples que respondem bem ao ritmo de jogo;
- Visual em pixel art e trilha sonora casam bem com a ação;
- Boas batalhas contra os chefes;
- Ótimo uso de bom humor e referências, sem exagero.
Contras
- O formato das salas podem criar algumas situações injustas e emboscadas;
- Inimigos repetitivos;
- Curta duração;
- Não há um fator replay;
- Nenhuma adição foi feita para o port em relação à versão de PC.
Mustache in Hell — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise feita com cópia digital cedida pela QUByte Interactive