Meus jogos favoritos de 2023 — Farley Santos

Os redatores do GameBlast falam sobre os títulos que mais curtiram entre os lançamentos deste ano.

em 20/12/2023

O ano de 2023 foi bem intenso no mundo dos games, com vários lançamentos importantes e uma quantidade impressionante de títulos de qualidade. Da minha parte, consegui jogar muito do que eu já tinha planejado e encontrei algumas surpresas. Em contrapartida, acabou que não consegui experimentar algumas coisas que eu tinha interesse, como Final Fantasy XVI e Hogwarts Legacy; espero ter tempo para eles no futuro. 

Este foi um ano frenético na produção de artigos: publiquei 46 análises, além de testes de demos, impressões e lançamentos em Acesso Antecipado, totalizando mais de 60 textos, ou seja, mais de um texto por semana. Confesso que foi um pouco puxado conciliar com outras atividades e pretendo diminuir o ritmo no ano que vem, por mais que tenha dúvidas se vou conseguir resistir aos lançamentos. Fora isso, um ponto alto foi cobrir a Brasil Game Show 2023 e conhecer pessoalmente vários colegas do GameBlast e Nintendo Blast.

Como é de praxe, algumas das minhas experiências favoritas foram em jogos do passado. O que mais me marcou, sem dúvidas, foi o ótimo 13 Sentinels: Aegis Rim: me envolvi completamente na história repleta de reviravoltas e de personagens carismáticos. Outro que me ocupou por um bom tempo foi Returnal e sua difícil jornada roguelike com tiroteios brutais. Por fim, fiquei impressionado com o uso dos recursos do controle DualSense em Astro's Playroom, uma experiência curta e cativante. Fora isso, olhei brevemente vários outros títulos, como Trials of Mana e Kena: Bridge of Spirits — espero ter tempo de voltar neles no futuro.

De volta a 2023, seguem as minhas experiências favoritas:

Terra Nil

Terra Nil me intrigou com seu conceito peculiar. Neste “construtor de cidades reverso”, o objetivo é utilizar inúmeras estruturas para restaurar a flora e fauna de regiões devastadas. Além da ideia criativa, o jogo oferece desafios estratégicos interessantes, apesar de algumas chateações com tentativa e erro. E, claro, é difícil não se impressionar com a beleza dos cenários e com a atmosfera relaxante das partidas.




Bat Boy

Inspirado em clássicos da era 8-bits, Bat Boy é uma aventura de plataforma moderna que me agradou do início ao fim. O maior destaque está na criatividade dos estágios, que exploram ideias variadas e interessantes. Além disso, apreciei a temática de super sentai misturada com esporte que, combinada com visuais retrô e personagens carismáticos, resultam em um universo convidativo. Ritmo ágil e desafio na medida fecham o pacote, recomendo demais para quem gosta do gênero.




Worldless

Um mundo surreal é o cenário de Worldless, um inusitado título indie. A aventura é dividida em dois momentos: nos trechos de plataforma, desbravamos regiões com desafios estilo metroidvania; já os combates misturam turnos e ações em tempo real. De longe, a característica que mais apreciei no jogo foi seu sistema de batalha que é diverso e altamente estratégico, com embates complicados que parecem puzzles. Já os trechos de exploração são um pouco simples demais, porém não chegam a ser desagradáveis. Às vezes, a dificuldade é intensa demais e pontos de viagem rápida fazem falta, mas isso pouco atrapalhou a minha experiência por esse mundo estiloso e meditativo.



Gravity Circuit

Um ritmo frenético dita o tom de Gravity Circuit, título indie de ação 2D inspirado em Mega Man X. No controle de um robô, descemos o sarrafo em inúmeros inimigos enquanto corremos e saltamos por cenários futuristas. Controles precisos, movimentos ágeis e ação fluida são as maiores qualidades do jogo, que apresenta também estágios repletos de situações diversas. Essas características, em conjunto a uma trilha sonora eletrizante e uma ambientação 8-bits charmosa, me prenderam no mundo de Gravity Circuit.




COCOON

Eu não sabia muito bem o que esperar de COCOON, novo puzzle dos criadores de Limbo e Inside, só fiquei intrigado com o conceito principal. No controle de uma espécie de inseto humanoide, atravessamos cenários alienígenas repletos de enigmas cuja mecânica central foca em saltar para dentro e para fora de universos presos em esferas. Esse conceito inusitado resulta em quebra-cabeças surreais e impressionantes, especialmente quando é necessário colocar mundos dentro de mundos para resolver os desafios. Às vezes, as soluções são desnecessariamente complicadas, mas no fim é uma viagem que vale a pena.



Blasphemous 2

Blasphemous 2 traz o Penitente de volta em uma peregrinação por um novo mundo grotesco. A sequência do metroidvania não altera a ideia principal, tendo como novidades uma aventura mais acessível e com combates mais variados ao mesmo tempo que mantém a notável atmosfera gótica com visual em pixel art e trilha sonora com elementos hispânicos. Particularmente, gostei das mudanças, pois a progressão e o ritmo ficaram mais ágeis e agradáveis, sem deixar de lado o desafio e a tensão constante.




Octopath Traveler II

A sequência Octopath Traveler II resgata novamente os conceitos clássicos de JRPGs de outrora com combates por turnos e aventuras por um universo expansivo ao mesmo tempo que traz ares de modernidade. Para mim, a melhor característica do jogo é a multitude de personagens cujas histórias passam longe do estereótipo do gênero — ou seja, nada de uma trama mirabolante para salvar o mundo, ao menos em um primeiro momento.

O segundo título reforça ainda mais os pontos positivos da franquia, como o excelente sistema de batalha por turnos e customização de heróis por meio de jobs. Além disso, o visual HD-2D está ainda mais incrível e a trilha sonora é estonteante. Os vários problemas do anterior ainda estão presentes, como as tramas desconexas e mapas sem inspiração, mas gostei demais de mergulhar nesse universo belo e nostálgico.   



Darkest Dungeon II

Caos, imprevisibilidade e estresse se alastram por todas as partidas de Darkest Dungeon II. A sequência do tenso RPG é bem diferente do anterior, contando com partidas individuais na estrutura de roguelike. Alguns não gostaram, já eu achei uma mudança válida e interessante, pois deixa as jornadas mais ágeis e tenta explorar novas ideias.

O combate por turnos continua sendo o maior destaque e apreciei as várias opções táticas oferecidas pelos diferentes personagens. A ambientação sombria e desoladora segue intocada, e os gráficos 3D tornaram o visual ainda mais rico. Como é de praxe, o jogo se mantém frustrantemente difícil e estressante, mas é justamente isso que o torna tão hipnotizante — conseguir sobreviver a situações complicadas nunca deixa de ser recompensador.



The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom

Confesso que estava cético com The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, pois parecia uma simples expansão de Breath of the Wild. No entanto, perto do lançamento, vi as várias novidades e fiquei animado para explorar novamente Hyrule.

As mudanças no mundo do jogo me deixaram impressionado, pois me trouxeram a sensação de estar experimentando coisas inéditas constantemente. Além disso, as novas ferramentas e habilidades de Link oferecem inúmeras possibilidades interessantes. Não sou muito fã do conceito de ficar montando coisas para resolver as situações, mas, no fim, aproveitei bastante meu tempo em Tears of the Kingdom.



Super Mario Bros. Wonder

Quando Super Mario Bros. Wonder foi anunciado, fiquei muito animado. Depois da série New, da qual não gostei muito, queria muito algum Mario 2D veloz e criativo. Wonder trouxe justamente o que eu queria, com ritmo ágil, estágios inventivos e boas doses de ousadia e maluquice. Além disso, é visualmente belo e os personagens estão mais carismáticos que nunca. Gostei demais da jornada pelo Reino Flor e espero que Wonder influencie os títulos futuros do encanador.



Sea of Stars

Jogar Sea of Stars me trouxe uma forte sensação de nostalgia, pois claramente este RPG tem como intenção resgatar o melhor do gênero da era 16-bits. O novo título do Sabotage Studio me conquistou com seu universo intrincado, personagens cativantes e visual em pixel art impressionante.

Além de ser belamente produzido, o mundo de Sea of Stars é divertido de se desbravar. A exploração dos cenários é ágil e singular, com muitos trechos em que os heróis saltam, correm e se penduram em beiradas. Já o sistema de combate por turnos usa um sistema de fraquezas e comandos em tempo real para nos engajar o tempo todo. O resultado é uma aventura envolvente e inesquecível.



Hi-Fi RUSH

A mistura inusitada de ação e ritmo de Hi-Fi RUSH me fisgou de primeira. Fazer combos e movimentos no compasso da música pode parecer estranho e desconexo, mas o pessoal da Tango Gameworks conseguiu mesclar esses aspectos em uma experiência singular e viciante. Fiquei impressionado com a variedade de ataques e técnicas disponíveis, o que me permitiu montar combos variados e impressionantes.

O universo de Hi-Fi RUSH é digno de nota, com seu belíssimo e estiloso visual cel shading repleto de cor e música pulsante. Gostei também do elenco de personagens, como o animado protagonista Chai e a séria Peppermint, cujas personalidades são reforçadas pela ótima dublagem em português. Adorei cada minuto de Hi-Fi RUSH e pretendo voltar depois para completar os extras.



Menções honrosas

Fora os favoritos gerais, escolhi mais alguns títulos que foram destaque para mim:

Pensando em 2024

Mesmo depois de um 2023 impressionante, ainda há mais por vir em 2024. O ano já vai começar agitado com Persona 3 Reload (que tive a oportunidade de testar na BGS 2023) e Final Fantasy VII Rebirth, dois RPGs que com certeza vão ocupar a maior parte do meu tempo livre. Além desses jogos, Metaphor: ReFantazio e Visions of Mana também estão no meu radar.

Já no mundo indie, quero experimentar o simpático The Plucky Squire, o promissor Hyper Light Breaker, o belo Constance, aguardo ansiosamente Hades II e sonho também com o etéreo Hollow Knight: Silksong (será que agora finalmente vai?). E, claro, espero ter tempo de avançar mais no meu eterno backlog, o que tem se revelado uma tarefa difícil, haha :)
E para vocês, caros leitores? Como foi o ano de 2023? Tiveram a oportunidade de experimentar o que joguei? O que me recomendam?
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.