Análise: God of War Ragnarök: Valhalla (PS5/PS4) é um verdadeiro presente para os fãs da franquia

Enfrente fantasmas do passado em uma jornada de autoconhecimento do Fantasma de Esparta.

em 20/12/2023
Lançado em 2022, God of War Ragnarök continua a saga de Kratos em um mundo regido pelas divindades nórdicas. Após mais de um ano desde seu lançamento e a conquista de vários prêmios, o Santa Monica Studio agracia os fãs com um DLC adicional para as versões de PS5 e PS4 do jogo.

Valhalla, um conteúdo adicional gratuito, traz um novo capítulo ao epílogo do jogo. Nele, acompanhamos Kratos em uma jornada de autoconhecimento, buscando compreender sua psique e alcançar a redenção tão almejada, apesar dos anos de morte, violência e brutalidade. Mesmo após seu sacrifício e a decisão de deixar sua terra natal para recomeçar em Midgard, Kratos ainda enfrenta um caminho de busca interior.


O DLC explora camadas mais profundas do personagem, permitindo aos jogadores mergulharem na complexidade emocional de Kratos e seu desejo por uma nova reconciliação consigo mesmo. Oferece não apenas conteúdo adicional, mas uma expansão significativa à narrativa já cativante do jogo principal.
Mais uma coisa! É altamente recomendável ter concluído a história principal de God of War Ragnarök antes de acessar Valhalla. Inevitavelmente haverá alguns spoilers da história principal durante a análise. Boa leitura!

Sócrates uma vez disse: “Conhece-te a ti mesmo”

Após impedirem o Ragnarök, Atreus parte em uma jornada pessoal para desvendar os segredos dos Jötnar, sua linhagem materna, e as profecias que cercam Loki, seu nome entre os gigantes. Enquanto isso, Freya, auxiliada pelas Valquírias, trabalha para restaurar a ordem nos Nove Reinos após a queda de Odin e dos demais Aesir.

Kratos, por sua vez, escolhe não se envolver na transição de poder e empreende uma jornada pessoal para entender se ainda há propósito em sua vida após os eventos que o acompanharam desde o passado na Grécia até os recentes eventos que quase levaram ao fim de Midgard e dos demais Reinos.
Freya fica surpresa ao encontrar o espartano nos portões da mítica Valhalla
Uma carta anônima leva o espartano e seu aliado Mimir a um local conhecido nos Nove Reinos, mas ainda assim misterioso: Valhalla, lendário lugar onde apenas guerreiros que morreram com honra têm o privilégio de adentrar, tendo suas histórias e nomes eternizados.

No entanto, Valhalla é enigmática. Kratos descobre, através de Freya, também surpresa com sua presença ali, que esse local testa guerreiros, oferecendo-lhes a oportunidade de enfrentar desafios antes de permitir sua entrada.
Kratos deverá enfrentar os fantasmas de seu passado para entender quem ele realmente é hoje
Movido pela curiosidade sobre quem o convidou e na esperança de encontrar respostas para suas muitas perguntas, Kratos embarca em uma árdua jornada. Ele se depara com fantasmas do passado para se conhecer melhor, compreender seu propósito após quase ter destruído o mundo anos atrás e, posteriormente, ter sido seu salvador.

Ciclos de embates, lembranças e descobertas

Valhalla introduz um modo com características de roguelite a God of War Ragnarök. Na trama do DLC, Kratos adentra Valhalla repetidamente para confrontar os espectros de seu passado. Desde os inimigos mais recentes, oriundos do jogo atual, até as criaturas da Grécia, evocando sua época de fúria e busca pela destruição de Zeus.

Quanto à jogabilidade, quem já está familiarizado com o gênero sabe como funciona: tentativas contínuas para avançar mais e alcançar recompensas mais valiosas, dependendo do nível de dificuldade e da progressão do jogador.
Escolher um caminho de arma definirá que tipos de melhorias Kratos encontrará no decorrer de sua jornada.
A cada incursão em Valhalla, Kratos adquire diferentes tipos de "moedas". Variando em raridade e quantidade, elas são usadas para adquirir melhorias temporárias durante o ciclo atual ou aprimoramentos e modificadores permanentes que aumentam suas chances de sucesso gradualmente.

Enquanto Kratos avança em suas tentativas, inimigos e chefes do jogo principal surgem em Valhalla. Mas para tornar a experiência mais imersiva, o elemento narrativo, um ponto forte deste e do jogo anterior, impulsiona a jogabilidade, motivando-nos a retornar à arena para acompanhar o desenvolvimento da história.

Ao completar a jornada por Valhalla pela primeira vez, a identidade do remetente da carta que levou Kratos até lá é revelada: Týr, antigo deus da guerra deste mundo e valioso amigo de Kratos. Ele o auxilia em sua busca por autoconhecimento por meio de conversas e duelos. Cada ciclo conclui-se com um formidável combate entre os dois, revelando mais sobre o passado de Kratos e os motivos que o guiaram até ali, mesmo que inconscientemente.
É Týr quem guiará Kratos durante sua provação no solo de Valhalla
Após a conclusão ou a derrota, Kratos e Mimir retornam à Praia, o ponto de partida para uma nova rodada. Neste local, é possível alterar a aparência da armadura e armas de Kratos, adquirir melhorias para o espartano, modificadores permanentes para Valhalla e selecionar uma relíquia, um escudo e a Fúria Espartana desejada. Destaca-se a adição de uma quarta variação desta última, permitindo o uso da lendária Lâmina do Olimpo, arma emblemática de Kratos em God of War 2 e usada por ele ao tentar tirar a própria vida no final de God of War 3.

Esses ciclos acrescentam camadas à narrativa, um deleite para os fãs que acompanharam a saga de Kratos desde seu início, no jogo de 2005 para o PlayStation 2. Os diálogos com Mimir e Týr aprofundam o passado do Fantasma de Esparta, revelando a complexidade de um personagem popularmente visto apenas como um ser de força descomunal e fúria incontrolável.
O passado ainda assombra os pensamentos do Fantasma de Esparta.
É uma narrativa detalhada que trata com cuidado todo o legado do personagem durante os 18 anos desde sua concepção, mostrando o quanto ele mudou, evoluiu e amadureceu ao longo desse período. Para mim, que teve o privilégio de jogar todos episódios de sua história, relembrar fatos e pessoas destas épocas foi ao mesmo tempo nostálgico e igualmente esclarecedor tanto para mim quanto para o Fantasma de Esparta.

Tão bom que nem parece que é de graça

Valhalla não só se destaca como um modo extra para um jogo já excelente por si só, mas o que foi oferecido como um conteúdo adicional gratuito revelou-se de qualidade excepcional. Mesmo para aqueles que normalmente não se sentem atraídos por modos ou jogos com características de roguelite, Valhalla possui um valor inestimável e merece ser desfrutado em cada momento.

Possivelmente por essa razão, o Santa Monica Studio optou por não restringir o acesso dos jogadores, seja por preço, dificuldade ou qualquer sistema restritivo, disponibilizando-o em ambas as versões do jogo. É viável ajustar o nível do jogo para o mínimo, permitindo até mesmo aos jogadores menos habilidosos explorarem junto com Kratos os resquícios de seu passado e buscarem respostas por meio do combate.


Para os que buscam desafio, Valhalla oferece a opção de aumentar a dificuldade, verdadeiramente testando os jogadores para saber se são dignos de adentrar esse local sagrado. A inclusão de novos inimigos e mecânicas contribui para tornar a experiência de combate excepcional.

É difícil apontar falhas em um conteúdo que surpreendeu, prometendo pouco e entregando muito mais do que algumas horas extras de jogo. Valhalla transmite a sensação de ser o verdadeiro epílogo da saga nórdica de Kratos e é uma experiência obrigatória para todos os que se aventuraram pelos Nove Reinos.


Um dos poucos pontos a destacar em relação ao conteúdo diz respeito à dinâmica dos modificadores. Reconheço que o Santa Monica Studio desenvolveu Valhalla com um propósito específico, mas, sendo um jogo, poderia ter incluído um sistema de modificadores mais elaborado.
Mesmo após sua conclusão, Valhalla continua aberta para que novos desafios sejam enfrentados em suas arenas.
Por exemplo, a restrição de acesso a certas armas ou técnicas. Um modo Leviatã ou Lâminas do Caos, talvez? Onde jogaríamos apenas com essas armas e suas habilidades. Além disso, os modificadores permanentes de Valhalla são verdadeiramente permanentes. Uma vez adquiridos, não podem ser desfeitos. Portanto, caso se deseje manter o desafio elevado, a opção é simplesmente não adquiri-los ou reiniciar tudo na tela inicial antes de entrar no modo.

Um verdadeiro presente

God of War Ragnarök: Valhalla representa um extraordinário acréscimo ao universo de God of War Ragnarök, transcendendo as expectativas ao oferecer uma experiência envolvente e repleta de desafios. Sua qualidade excepcional não apenas amplia a narrativa de Kratos, mas também proporciona uma jornada emocionante e rica em detalhes, tornando-se essencial para os fãs da saga.

Em sua abordagem como conteúdo adicional, transcende seu propósito original, proporcionando uma imersão profunda na jornada do icônico Kratos e, embora apresente alguns pontos a serem considerados para melhorias, indiscutivelmente enriquece o legado da franquia God of War.

Prós

  • Surpreende com conteúdo de alta qualidade, superando as expectativas iniciais;
  • Disponível gratuitamente para os jogadores, sem restrições de acesso baseadas em habilidades ou dificuldade;
  • Oferece opções de ajuste de dificuldade para diferentes tipos de jogadores;
  • Aprofunda a história de Kratos, revelando camadas inéditas de seu passado e sua complexidade como personagem;
  • Introduz novos inimigos e mecânicas que enriquecem significativamente a experiência de combate;
  • As recompensas estimulam a jogatina mesmo depois da conclusão da narrativa de Valhalla.

Contras

  • A ausência de um sistema mais diversificado de modificadores pode reduzir a variedade da experiência;
  • Os aprimoramentos permanentes não oferecem flexibilidade, pois não podem ser revertidos uma vez adquiridos.
God of War Ragnarök: Valhalla — PS5/PS4 — Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: PlayStation 5
Revisão: Heloísa D’Assumpção Ballaminut
Análise feita com cópia adquirida pelo redator

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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