Porém, por mais que alguns possam achar que esta expansão chega tardiamente, a verdade é que temos aqui uma ótima oportunidade de retornar (ou conhecer pela primeira vez) a este título que carrega com orgulho a assinatura da série Tales.
Uma nova (e misteriosa) amiga
Beyond the Dawn se passa um ano após os eventos finais de Tales of Arise, em que Alphen e seus companheiros destruíram o planeta Lenegis. No entanto, muito longe de um final feliz como os de um conto de fadas tradicional, não demora para percebermos que as tensões entre rehnanos e dahnianos continuam muito presentes na sociedade.
É nesse contexto que somos apresentados à misteriosa jovem Nazamil. Filha de um nobre de Rehna — o estimado lorde Urwagil Hildris — com uma cidadã comum de Dahna, ela não é bem-vista por nenhuma das duas civilizações, sendo inclusive frequentemente perseguida por sua condição de nascença.
Sem entrar no território de spoilers, gostei muito da forma como todos esses assuntos são apresentados, especialmente com as conversas à beira da fogueira e no formato de história em quadrinhos. Infelizmente, Nazamil não se junta ao time como uma personagem jogável, mas é seguro dizer que se você apreciou os momentos de convivência do jogo base, provavelmente gostará de saber como andam as vidas de cada um dos personagens um ano após a guerra dos dois mundos.
Começando do zero, ou não
Apesar de ser uma expansão direta, Beyond the Dawn é acessada em um novo menu dentro do título. Isso significa que você não precisa necessariamente ter um jogo salvo ou com a história concluída para aproveitar o conteúdo, o que achei bem interessante, pois confesso que era o meu caso.
Por outro lado, jogadores veteranos podem esperar recompensas como quantias consideráveis de Gald e pontos de cura a partir do seu progresso na campanha principal. Há até equipamentos bônus caso todos os personagens jogáveis tenham alcançado o nível 100.
Com cinco níveis de dificuldade (História, Normal, Moderado, Difícil e Caos), é possível escolher desde o início o nível de desafio que se deseja para os ágeis e estilosos confrontos. Mesmo optando pelo modo História para progredir mais rápido e finalizar esta análise a tempo, me deparei com alguns inimigos casca-grossa, cujos embates frequentemente demoravam mais de dez minutos até que o vencedor fosse determinado.
Ainda assim, preciso fazer um elogio, pois em nenhum momento deixei de me empolgar com as batalhas. Mesmo com o eventual caos visual (algo que já havia sido mencionado na análise original do meu colega de redação Farley), é difícil não se deixar levar pela ação, e acredito que os jogadores mais experientes certamente apreciarão os desafios introduzidos com esta expansão, como mais chefes e calabouços para exploração, além de novos e letais Zeugles Gigantes.
Também convém mencionar a quantidade de missões secundárias: ao todo, são mais de trinta sidequests que mostram um pouco dos desafios que dahnianos e rehnanos enfrentam ao serem obrigados a conviver.
Se os dois mundos se uniram e literalmente se transformaram em um desde o grande conflito, é preciso aceitar que com um novo tempo vêm novos problemas, e caberá ao jogador intervir para melhorar algumas situações.
Primor visual
Tecnicamente falando, Beyond the Dawn continua a fazer uso do elogiado “filtro atmosférico” que mistura as estéticas anime e aquarela. O resultado continua a ser estonteante e um verdadeiro espetáculo visual mesmo mais de dois anos após a estreia de Tales of Arise.
Minha única crítica nesse sentido está relacionada ao pop-in, que faz com que diversos elementos do cenário surjam bruscamente conforme o personagem se movimenta. Esse era um problema no jogo original que se mantém presente nesta expansão, mesmo com o grande intervalo de tempo entre os dois lançamentos.
Sendo sincero, não é o suficiente para quebrar a imersão ou condenar a experiência, mas ainda assim é uma pequena decepção, considerando que nem mesmo instalar o jogo em um SSD ameniza a situação.
Em minha opinião, o poder dos consoles da atual geração e dos PCs mais capacitados poderia ser melhor aproveitado nesse quesito, mas parece que a Bandai Namco decidiu que essa missão ficará realmente para o próximo Tales. Aguardemos!
Para além do amanhecer
Tales of Arise: Beyond the Dawn cumpre o esperado de sua missão enquanto expansão, trazendo novas missões, oponentes desafiadores e mais do que fez do jogo base um dos melhores e mais divertidos JRPGs lançados nos últimos anos.
Sem medo de tocar em temas delicados como preconceito e abandono familiar, ou mostrar que nem todo final é tão feliz quanto parece, este DLC é uma ótima oportunidade para tanto veteranos quanto novatos visitarem este universo e aproveitarem seus bons visuais, ótimo sistema de combate e progressão divertida. Que venham, então, os próximos capítulos e amanheceres. Os fãs de Tales agradecem!
Prós
- Narrativa envolvente, baseada em dramas relevantes vividos pela nova personagem Nazamil;
- Grande quantidade de missões secundárias;
- Traz novos momentos de interação para o elenco principal enquanto eles lidam com os problemas trazidos pelo final do jogo base;
- O sistema de combate continua divertido e desafiador;
- Os visuais são um espetáculo à parte;
- Não requer a finalização do jogo base ou mesmo a presença de um jogo salvo, mas fornece bônus para os veteranos;
- Tradução em português brasileiro.
Contras
- Os pop-ins intrusivos e a falta de atualizações gráficas para os consoles de atual geração acabam desapontando;
- Dado o caráter de expansão, provavelmente não irá agradar a quem não gostou do jogo base ou esperava adições revolucionárias mais de dois anos depois.
Tales of Arise: Beyond the Dawn — PC/PS5/PS4/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco