Berzerk é o décimo clássico oitentista que se junta ao panteão agraciado com a repaginada que a Atari tem dado a títulos selecionados, os quais ela batiza com a nomenclatura Recharged. Logo, Berzerk: Recharged não foge da estrutura dos seus irmãos, mas consegue chamar a atenção por não ser mais um jogo de navinha.
Evil Otto, o perseguidor sorridente
No melhor estilo sobrevivência, controlamos um soldado que é o último de um grupo de exploradores em um planeta desconhecido. Esse local é controlado por Evil Otto, o líder de um exército de robôs intergalácticos, que ordena a perseguição do nosso herói solitário.
O esquema de jogo é simples: devemos atravessar o maior número de salas possíveis do labirinto espacial, eliminando inimigos. Cada ambiente tem uma disposição diferente de paredes, e à medida que progredimos, os inimigos trocam de cor, mostrando que estão mais fortes. A partida só termina quando somos transformados em pó.
O mais legal de Berzerk é que a presença de Evil Otto dita o ritmo acelerado da ação. Cada vez que entramos em uma sala nova, podemos abater os inimigos um a um ou simplesmente escapar rapidamente para o aposento seguinte. Se passamos muito tempo em um local, um contador surge em uma das portas e assim que ele zera, uma esfera gigantesca com um rostinho risonho aparece, e não adianta atirar, pois ela é indestrutível. A única maneira de sobreviver é correndo.
A jogabilidade não está muito distante do original de 1982, no qual temos que basicamente andar e atirar, mas há algumas inovações. Além de alguns poderes, como tiros que ricocheteiam pelas paredes, escudos e projéteis múltiplos, também é possível dar um dash curto.
A única coisa que me incomodou é não ter o tiro automático. É necessário utilizar os dois analógicos juntos: o esquerdo para movimentar o personagem e o direito para apontar a arma. Seria muito mais simples se os projéteis já fossem disparados assim que apontamos para uma direção, sem depender de mais um botão.
Lutando pela sua vida
Para dar uma variada no desafio de Berzerk: Recharged, o modo Arcade traz alguns modificadores, como retirar o dash, nos dar apenas um ponto de vida e até remover os power ups. A dificuldade do jogo tem um crescimento acentuado, mas recompensa o jogador com um multiplicador de pontuação bastante generoso. Entretanto, ele se torna bastante repetitivo, pois não há um final: o foco está em ver o tamanho da sua pontuação e quantas salas diferentes visitou em uma única corrida.
Já o modo de Missões trouxe uma abordagem um pouco diferente e direta ao ponto. Em todos os outros Recharged, ele tinha como objetivo alcançar uma pontuação, exterminar um número de inimigos usando um mesmo poder ou sobreviver por um tempo específico, variando bastante entre os jogos.
Em Berzerk, o objetivo é sempre o mesmo: exterminar todos os robôs inimigos em labirintos limitados, antes que Evil Otto te pegue. E se, por um lado, ter sempre o mesmo objetivo pode ser um pouco cansativo, por outro há a possibilidade de traçar estratégias que nenhum outro título desta franquia possibilitou antes.
O número de salas sempre é determinado logo no começo, diferentemente do Arcade, que tem que durar infinitamente. Como é possível ficar trocando de ambientes livremente, isso abre margem para alguns movimentos, como retornar a um aposento anterior só para reiniciar a contagem para Evil Otto aparecer, ou até mesmo ter um refresco para eliminar aos poucos as levas de criaturas. Mesmo assim, a alta repetitividade acaba cansando, tal qual o Arcade.
Outro detalhe que contribui com essa sensação de estar sempre fazendo a mesma coisa são os inimigos. Eles mudam de cor, como citei um pouco antes, mas é só isso. São sempre os mesmos, não importa se passarmos por cinco ou por 50 salas.
Por fim, como não poderia faltar, as conquistas de Berzerk: Recharged homenagearam uma banda famosa. A escolhida da vez são os Rolling Stones, e eu reuni esta seleção em uma playlist para vocês. Confiram:
Uma ideia diferente, em partes
Quando analisei Quantum: Recharged, ressaltei o quanto estes títulos repaginados precisavam reinventar sua apresentação. Berzerk: Recharged foi uma ótima resposta, em diversos sentidos. Ainda temos alguns problemas que ficam cada vez mais evidentes com a replicação exaustiva do mesmo molde para a série toda, mas só por trazer uma proposta diferente, esse jogo merece destaque.
Prós
- Trazer um tipo diferente de shooter foi uma ótima sacada;
- A ideia de fugir de uma ameaça indestrutível ajuda a manter o ritmo frenético;
- A mudança no modo Missões pode ter sido discreta, mas fez muito bem para o jogo;
- Evil Otto tem um sorriso carismático.
Contras
- Os mesmos tipos de inimigos aparecem exaustivamente, só trocando as cores;
- Se torna repetitivo muito facilmente, mesmo com as opções do Arcade e as Missões;
- Seria melhor se o analógico direito já atirasse ao mesmo tempo que miramos, ou pelo menos tivesse a opção de auto-fire.
Berzerk: Recharged — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.5Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise com cópia digital cedida pela Atari