Análise: NBA 2K24 (Multi) ganha uma apertada partida em meio a turnovers e um plus-minus negativo

Com praticamente nenhuma novidade positiva relevante, o game de basquete se mantém como uma boa, mas limitada opção.

em 20/09/2023

Se por vezes é difícil trazer grandes jogos eletrônicos após anos de produção, imagine esperar um impacto significativo ao lançar uma sequência após aproximadamente 12 meses do lançamento anterior. NBA 2K24, o mais novo título da principal franquia de basquete da atualidade, é um exemplo desse problema. Pegue a sua jersey favorita e amarre bem os tênis, pois vamos conferir tudo sobre ele nesta análise.

Mudando sem mudar

Uma crítica recorrente aos jogos do gênero de esporte é a relação entre a frequência de lançamento e a adição de novidades: com novos títulos saindo anualmente, muitas vezes recebemos games muito semelhantes aos do ano anterior. Falando especificamente desta análise, confesso que não vi diferenças significativas da minha última matéria sobre a franquia NBA.
Dois anos na nova geração e ainda na espera por novidades significativas
E olha que meu último texto foi sobre NBA 2K22; ou seja, dois anos atrás, o que daria mais tempo para termos novidades. Infelizmente, continuamos sem melhorias consideráveis; ao contrário, algumas das poucas mudanças acabaram sendo mais negativas do que positivas. Antes de mais nada, vamos àquilo que permanece basicamente a mesma coisa há algum tempo.
 
Se o leitor pensou “gráficos”, então a resposta está correta. Visualmente, NBA 2K24 funciona bem o suficiente durante as partidas, mas sem nenhum destaque. Na realidade, certos close-ups nos rostos por vezes demonstram que o tempo está chegando para a franquia e que será preciso inovar em breve. Aliás, o game até trouxe alguma inovação com o chamado ProPLAY, um recurso que simula mais fielmente movimentos dos jogadores.
Durante as partidas as coisas funcionam bem
O problema é que que, além de exclusivo da nova geração de consoles, ele é bastante situacional, aparecendo pontualmente ao longo das partidas; ou seja, nada significativo. Confesso que pior do que não ver evolução nos visuais é começar a ficar incomodado com eles. Afinal, já estamos no terceiro título para a nova geração de consoles e ainda estamos com os gráficos da anterior.
Confesso que não esperava ver algo desse nível em um título novo para PlayStation 5
Ao menos a seleção de músicas e a narração continuam ótimos em NBA 2K24. Menus e demais efeitos visuais são positivos, assim como o desempenho, que é muito suave e com poucas e breves telas de carregamento. Por outro lado, tal como os seus predecessores, ele sofre com a falta de localização para o português brasileiro, lembrando que o Brasil é um dos principais consumidores da franquia NBA no mundo.

As regras do jogo

NBA 2K24 é dividido em vários modos de jogo diferentes. Vamos começar por uma das poucas novidades do título: o modo MyNBA é uma opção muito interessante, sobretudo para quem curte a NBA e seu passado glorioso. Por meio dele, é possível disputar partidas e ligas completas como se estivéssemos em períodos históricos, como a Era Jordan e a Era Magic vs. Bird. Embora seja possível acessar esses times de outras formas (como vamos ver), essa proposta torna tudo mais orgânico.
Reviva o passado glorioso do basquete norte-americano
Em homenagem póstuma ao craque Kobe Bryant, que vestia a camiseta de número 24, o título traz o modo chamado Mamba Moments. Ele revive momentos marcantes da carreira do atleta por meio de missões específicas situadas em partidas reais da NBA. Nada muito incrível, mas não deixa de ser uma adição interessante.

Já o Play Now continua basicamente o mesmo, trazendo partidas rápidas, basquete de rua, tutoriais e até eventos inspirados nas rodadas da liga na vida real. A jogabilidade também não mudou muito em relação aos últimos títulos, mas isso é um ponto positivo: ela é sólida e funciona bem, oferecendo recursos adequados para ambos amadores ou profissionais na franquia NBA 2K.
Podemos escolher entre elencos atuais, clássicos e melhores de todos os tempos
A WNBA, liga feminina norte-americana de basquete, ganhou mais espaço neste ano. Além de disputar partidas com equipes como Las Vegas Aces e New York Liberty, também é possível participar de campeonatos e até criar uma atleta para começar uma carreira rumo ao topo. Esse último modo não é tão vistoso quanto o MyCareer (que veremos na sequência), mas apresenta o suficiente para divertir.

Online para que te quero

Passamos agora para os modos competitivos, que apresentam uma proposta voltada à interação e à disputa contra outros jogadores pela internet. O primeiro é o MyCareer, que permite a criação completa de um atleta: rosto, constituição física, habilidades, roupas, etc. Depois disso, escolhemos um time e começamos a nossa carreira na liga de basquete mais famosa do mundo.
Ver seu personagem se integrar a uma equipe famosa é bem legal
Além de se preocupar com seu desempenho na NBA, o jogador também conta com um grande hub repleto de missões, colecionáveis e outros jogadores. Chamado de The City, ele traz vários tipos de atividades, incluindo andar de skate e fazer tatuagens. A questão é que esse modo é permeado por microtransações, que condicionam a aquisição de acessórios, animações e, claro, pontos de habilidade.
Embora tenha potencial, a The City ainda não se tornou uma parte interessante do game
Além disso, os visuais da The City são simplistas demais; afinal, temos aqui um título de basquete e não um “GTA 2K24”. Confesso que preferia mais qualidade no game em si do que correr por uma praia saída do PlayStation 3 ou cuidar da chata rede social do MyCareer. Também seria melhor focar nos elementos mais interessantes desse modo carreira, como a busca pelo título de GOAT, a expectativa do pai do protagonista que já foi atleta e coloca pressão no filho, entre outros.
O MyCareer conta até com comentários exclusivos para o jogador
O segundo modo competitivo é o MyTeam, semelhante ao Ultimate Team (ou FUT) do FIFA. Nele, temos a liberdade (teórica) de construir uma equipe dos sonhos por meio de cartas de jogadores, técnicos, uniformes, entre outras. Quer ver LeBron James e Stephen Curry na mesma equipe, como vimos no All-Star Game de 2021? Ou quem sabe colocar lado a lado Bill Russell e Wilt Chamberlain? Claro, em teoria não tem problema.
É sempre difícil escolher uma carta quando abrimos um pacote
A questão é que esse modo de jogo é ainda mais dependente das microtransações. Os melhores atletas estão escondidos por trás de loot boxes cruéis, sendo que os recursos necessários para comprá-las são demorados de obter (ou caros de comprar). Para piorar, nesta edição não existem mais as audições para compra e venda de cartas repetidas ou que não sejam mais interessantes.

A diversão ainda está lá

Quero deixar claro que ambos MyCareer e MyTeam, mesmo com os problemas que reportei, são interessantes e, até certo ponto, viciantes. É muito divertido ver seu atleta subir de um mero calouro com potencial a alguém respeitado na liga, com direito a comentários de colegas e imprensa. Conseguir novas habilidades e aprimorar as antigas também é bem legal.
"And one!"  Dois pontos e a falta
O mesmo vale para conseguir montar aquele elenco com cartas de jogadores famosos, como Jerry West e LaMarcus Aldridge. Personalizar os uniformes e a arena, além de criar e aumentar as habilidades dos atletas, também são tarefas divertidas. Temos vários tipos de partidas, missões e desafios diferentes para disputar e conquistar nesses modos.
Nada como subir de nível e obter boas recompensas
Pena que tenhamos as complicações que citei anteriormente, que no longo prazo tornam os desafios cada vez mais difíceis de superar. Na realidade, faltou mais uma crítica quanto aos modos competitivos: as partidas online contra outros jogadores. Em sua maioria, elas sofrem com a baixa qualidade da conexão; em particular, temos um lag considerável, que fica evidente, por exemplo, quando tentamos arremessos de três pontos.

É frustrante ver o game limitar a capacidade do jogador dessa forma, tornando certas partidas intragáveis. Afinal, não basta por vezes o adversário ter um time muito melhor, mas ainda por cima é preciso lidar com problemas na (des)sincronia entre comandos e ações. Outros jogos com foco online, como FIFA e Call of Duty, não apresentam tantas dificuldades para mim, o que só agrava a situação, deixando claro que o problema acontece apenas aqui.

Um marcante tocasso (ou seria "tocaço"?)
O negócio é focar nas partidas locais e jogar as disputas online de sangue doce. Inclusive, disputar com um amigo ao lado certamente é uma grande atração de NBA 2K24. Há muita diversão em fazer uma bela ponte aérea ou acertar um humilhante ankle breaker. Como eu disse antes, partidas offline são mais “saudáveis” e trazem, em geral, uma competição mais justa.

Na espera por reforços

Se o leitor busca diversão descompromissada, então NBA 2K24 é uma boa opção. Existem muitos modos de jogar o game, com direito a várias customizações, times e desafios diferentes. Agora, se o seu foco são as partidas competitivas, é preciso ter cuidado com a conexão e a carteira. Talvez se a produção visual fosse de primeira teríamos mais razões para suportar esses problemas, mas infelizmente fica aqui a sugestão somente para os fãs da franquia de basquete e de games de esportes em geral.

Sabrina Elaine Ionescu, da equipe New York Liberty, é um dos destaques do game

Prós

  • Bom jogo eletrônico de basquete para fãs e entusiastas de esportes no geral;
  • Jogabilidade oferece muitos recursos para defender, driblar, passar e fazer cestas de forma divertida;
  • A produção é competente durante as partidas em si;
  • MyTeam e MyCareer são boas opções para construir, respectivamente, seu time e atleta personalizados;
  • Demais modos de jogo trazem experiências interessantes, sobretudo o MyNBA, que reúne várias gerações da liga de basquete norte-americana.

Contras

  • As microtransações se tornaram fundamentais para ter sucesso nos modos que a utilizam;
  • Problemas de conexão (quase) sempre tornam as partidas online frustrantes;
  • A qualidade dos visuais começa a deixar a desejar.
NBA 2K24 — PC/PS5/PS4/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Davi Sousa
Análise redigida com cópia digital cedida pela 2K


é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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