Análise: The Invincible (Multi) se garante na narrativa para manter você preso ao jogo

Jogo é inspirado na obra literária de mesmo nome escrita por Stanislaw Lem.

em 01/12/2023
Adaptações existem em todo tipo de mídia, de todo tipo de mídia. Não é incomum ver um jogo ganhar um livro, mas um livro ganhar jogo, já é bem menos comum. E se esse caminho depender da qualidade de The Invincible, podemos ver cada vez mais casos como esse com tranquilidade.


Baseado na obra escrita por Stanislaw Lem, um conceituado autor de ficção científica, o game conta de forma linear quase a mesma história do livro, mascarando o caminho através da exploração do cenário que é o Planeta Regis III, mas com alterações que não mudam o enredo original e apenas servem para diferenciar o jogo do livro.

A história

Já que o jogo é focado mais na narrativa, prefiro não me aprofundar muito na história para não estragar a experiência de quem for jogar (ou até ler o livro), pois certas descobertas são mais impactantes quando experienciadas por conta própria. Então, nada de spoilers, mas o básico, para se situar, dá para cobrir.

Você assume o papel de Yasna, uma astrobióloga, que junto a uma equipe de expedição deve explorar o planeta Regis III em meio a uma corrida espacial entre duas superpotências. Porém, o que deveria ser uma missão científica, acaba se tornando um resgate dos outros membros da tripulação e uma corrida contra o tempo pela sobrevivência, ainda mais se levarmos em conta que não era para Yasna estar na superfície do planeta, e de início, ela não se lembra como ou por que foi parar lá. 

Essa expedição não é apenas exploratória, há segredos por trás das motivações que a levaram a Regis III, segredos não tão perigosos quanto os que o planeta esconde.

A narrativa do jogo faz jus ao livro, sendo bem desenvolvida e escalando os eventos em um ritmo constante, mas sem exageros. Os diálogos entre Yasna e seu contato prendem a atenção do jogador e evitam a sensação de total abandono que poderia levar algumas pessoas a deixarem o game de lado. 

Chega a ser uma pena The Invincible levar apenas umas seis horas para concluir sua história, fica um gosto de “quero mais” no final. Para quem curte desbloquear todas as conquistas, o jogo dura um pouquinho mais, podendo chegar a até sete horas e meia.

Explorando o nem tão desconhecido

O jogo pode ser facilmente classificado com um walking simulator (simulador de caminhada), com a personagem precisando avançar por diferentes áreas do jogo. Diversos equipamentos podem ser utilizados para encontrar seus objetivos, como rastreadores, telêmetros (outro nome para o binóculos), radares, etc. São de fácil entendimento e utilização.

Porém, se esses equipamentos são fáceis de compreender e usar, o mesmo não pode ser dito do mapa. São precisos uns bons 20 minutos para entender como ele funciona e conseguir utilizá-lo corretamente. Mesmo assim, é fácil ficar confuso em momentos mais avançados, o que chega a ser irritante. E as letras pequenas não ajudam muito, mas é possível dar um zoom para entender um pouco melhor.

Estética Atompunk

Muito associada à ficção científica dos anos 1950 a 1970, período dentro do qual o livro fonte foi publicado, em 1964, o retrofuturismo atompunk cai como uma luva. A mistura de analógico com o início do digital é bem executada. Na verdade, é animador ver mais um jogo de 2023 investindo nessa estética além de Atomic Heart. Inclusive, uma coisa que os dois jogos têm em comum é puxar a coisa para o lado mais soviético, isso porque o jogo (assim como o livro) faz uso da Guerra Fria como pano de fundo. Não chega a ser dito abertamente, mas qualquer um que não tenha faltado às aulas de história no ensino médio percebe facilmente.

Por mais que o Atompunk se faça bem presente no jogo, o que realmente chama a atenção no visual de The Invincible são as paisagens de Regis III. Desertos, cânions e cavernas dominam o cenário, mas não de uma forma entediante. Ao se encontrar em Regis, o jogador, além de ficar encantado com a direção de arte do jogo, com certeza vai querer explorar cada canto que der.

Leve, como a gravidade da Lua

Uma coisa que surpreende positivamente é que mesmo sendo um jogo exclusivo da nova (acho que já podemos chamar de atual) geração, ele é extremamente bem otimizado, e bem leve, tanto que toda a minha jogatina para esta análise foi exclusivamente no Steam Deck. 

O jogo inclusive conta com a verificação positiva para o portátil da Valve, e joguei com as predefinições automáticas, que estavam todas no alto. Esse fato, aliado ao bom enredo do jogo, levou-me a aproveitar The Invincible em qualquer momento que eu tivesse uma chance, fosse deitado na cama, em pausas ocasionais do trabalho, e confesso que até no banheiro (quem nunca levou um portátil ou até o celular pra jogar nesses momentos que atire a primeira pedra).

Me dou por vencido

De todos os jogos que fiz análise esse ano, The Invincible conquistou um lugar especial no meu coração. E cravou a certeza de que o 11 bit studios não se mete com jogos que não sejam realmente bons, e afirmo isso por colecionar todos os jogos desenvolvidos e lançados por eles. The Invincible é aquele jogo simples, lançado em um período (e ano) de vários jogos AAA que leva o jogador em uma experiência muito agradável tanto para o bolso como para quem busca descansar de lançamentos blockbusters. The Invincible não é para todo mundo, mas todo mundo deveria experimentar.

Prós

  • Enredo envolvente, que não te deixa largar o jogo;
  • Bem otimizado, mesmo sendo exclusivo de nova geração, não exige um hardware monstro para mostrar seu charme;
  • Estética Atompunk bem aplicada, e cenários belíssimos;
  • Exploração sem enrolação.

Contras

  • História curta, podendo ser finalizada em apenas seis horas de jogo;
  • Baixo fator de replay;
  • Mapa de exploração confuso, com letras bem pequenas.
The Invincible — PC/PS5/XSX — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PC 
Revisão: Vitor Tibério
Análise feita com cópia digital cedida pela 11 bit studios


Jornalista e aficcionado por jogos e quadrinhos. Aproveita a profissão para falar do que gosta. Atualmente, é redator aqui no GameBlast e colaborador no Mapingua Nerd.
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