A vida na fazenda
Octopia é uma cidadezinha afastada do resto do mundo. Nossos dois protagonistas decidiram deixar tudo de lado para levar uma vida pacata nessa região isolada. Agora cabe a você tentar plantar e colher, vendo a área crescer pouco a pouco e receber mais visitantes com o tempo.
Curiosamente, quando chegamos a Octopia, nossos personagens ainda não conseguem fazer nada. Inicialmente, é necessário explorar a região para encontrar ferramentas espalhadas em várias estátuas. Depois disso, novos elementos para a fazenda podem ser comprados na loja ou liberados quando o jogador completa uma nova tarefa.
No início, estamos limitados a cultivar algumas poucas sementes, cozinhar, cortar árvores e pedras e pescar. Depois, podemos fazer bem mais atividades, como cuidar de animais, ter colmeias para obter mel, adicionar maquinários variados para processar os alimentos e até minerar recursos. Também conseguimos melhorar as construções da região gastando o nosso dinheiro (sal), pedras e madeiras.
De modo geral, a campanha gira em torno de um ciclo de produção de materiais, venda e compra. Idealmente, o jogador vai cuidar da terra, pescar e usar todos os recursos à sua disposição para obter ingredientes e usá-los em receitas culinárias. Quanto mais itens diferentes estiverem em seu inventário e mais experiências únicas tiver na cozinha, John conseguirá pensar em mais ideias.
Esses itens processados podem ser vendidos por valores geralmente superiores aos dos ingredientes, gerando lucro que pode ser reinvestido na fazenda. Esse ciclo produtivo, como usual desse tipo de simulador, é bastante viciante, rendendo várias horas de gameplay. Outra opção é comer o que você produz para recuperar a energia gasta com as atividades manuais pesadas, já que uma boa noite de sono só recupera parte dela.
A simplicidade do campo
Cada uma das atividades presentes é representada por mecânicas simples, bastando interagir com o ambiente. Não há nada nessa proposta que seja particularmente diferente do que se espera do gênero de simulador de fazenda, mas é bem prazeroso melhorar as habilidades culinárias de John e abrir novas receitas, algumas das quais são bem atípicas.
Entre todas as opções do que fazer em Octopia, temos duas atividades que se destacam: a pesca e a mineração. Ao contrário das outras tarefas, que são todas simplificadas a interações diretas, estas são apresentadas como minigames que envolvem um esforço maior do jogador.
Para pescar, temos que atirar um anzol e movimentá-lo por uma área circular. Dentro dessa representação do corpo d’água, podemos ver peixes de tipos variados correspondentes às suas raridades e agilidade de fuga. Uma vez que um animal aquático morde a isca, ele começará a correr e o jogador precisa alcançá-lo antes que ele consiga fugir. Ao chegar próximo do peixe, é necessário “atacá-lo”, e a captura envolve fazer esse movimento três vezes.
Já a mineração implica em movimentar um robô por uma tela que lembra um jogo de arcade bem antigo. Com uma visão top-down, devemos nos movimentar por vários andares de uma mina, explodindo áreas cujos recursos podemos ver e tentando desbloquear as escadas para o andar mais profundo. Uma boa jogada pode render bastante dinheiro e minérios, aproveitando quadrados explosivos para arrebentar uma área ainda maior com poucas ações.
Um mundo charmoso
Confesso que não tinha jogado Eastward antes, tendo começado por Octopia. A expansão é liberada desde o início para quem já adquiriu o DLC, permitindo que o jogador se foque nela em vez da campanha principal, se preferir.
Uma das coisas que mais chamam a atenção definitivamente é o visual 2D extremamente charmoso. Temos um mundo bastante colorido e detalhes curiosos de ambientação, que nos lembram de que se trata de um contexto futurista com uma sociedade em colapso.
Além disso, chamam a atenção em especial os personagens, que são todos bastante carismáticos. Pouco a pouco, mais amigos se juntam a Octopia e é muito divertido ver as interações entre eles. Infelizmente, o português não está entre as opções de idioma, o que definitivamente ajudaria a aproveitar ainda melhor a narrativa e os pormenores das relações entre os personagens.
Outros elementos potencialmente negativos incluem algumas ausências de elementos de qualidade de vida. Por exemplo: apesar de termos uma opção de skip, não há um log para rever os diálogos, o que poderia ser útil para reler os elementos da história. Também não existem indicações de valor dos itens fora da loja, o que acaba gerando dúvidas na hora de escolher qual comida produzir.
Por fim, gostaria de destacar que o jogo usa apenas saves automáticos. Com isso, não temos uma opção de salvar diretamente se quisermos. Esse save é feito na transição entre os dias, então o jogador acaba sendo forçado a fazer tudo que precisa em um dia antes de sair do jogo para não ter que repetir suas ações.
Deem boas vindas a Octopia
Prós
- Visual 2D charmoso;
- Ciclo de gameplay divertido que envolve produção e venda de itens;
- Mecânicas simples e agradáveis para as várias tarefas, com especial destaque para a pesca e a mineração;
- Desbloquear novas receitas e evoluir o nível de culinária é viciante;
- Personagens carismáticos.
Contras
- Não faz nada particularmente inovador ou superior ao usual do gênero;
- Ausência de save manual e ativação do autosave apenas na passagem de dia;
- Ausência de português entre as opções de idioma;
- Ausência de elementos de qualidade de vida como log de diálogo e indicações de preço para os itens no menu de inventário.
Eastward: Octopia — PC/XBO/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
