Confirmando os temores e as expectativas trazidas na sua
Prévia,
Call of Duty: Modern Warfare III acabou se revelando uma verdadeira amálgama de ideias, boas e ruins. Conforme vamos conferir nesta análise, adições como o modo Zumbi são em geral positivas, mas novidades como a campanha ficaram aquém do necessário (mas não do esperado). Vista seu uniforme e prepare-se para a batalha, pois vamos começar!
Uma nova batalha
Inicialmente previsto como um DLC (mais detalhes da história na já citada matéria
prévia), Modern Warfare III acabou chegando como um título independente e com preço cheio em 10 de novembro para PC, PlayStation 4 e 5, e Xbox One e Series. Ele funciona literalmente como uma continuação do anterior, mantendo pontos como enredo sequencial, vários equipamentos e bases mecânicas e de jogabilidade.
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Rio quarenta graus |
Essa manutenção de boa parte do conteúdo, na minha opinião, só reforça a sensação de que o game seria uma expansão. De qualquer forma, uma parte dela pode ser considerada positiva: a produção técnica de MW III é ótima, com texturas caprichadas e efeitos visuais competentes. Telas de carregamento têm durações adequadas e o trabalho de som é efetivo, como no satisfatório ruído ao acertarmos um
headshot nos inimigos.
Destaco que vários desses pontos positivos já estavam presentes em MW II, agora levemente melhorados. Por outro lado, a criação do chamado Call of Duty HQ, que reúne todos os títulos recentes da franquia em um hub geral, tornou a entrada nos jogos um pouco mais lenta. Pelo menos a reunião geral de opções em um só lugar facilita a organização no menu principal do console.
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Três opções para (tentar) curtir o game |
Para continuar a matéria considerando a divisão de Modern Warfare III em três partes principais, farei o mesmo nesta análise. Vamos começar com a campanha do game, passando para o modo multijogador e depois o zumbi. Por fim, farei alguns comentários gerais sobre a integração com o battle royale Warzone e as conclusões finais.
Campanha chinfrim
Do trio de opções, certamente a Campanha é o ponto mais baixo. Ela até começa de forma interessante, colocando o jogador no papel dos vilões enquanto soltamos um chefe perigoso da prisão. A missão é bem dinâmica e apresentada, mas essa proposta não se aplica ao restante da história.
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O começo não embala o resto da campanha |
As missões se tornam mais vagas, e a ligação entre elas fica mais fraca. Personagens vão e vêm sem contexto adequado, com cutscenes esparsas, muitas delas estáticas. Isso é totalmente diferente dos jogos anteriores de Call of Duty, nas quais tivemos experiências mais coesas e imersivas, com pegada cinematográfica. Para não dizer que não há novidades significativas, existe um novo tipo de missão de “mundo aberto”.
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Faltou aquele enredo mais caprichado e bem dirigido |
Situadas em cenários bem grandes, elas, em teoria, permitem ao jogador agir de forma livre. Ou seja, atacar diretamente, agir sorrateiramente, etc. Na prática, elas são meio chatas por exigirem muita caminhada. Além disso, elas claramente foram construídas usando mapas reciclados de jogos anteriores, como Verdansk, do primeiro Warzone. No final, fiquei com a sensação de uma campanha produzida com pressa e sem o devido planejamento.
Multijogador de primeira
Passemos para o modo mais interessante de Modern Warfare III, que traz as partidas multiplayer. Os novos mapas são, em sua maioria, ótimos, com destaque para Rust e Skidrow, assim como Favela, cenário inspirado na famosa Cidade Maravilhosa, frisando que vários deles são remakes de jogos antigos. As novas armas também são ótimas, com uma seleção que não me faz sentir falta alguma da anterior.
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Temos várias novas opções para montar o nosso arsenal |
Outras novidades ficam por conta de algumas mecânicas de jogo importantes: a quantidade de vida foi aumentada, exigindo mira precisa por mais tempo e proporcionando chance para reação; temos o retorno dos cancelamentos de slide, agilizando os movimentos, e de recarregar, permitindo ao jogador voltar a atirar se necessário.
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Nada como aquela jogada épica |
Mais uma mudança é a atualização do minimapa, que agora pisca com a localização dos jogadores que atirarem sem silenciador. Todas essas novidades, entre outros ajustes, tornaram MW III mais divertido, conseguindo uma jogabilidade melhor que a anterior, que já era muito boa. Talvez seja a maior qualidade que tenhamos neste novo lançamento, que oferece diversão e desafio na medida certa.
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Modern Warfare III permite utilizar operadores, armas e acessórios de Modern Warfare II |
São muitas opções para as partidas multijogador: mata-mata em equipe, controle, zona de conflito, guerra terrestre, localizar e destruir... Basta escolher as suas favoritas e partir para o jogo. O sistema para obter novas armas, acessórios e demais customizações
— usadas em todos os modos do game
— é demorado, mas simples, bastando subir de nível e cumprir missões para liberar novidades, ao contrário do confuso MW II.
A volta dos que não foram
Finalmente chegamos ao modo Zumbi, visto por último em Vanguard e que retorna depois de ter ficado ausente em dois títulos. Vale frisar que é a primeira vez que um Modern Warfare recebe essa opção, que ao meu ver deve se tornar praxe para Call of Duty. Infelizmente, a versão atual de MW III não é exatamente o melhor exemplo a ser seguido.
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Prepare-se para partidas sem um minuto de sossego |
Não que ela não tenha as suas qualidades: ela funciona em um mundo aberto, com um mapa repleto de missões, segredos e, é claro, mortos-vivos. Após um determinado tempo, é necessário extrair do local; os espólios obtidos podem ser usados na próxima incursão, no estilo DMZ. É possível jogar sozinho ou com outros jogadores pela internet, opção perfeita para encarar monstros mais poderosos e aproveitar bem cada incursão.
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Derrote monstros perigosos no modo Zumbi |
Gostei razoavelmente desse modo, pois ele tem as bases de Outbreak, uma ótima opção Zumbi de Black Ops: Cold War. O problema é que esse novo mapa de MW III é, na realidade, voltado para o gênero battle royale e, inclusive, ele deve aparecer em Warzone num futuro próximo. Ou seja, ele não foi pensado para lutar contra os mortos-vivos, o que torna a experiência um pouco desfocada com muitos deslocamentos longos. Como a essência da proposta ainda é divertida, não é algo que comprometa a jogatina.
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Comprar uma arma aleatória pode ser uma experiência divertida |
Outra questão é que só temos a opção do mundo aberto e nada além disso. Ficou faltando o modo Zumbi original por ondas, que o tornou um favorito dos fãs. Nele, os jogadores progressivamente aumentam o mapa e adquirem mais habilidades e armas reforçadas para encarar desafios cada vez mais difíceis. Esses acabam sendo mais indicativos de que Modern Warfare III não estava pronto para ser lançado como um título único.
Warzone e perspectivas futuras
Considerando que MW III é mecânica e visualmente uma produção muito semelhante a Modern Warfare II, a integração com o novo Warzone foi suave. Tudo funciona razoavelmente bem, incluindo as novas armas e equipamentos. Claro que só o tempo vai confirmar essa relação, mas creio que a perspectiva futura seja positiva.
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O sistema de matchmaking também precisa melhorar, pois temos muitas partidas desequilibradas |
Positiva no que se refere à integração entre o battle royale gratuito e Modern Warfare III
— como no caso do mapa de Zumbi ser uma prévia do que veremos em Warzone
—, pois, para o jogo pago em si, será preciso mais. É chato ficar batendo na mesma tecla, mas a sensação de que ainda estou jogando MW II com um novo DLC é forte, sobretudo quando temos acesso a armas, cenários e animações que já conhecemos. Somente atualizações futuras repletas de conteúdo poderão consertar a situação.
A tendência, felizmente, é essa, pois os últimos títulos da franquia Call of Duty sofreram com lançamentos pouco brilhantes. O ponto aqui é que temos um caso inédito, cujas novidades positivas são discretas e obscurecidas pelas negativas, sem contar a repetição de elementos. Minha esperança reside na jogabilidade e nas mecânicas de jogo, ambas ótimas bases para que todo o resto seja melhorado e reconstruído.
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Ainda é possível se divertir com Call of Duty |
Confesso que o sentimento ao jogar MW III se parece muito com o que tive em EA Sports FC 24: games ainda divertidos em essência, mas com vários pontos negativos sérios e, principalmente, um passado recente repleto de problemas e de pouca inovação, sem justificativa razoável para lançamentos anuais com preço cheio. Eles podem até continuar vendendo, mas cada vez mais perdem real valor.
Um dever sofrido, por vezes divertido
Com boas novidades, isoladamente poderíamos considerar que
Call of Duty: Modern Warfare III é um bom jogo de tiro. O ponto é que o título chegou após a promessa de que não teríamos lançamento neste ano; pior, ele tem várias características que o deixam com cara de DLC com preço de jogo completo.
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Muitos problemas permeiam o novo título da Activision
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Felizmente, os tiroteios em si conseguiram ficar ainda melhores, com partidas mais dinâmicas e divertidas. Além disso, futuras atualizações poderão trazer o que ficou faltando e arrumar alguns dos problemas. Por enquanto, fica a dica somente para os fãs de carteirinha da franquia e que façam questão da novidade; para os demais, sugiro esperar por futuros descontos nas lojas.
Prós
- Jogo de tiro mantém um bom nível de diversão e desafio;
- Produção de ótima qualidade;
- Modo multijogador traz várias boas opções;
- Retorno do modo Zumbi, ainda que de forma incompleta, é providencial;
- Jogabilidade sólida e competente.
Contras
- Campanha pouco atrativa e confusa;
- Novidades positivas pontuais não justificam um lançamento completo e sim um DLC.
Call of Duty: Modern Warfare III — PC/PS5/PS4/XBO/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise redigida com cópia digital cedida pela Activision