Franquias de games: A persistência da fórmula ou a busca por inovação?

Será que toda franquia precisa se reinventar a cada lançamento, ou não faz mal a ninguém manter uma receita de sucesso?

em 07/10/2023


Na história dos videogames, grandes franquias de jogos marcaram o seu nome por diferentes motivos: história, gameplay, detalhes técnicos, direção artística e muitos outros. Nomes como Mario, Halo, God of War, Mass Effect e muitos mais são facilmente reconhecíveis, assim como seus jogos por esses mesmos detalhes. Ao fazer sucesso com o público e a crítica, qualquer jogo tem grandes chances de se tornar uma franquia. Mas quais fatores determinam que essa franquia continue relevante? As inovações apresentadas a cada jogo, ou o respeito à tradição do que vem sendo feito?


Certas franquias são conhecidas por mudanças e criatividade a cada lançamento, de exemplo podemos citar The Legend of Zelda, que por mais que seus jogos compartilhem elementos iguais ou semelhantes, trazem mecânicas, artes e outras inovações que os tornam únicos. Mesmo que possuam o mesmo estilo artístico, Breath of the Wild e Tears of the Kingdom se destacam facilmente como jogos completamente diferentes.  

Outras já preferem seguir o pensamento “não se mexe em time que está ganhando”, com o principal exemplo sendo as grande franquias de FPS, que costumam trazer mudanças pontuais ou inovações que se tornam marcas de seus jogos, como a movimentação dinâmica de Gears of War, o esquema Battle Royale de PUBG e Fortnite (que tem também o diferencial de construção), ou os operadores de habilidades específicas de Battlefield. Outro exemplo bem famoso são os jogos da FromSoftware, conhecidos pela sua temática sombria e jogabilidade difícil, que lhes rendeu até a origem de um novo gênero de jogos, os “soulslike”.  

A formula de Darksouls fez sucesso, e conquistou uma legião de fãs.
Também há franquias que apostam em um equilíbrio entre os dois, apresentando novidades e mantendo a tradição, nesse caso, podemos citar Fallout, que mesmo ao se reinventar, manteve o cerne da franquia intacto ao mesmo tempo que apresentava novas formas de jogar, saindo da visão isométrica para RPGs de ação em primeira e terceira pessoa.

Esses fatores de inovação e tradição também podem acabar se tornando a causa da queda de uma franquia. Com inovações em excesso, se descaracterizando a cada lançamento, acaba-se perdendo a ligação com os fãs. E sem trazer nada novo que chame a atenção, não se consegue renovar o público. 

Bomberman Zero é um exemplo dos excessos pela busca de inovação, ou de mudanças. Lançado como exclusivo do Xbox 360 em 2006, o jogo em nada parecia com o clássico criado pela Konami, abusando de um visual mais sombrio, sujo e tecnológico no lugar dos sprites fofos e coloridos. Para não dizer que não era um Bomberman, a jogabilidade clássica se manteve: Distribuir bombas pelo mapa, com visão de cima, buscando eliminar inimigos. Porém, além do problema visual já citado, o jogo cometeu outro pecado: não possuía multiplayer local, algo que até hoje é marcante na franquia. Para explicar esse erro, é preciso primeiro dar nome aos bois: quem desenvolveu essa versão foi a empresa Hudson Soft, que tinha como foco jogadores de Gears of War e Call of Duty. A Konami apenas licenciou a marca e fez a distribuição mundial. Mas com o resultado de apenas 20 mil cópias vendidas e análises detonando o jogo,a Konami aprendeu a lição, retornando a franquia aos moldes clássicos.

O horror... O horror!!

E se mudar demais pode dar problema, não mudar também. Crackdown 3 foi anunciado em 2014, mas só foi lançado em 2019. Foram necessários 5 anos de desenvolvimento que não apresentaram nada de novo. É sério: em diversas análises, o game é apontado como “apenas uma evolução gráfica de Crackdown 2”, ou como “um jogo genérico, com armas genéricas e história genérica”. Apesar de divertido, a falta de novidades acabou afastando boa parte dos jogadores. Ao se falar de Crackdown 3 nos dias de hoje, um dos poucos pontos elogiados é a destruição massiva que pode ser causada no mundo do jogo.  Outra franquia que segue essa filosofia de não mudar ou mudar o mínimo possível é a EA FC, antiga série FIFA já citada mais acima. Há anos, os jogadores compram praticamente o mesmo jogo, com poucas mudanças. E a cada lançamento, as reclamações pela falta de inovação só vêm aumentando. Por mais que faça sucesso com o seu público, EA FC tem desagradado cada vez mais a comunidade gamer em geral, se tornando motivo de piada.

Acredite, esse é um jogo atual. Já é hora de mudar mais do que o nome da franquia... 

A questão é que não existe um padrão. A aplicação de mudanças ou não é um jogo de sorte, pode dar muito certo ou muito errado. O resultado só é descoberto com o lançamento, e a reação do público ao que foi feito. O mercado de games está cheio de histórias de sucesso e fracasso. E mesmo que uma franquia tenha sucesso no caminho da reinvenção, isso não significa que ela vá acertar todas as vezes. O gosto e interesse do público muda o tempo todo, de acordo com o que lhes é apresentado. 

Mas e você? Tem uma opinião diferente a respeito do assunto? Conta pra gente nos comentários. É sempre bom abrir espaço para debates. 

Revisão: Thais Santos


Jornalista e aficcionado por jogos e quadrinhos. Aproveita a profissão para falar do que gosta. Atualmente, é redator aqui no GameBlast e colaborador no Mapingua Nerd.
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