Adiantando um pouco do que será discutido adiante, notamos algumas melhorias e novidades, embora sejam escassas e pouco impactantes para um título que já está no mercado há mais de um ano e meio, um período de tempo considerável. Sendo assim, hora de ver se compensa se aventurar neste mundo soturno no PlayStation.
Viva, morra, viva e morra outra vez
Em um cenário de ruínas submersas, um destemido aventureiro depara-se com um artefato singular. Contudo, o infortúnio se abate sobre nosso herói quando ele é surpreendido por uma horda de monstros, encontrando um fim trágico. Nos momentos derradeiros, uma figura enigmática emerge, proferindo-lhe: "A morte é apenas o começo", antes de trespassar o coração do rapaz com uma lâmina afiada.
Num despertar abrupto, ele se encontra em um lugar desconhecido, aprisionado em um ciclo interminável de morte e ressurreição. Para romper essa teia enigmática, ele é forçado a explorar um reino em ruínas, desvendando os segredos e origens da relíquia imbuída de poderes ocultos que o aprisionou nesse ciclo sinistro.
É com essa premissa curiosa que adentramos o universo de Loot River. Encarnando o aventureiro, temos o poder de manipular plataformas flutuantes nos calabouços inundados, essenciais para avançar na campanha. Essa mecânica, que mistura movimento e quebra-cabeças, é o verdadeiro destaque e a marca registrada deste título, diferenciando-o de outros do gênero.
O uso de um controle é altamente recomendado. Com a alavanca analógica direita, movemos a plataforma em que estamos, enquanto com a esquerda controlamos o personagem. Os ataques são divididos entre normais e fortes, podendo ser carregados para infligir danos mais severos aos inimigos. Além disso, um botão de defesa permite ao herói criar uma abertura para contra-ataques devastadores, facilitando a derrota dos adversários.
A vitória sobre inimigos concede pontos de experiência, premiando-nos com um ponto de atributo a cada novo nível alcançado. Esses pontos podem ser investidos em atributos como vitalidade, força ou destreza, proporcionando bônus adicionais ao personagem, tornando-o mais capaz de navegar pelos intrincados e úmidos ambientes do jogo.
Nossa jornada se desenrola e, em diversos momentos, nos leva a uma área conhecida como Santuário. É nesse local que interagimos com outros personagens, permitindo-nos desbloquear novas armas, magias e equipamentos em troca de Conhecimento, outra moeda fundamental no jogo.
Após cada progresso em uma área, somos guiados de volta ao Santuário para investir o Conhecimento adquirido e liberar mais itens. Contudo, ao morrer durante uma partida, cerca de 90% do progresso é perdido, tornando crucial aproveitar ao máximo cada visita a essa área segura para minimizar prejuízos.
Custoso e punitivo
A narrativa de Loot River não é densa, assemelhando-se à abordagem de Dark Souls na forma pouco direta de apresentá-la. O mundo vai sendo desvelado gradualmente à medida que jogamos, interagindo com outros personagens e encontrando notas dispersas em locais específicos. Um jogador habilidoso — o que não foi meu caso aqui — pode finalizá-lo em poucas horas.Existem speedruns, inclusive, em que jogadores conseguem finalizá-lo em pouco mais de dez minutos. Nas tabelas de placares online do próprio jogo, há registros de jogadores que conseguiram concluí-lo em tempos ainda menores.
Entretanto, sua gameplay, mesmo após o lançamento inicial em 2022, continua enfrentando alguns dos mesmos problemas. Como mencionado por nosso colega de redação Farley Santos, a ação pode ser travada e truncada. Alguns ataques não se conectam adequadamente e certas ações são prejudicadas, especialmente quando estamos cercados por vários inimigos.
O botão de esquiva falha em alguns momentos, e a capacidade de bloqueio de ataques também não é tão eficaz quanto o desejado. Esses problemas resultam em mortes prematuras e uma sensação de frustração que poderia ser evitada. Para piorar, a obtenção de armas mais poderosas é dificultada por vários fatores, incluindo a sorte.
Em um encontro com Callum, uma entidade dentro do jogo, é possível trocar um item não desbloqueado por pontos de atributo, acessórios ou até mesmo poções de cura. Uma única vez, tive a sorte de receber uma arma extremamente poderosa, impulsionando meu progresso; contudo, a fragilidade do combate me levou à derrota, resultando na perda dessa arma. Nas tentativas seguintes de barganhar com Callum, não tive a mesma sorte.
Além disso, o desbloqueio de itens é um processo demorado e custoso. Como já mencionei, o Conhecimento é crucial para adquirir novos itens, mas não é abundante. A perda quase total desse recurso ao morrer intensifica a dificuldade. Muitos itens não oferecem vantagens substanciais, tornando a coleta um tanto desmotivante, embora seja uma obrigação para desbloquear outros objetos mais interessantes.
Uma das poucas mecânicas que me cativaram foi a interação com Soup, um dos habitantes do Santuário. Antes de cada incursão, doar algumas poções de cura pode render o dobro na próxima interação. Uma troca tentadora, porém arriscada, especialmente se optarmos por entrar nas masmorras com poucas ou nenhuma poção à disposição.
E no PlayStation?
Esta nova análise de Loot River se justifica por conta da sua chegada aos consoles PlayStation. Em comparação com suas versões anteriores, a edição para os sistemas da Sony traz todas as atualizações e melhorias implementadas desde seu lançamento inicial no PC e Xbox.
No dia 19 de dezembro, data de lançamento nos consoles da Sony, uma atualização trouxe um modo de edição de níveis que também está disponível nas demais versões. Outra novidade é o suporte ao português, antes não disponível. Embora seja o português de Portugal, o que pode parecer um tanto distinto para os jogadores brasileiros, já é um ponto positivo extra.
Entretanto, o fator crítico para atrair os jogadores a se aventurar em Loot River nestas plataformas é algo que muitas vezes torna esses títulos menos atrativos nos consoles da Sony: o preço.
A versão de Loot River para PS4 e 5 é a mais cara dentre todas atualmente disponíveis. Seu preço na PlayStation Store, único local para adquiri-lo, ultrapassa em mais de três vezes o valor cobrado em outras plataformas. Como referência, na semana desta análise, o jogo está com 40% de desconto em sua versão para PC no Steam e também está incluso no catálogo do serviço Game Pass do Xbox. Neste aspecto, a versão para PlayStation não apresenta vantagens.
Ainda assim, é um bom jogo
Loot River, com sua abordagem singular, oferece uma proposta atraente, especialmente para os entusiastas de desafios e quebra-cabeças. No entanto, questões relacionadas ao combate e ao preço do jogo nos consoles PlayStation podem ser fatores a considerar ao decidir experimentar esta jornada labiríntica nos consoles da Sony.Prós
- Manipular plataformas flutuantes em masmorras alagadas é inovador, conferindo uma identidade única;
- A progressão por meio de atributos e a possibilidade de personalizar o protagonista oferecem uma sensação de crescimento e adaptação ao longo da jornada;
- A adição do modo de Edição oferece uma dimensão extra à experiência, possibilitando aos jogadores criar e compartilhar desafios personalizados.
Contras
- Controles truncados prejudicam o combate, impactando a experiência;
- A obtenção de itens valiosos é limitada pela necessidade de desbloquear itens menos vantajosos, ocasionalmente tornando a progressão, gratificante;
- A disparidade de preço do jogo no PlayStation em relação às outras plataformas pode ser um obstáculo para muitos jogadores.
Loot River — PC/PS5/PS4/XSX/XBO — Nota: 6.5Versão utilizada para análise: PlayStation 5
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela SUPERHOT PRESENTS
