Impressões: Relic Hunters Legend (PC) é um promissor e carismático loot shooter brasileiro

O novo título da série tem boas ideias e visual elaborado, por mais que muito ainda esteja em estágio inicial.

em 25/09/2023

No universo de Relic Hunters Legend, caçadores de relíquias tentam reaver as memórias de um passado roubado por um tirano em uma ágil aventura de tiro e ação. Além do tiroteio frenético, o título do estúdio brasileiro Rogue Snail tem sistemas inspirados em loot shooters, como equipamentos de diferentes raridades e eventos disponíveis por tempo limitado. Lançado em Acesso Antecipado, o jogo impressiona com sua ambientação caprichada, recursos online e boas ideias, mas ainda precisa desenvolver melhor o seu conteúdo.

Buscando relíquias para restaurar o passado

Duque Ducan, o tirano que comanda um regime que oprime toda a galáxia, foi capaz de roubar o passado. Com isso, ele alterou as memórias e acontecimentos, o que fortaleceu seu império de terror. Para tentar resolver a situação, um grupo chamado Relic Hunters explora toda a galáxia em busca de artefatos para desfazer a bagunça e restabelecer a liberdade. Em suas viagens, os caçadores encontram Seven, um indivíduo misterioso que parece ser capaz de viajar pelo tempo. Com esse novo companheiro, a equipe vai além, desbravando diferentes linhas temporais em busca de respostas.


No controle dos rebeldes, participamos de diferentes missões pelo universo cujo principal objetivo é derrotar os lacaios de Duque Ducan. Os comandos são simples, com uma alavanca para mover o personagem e a outra para apontar as armas, e os heróis contam com movimentos de esquiva e ataques especiais. Há um toque de RPG com equipamentos diversos que alteram atributos e ataques dos heróis.

Não há muito mistério na jogabilidade, afinal apontar, atirar e esquivar são ações intuitivas. Porém, os personagens oferecem diversidade estratégica, pois cada um deles tem estilo próprio de jogo: Ace é capaz de distrair inimigos com um sanduíche falso e voa pelo ar com sua mochila de jato; Pinky destrói os oponentes com grandes luvas; Raff fortalece os aliados com o som da sua guitarra; já Seven usa de agilidade para acabar rapidamente com os alvos.


A técnica é importante para sobreviver aos desafios do jogo, mas só isso não é suficiente. Para avançar pelas missões, é essencial fortalecer os heróis, os equipamentos e as armas, pois os inimigos ficam mais numerosos e resistentes conforme avançamos. Por sorte, o mundo de Relic Hunters Legend oferece inúmeras opções de customização, como árvores de habilidades, itens de diferentes raridades e melhoria de equipamentos.

Em tiroteios frenéticos e diversos

Lembro-me de ter me divertido muito com Relic Hunters Zero, predecessor de Legend. Zero também era um jogo de tiro com duas alavancas de execução modesta e descomplicada, bastando atirar e correr para vencer. O título era bem simples, mas era também ótimo para partidas rápidas.


Relic Hunters Legend é uma evolução significativa de Zero, resultando em uma experiência mais robusta e completa. A ideia básica de apontar e atirar está intocada, mantendo a diversão frenética característica do gênero. Mas, dessa vez, há mais o que fazer nos cenários, como se esconder atrás de caixas, subir em pontos mais altos ou saltar para diferentes áreas. A inclusão desses elementos traz dinamismo às partidas, afinal há mais opções a serem consideradas durante os tiroteios.

Há diferentes tipos de missões, o que ajuda a trazer variedade. Algumas têm estrutura tradicional, como derrotar ondas de inimigos ou explorar mapas com um chefe no final. Já outras têm ideias curiosas, como defender um veículo de ataques, impedir que grupos de oponentes alcancem um acampamento aliado ou uma tarefa em que precisamos ativar brocas. Há também missões narrativas que desenvolvem as histórias dos personagens.


Ao meu ver, a inclusão de tipos de missões é notável, afinal ajuda a diminuir a mesmice do gênero. Além disso, as versões mais difíceis têm algumas modificações, como oponentes com escudos e outras melhorias, o que exige estratégias diferentes. No entanto, a execução ficou devendo um pouco: em sua essência, todas elas se resumem em derrotar inúmeros inimigos com pequenas variações nas regras. Para uma versão de lançamento de Acesso Antecipado está suficiente, contudo torço para que modificações sejam feitas para deixá-las mais diferentes entre si.

Em um universo cooperativo em constante mutação

A alteração mais significativa de Relic Hunters Legend é o formato online com elementos de loot shooter, ou seja, com coleta e melhora de equipamentos de diferentes raridades. Além do conteúdo tradicional, o jogo terá eventos de duração limitada, elementos cosméticos e introdução constante de conteúdo, características essas que nos incentivam a revisitá-lo com frequência.

As missões são pensadas para serem jogadas por até quatro participantes. Um exemplo é uma fase na qual grupos de inimigos atacam simultaneamente de locais distintos, o que é uma ótima oportunidade para dividir os aliados em duas frentes. Já em outras, os oponentes são fortes demais, então é essencial juntar as forças com outros jogadores. Todo o conteúdo pode ser aproveitado sozinho, mas não é o ideal: para dar conta dos desafios avançados, é necessário um pouco de grind.

No lançamento no Acesso Antecipado há bom volume de atividades, inclusive algumas mais avançadas, como missões de desafio altíssimo que têm como recompensa itens do tipo Épico. Aqueles que gostam de montar combinações poderosas de equipamentos vão ter muito o que fazer, pois há inúmeros itens e relíquias para descobrir e coletar, com direito a sinergias poderosas.

No entanto, logo o conteúdo se mostra limitado. A diversidade de inimigos é reduzida, com os poucos monstros aparecendo repetidamente pelos cenários; as armas têm poucas diferenças entre si fora seus atributos básicos; os estágios e missões são parecidos e carecem de identidade. Claro, tudo isso é justificável, afinal muito deve mudar no decorrer do desenvolvimento no Acesso Antecipado.

Desbravando uma galáxia estilo cartum

Uma ambientação colorida e com visual de desenho animado traz carisma ao universo de Relic Hunters Legend. Os cenários e personagens são belamente desenhados, e os heróis, em especial, esbanjam personalidade. Há, inclusive, algumas cenas animadas impressionantes que enriquecem a atmosfera. A trama é simples, porém as missões de história são elaboradas o suficiente para nos deixar envolvidos.


Um detalhe que particularmente me incomodou foi a interface do jogo, que tem alguns elementos poluídos. Pop-ups com avisos insistentes aparecem a todo momento, certas funcionalidades são um pouco confusas (como identificar com clareza o espaço livre restante na mochila) e alguns menus são difíceis de navegar (como a aba de conquistas). Além disso, o mapa é visualmente carregado, tornando complicado identificar rapidamente que missões estão disponíveis ou não. Torço para que esses aspectos sejam revisados no futuro.

Tecnicamente, o título roda bem e conta com opções para customização. Como a sua engine é leve, é tranquilo aproveitá-lo em resolução 4k ou com altas taxas de quadros. Porém, durante as missões, encontrei alguns bugs, como inimigos se movendo para partes inalcançáveis dos cenários, mas nada muito impactante.



Uma jornada em construção a ser acompanhada de perto

Relic Hunters Legend é uma ágil e carismática aventura repleta de tiroteios frenéticos. As mecânicas de tiro são simples, mas personagens com diferentes habilidades e diferentes tipos de armas e desafios tornam os embates empolgantes. Além disso, o universo elaborado pensado no multiplayer online cooperativo nos convida a voltar constantemente para conferir as novidades.

No lançamento em Acesso Antecipado o jogo impressiona com uma base sólida: a diversidade de tipos de missões é boa, o sistema de coleta e melhoria de equipamentos é engajante, e o visual é caprichado. Porém, em uma olhada mais atenta, percebe-se que há muito a amadurecer, como o conteúdo de variedade limitada e alguns detalhes confusos na interface. Naturalmente, essas questões devem ser sanadas no decorrer do desenvolvimento.

No mais, Relic Hunters Legend já oferece uma ótima experiência e tem qualidades para melhorar ainda mais no futuro.

Revisão: Vitor Tibério
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Gearbox Publishing

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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