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Análise: A Highland Song (PC/Switch) – Uma jornada sobre encontros

Desbrave as belas Terras Altas escocesas em uma jornada intimista regada a histórias e músicas.

A Highland Song transporta-nos para as deslumbrantes Terras Altas escocesas, conhecidas como Highlands. É lá que conhecemos Moira McKinnon, uma jovem de quinze anos que nunca teve a chance de ver o mar.

Vivendo com a mãe numa pequena casa nos arredores da região, Moira um dia recebe uma carta do seu amado tio Hammish, convidando-a para encontrá-lo no antigo farol à beira-mar para uma surpresa. Decidida, Moira foge de casa e parte numa jornada de descobertas, entre paisagens magníficas e música folclórica.

O jogo…

A Highland Song é um jogo de plataforma que nos coloca no papel de Moira, numa jornada até a costa para encontrar seu tio. Contando apenas com coragem e inocência, devemos guiar a garota por diferentes trajetos, todos levando ao único objetivo: o farol do tio Hammish.

Logo de início, os visuais impressionam, todos feitos à mão, retratando de forma deslumbrante as icônicas Terras Altas da Escócia. Cada detalhe, desde vales e montanhas até construções arruinadas, foi elaborado para dar vida à região, tanto os elementos naturais quanto os criados pelo homem.


Não há um guia explícito sobre como chegar lá. O jogo nos conduz de maneira intuitiva, ensinando como navegar e se orientar na região. Através de mapas rústicos, muitos deles feitos à mão, o jogador auxilia Moira a decifrar os caminhos para chegar até o farol. Se você é do tipo que prefere menus ou telas de tutorial ensinando o “bê-á-bá” sobre como o jogo funciona, prepare-se para quebrar um pouco a cabeça descobrindo como andar pelas Highlands.

O objetivo é alcançar a costa antes, no dia ou depois do Beltane, data que celebra o início do verão. A jornada da garota tem desfechos distintos, dependendo se sua chegada se dar antes, no dia do evento, ou após a data, mas alcançar o farol não é tão simples quanto parece.


Nosso papel é orientar Moira pelos montes e vales das Highlands, utilizando conhecimento adquirido através de anotações e mapas obtidos pela jovem. Cada montanha escalada nos permite aplicar esse conhecimento, levando-nos por rotas que variam entre mais tranquilas e rápidas ou trechos mais difíceis e confusos.

Com uma data-limite para chegar ao farol, cada minuto conta. Moira precisa descansar ocasionalmente, consumindo tempo precioso; se ela estiver exausta, precisará descansar mais frequentemente, atrasando nossa jornada. Descansar em pontos considerados seguros, como grutas, casas abandonadas ou outros locais que possam abrigá-la do sereno ou da chuva favorecem a eficiência da recuperação da saúde da garota, podendo até mesmo aumentar o limite máximo de sua barra de vida.


Os itens encontrados podem ter importância significativa, dependendo das rotas escolhidas. Moedas, pedras, um pé-de-cabra, um chapéu... Cada um possui uma história e pode influenciar o desenrolar do enredo, tornando a jornada de Moira ainda mais envolvente e incentivando múltiplas jogadas.

Entretanto, o desafio só se resume a encontrar rotas que permitam que a garota chegue o mais rápido possível a seu destino. Dada a proposta do jogo, que tem um caráter mais narrativo, é um ponto contra se pararmos para considerar que estamos falando de um videogame.


A Highland Song é um jogo com alto valor de replay. Cada objeto, carta, pessoa encontrada ou nova rota descoberta oferece uma perspectiva única, enriquecendo a experiência como um todo.

A jornada…

A Highland Song transcende a categoria de simples plataforma pela maneira como conta sua história. A jornada da garota que anseia ver o mar e foge de casa para encontrar o tio é simples, porém cativante, criando vínculos emocionais com os personagens a cada novo início de partida no menu principal. Poeticamente, é como se cada partida fosse uma experiência única, revelando algo novo a cada vez que a jornada começa.

Além da viagem visual proporcionada pelas Highlands, a música desempenha um papel crucial, especialmente em segmentos nos quais guiamos Moira por uma espécie de "trilha musical". A princípio, o desafio é modesto, mas agradável devido ao elemento musical desses trechos. Com o tempo, o desafio se torna levemente mais elaborado, porém ainda gerenciável.

Esses trechos apresentam obstáculos nos quais o jogador deve pressionar os botões do controle no ritmo de músicas folclóricas celtas, interpretadas pelas bandas Talisk e Fourth Moon. A trilha sonora original, criada por Laurence Chapman, é igualmente magnífica.


A inclusão desses elementos, visual e musical, transforma A Highland Song em um produto cultural valioso, que não apenas desperta emoções em relação à jornada da garotinha em busca do mar, mas também procura introduzir, de maneira lúdica e sutil, os costumes de um povo com uma história cultural e natural riquíssima e pouco conhecida, principalmente para os povos fora da Europa.

Explorar um pouco dessa nova cultura durante as sessões de jogo foi enriquecedor, oferecendo entretenimento de alta qualidade que não economiza em evocar sentimentos e nos desconectar desse mundo acelerado e caótico no qual vivemos hoje em dia.

Tudo pelo aroma do mar

A Highland Song é muito mais do que um jogo de plataforma convencional; é uma experiência emocionante que une uma história envolvente, visuais deslumbrantes e uma trilha sonora encantadora. Ao acompanhar Moira em sua jornada pelas Terras Altas da Escócia, somos imersos não apenas na busca da garota pelo mar, mas também em uma descoberta cultural que nos conecta aos costumes e à riqueza histórica desse povo.

A capacidade do jogo de evocar sentimentos, aliada à sua habilidade de nos transportar para um mundo tranquilo e cativante, oferece não apenas entretenimento, mas uma oportunidade de desconexão e imersão em uma narrativa que transcende as barreiras do digital. A Highland Song não apenas nos entretém, mas nos convida a apreciar a beleza da jornada, as melodias que nos conduzem e a riqueza cultural que ela apresenta, tornando-a uma experiência única e memorável para os jogadores.

Prós

  • História simples e envolvente;
  • Os visuais proporcionam uma experiência rica e imersiva;
  • Trilha sonora marcante, complementando a narrativa e oferecendo uma atmosfera única;
  • A variedade de desfechos e rotas alternativas, dependendo das escolhas do jogador, incentiva múltiplas jogadas, aumentando o valor de replay;
  • A introdução, mesmo que sutil, dos costumes e cultura escocesas agregam valor ao produto.

Contras

  • Desafio pouco variado, resumindo-se a procurar rotas para o ponto de chegada;
  • As mecânicas ou objetivos não são explicados de forma clara, gerando confusão durante as primeiras horas de jogo.
A Highland Song — PC/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Inkle

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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