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Impressões: Logiart Grimoire leva para o PC a magia dos puzzles lógicos pixelizados

Pinte quadrados para desenhar imagens de baixa resolução neste elegante e envolvente quebra-cabeça.


Em Logiart Grimoire, precisamos resolver puzzles para restaurar um livro mágico. Nos quebra-cabeças, usamos informações para pintar quadrados e formar uma imagem pixelizada — o conceito é simples, mas os desafios mais avançados costumam ser bem complicados. Produzido pela Jupiter, que é responsável pela série Picross, o jogo traz todas as características já conhecidas da franquia e introduz algumas poucas novidades. Lançado em Acesso Antecipado, o título já está bem completo e só precisa de alguns ajustes.

Quebrando a cabeça para descobrir desenhos

Um tomo tinha todo tipo de feitiço e encantamento, mas seu poder se corrompeu e praticamente todo o seu conteúdo foi obscurecido. Emil, o guardião do livro, descobre que para restaurar o grimório é necessário resolver inúmeros Logiarts, que são enigmas escondidos em suas páginas. Sendo assim, ajudamos o feiticeiro na tarefa resolvendo inúmeros puzzles.


Nos quebra-cabeças do jogo, o objetivo é pintar quadrados em um tabuleiro a fim de formar uma imagem pixelizada. Para isso, nas bordas da área de jogo encontram-se números que indicam quantos espaços contínuos estão presentes naquela linha ou coluna. Quando aparece mais de um algarismo, é necessário separar os grupos com um espaço. Por exemplo, a sequência 5 3 aponta que na linha ou coluna em questão há dois blocos de cinco e três quadrados pintados separados por um espaço em branco.

Cada um dos puzzles tem uma única solução, então precisamos usar as informações em conjunto com algumas técnicas, como marcar com X espaços em branco e com um losango os pontos em dúvida, para resolver os enigmas. Além disso, intuição e experimentação também são importantes: cada quebra-cabeça tem um texto que dá uma dica do que pode ser a imagem final.


As mecânicas são simples e elegantes, mas isso não quer dizer que é tudo fácil; pelo contrário, os tabuleiros maiores são um desafio e tanto. Por sorte, o jogo conta com vários recursos para ajudar. Além de um tutorial detalhado, algumas opções auxiliam na resolução dos puzzles, como indicação de inconsistências ou uma roleta que revela completamente uma coluna e uma linha no início da partida. Os recursos de assistência são opcionais, então jogadores avançados podem ter uma experiência sem interferências.

Perdendo-se em enigmas envolventes e elegantemente simples

A experiência como um todo de Logiart Grimoire é hipnotizante: particularmente, me sinto muito envolvido tentando interpretar as dicas para resolver os puzzles lógicos. A atmosfera é calma e sem pressão, então é fácil perder a noção do tempo nos estágios. A curva de aprendizado depende muito de cada pessoa, principalmente nos tabuleiros maiores em que é necessário tentar inferir onde estão os espaços por causa das poucas informações disponíveis. Mesmo assim, a graça está em dominar essas nuances e avançar.


Em uma primeira olhada, a sensação é de que esta é basicamente mais uma versão de Picross exceto pelo nome, afinal a interface e as ferramentas são similares. Para tentar se diferenciar, Logiart Grimoire introduz a mecânica de fusão: certos puzzles só são desbloqueados ao mesclar dois ou três materiais específicos. Uma breve descrição dá pistas do que precisamos usar e as combinações possíveis recebem uma cor diferente. A ideia é interessante, mas a execução é tão simples que o impacto é mínimo.

Já na parte de controles, arrisco dizer que este título oferece as opções mais ágeis e precisas. Usar o mouse para resolver os puzzles é extremamente intuitivo, pois cada um dos três botões ativa uma das marcações. O jogo conta também com recursos valiosos da última interação para Switch, como uma linha do tempo que permite rebobinar as últimas ações, sendo perfeito para identificar e desfazer algum movimento que resultou em erros subsequentes.


A versão de lançamento de Acesso Antecipado tem 230 puzzles, que refletem a expertise da desenvolvedora que trabalha na série faz anos com muitos desafios instigantes. Um ponto positivo é que a progressão não é linear: muitos enigmas difíceis aparecem logo, então jogadores veteranos não são mais forçados a completar os estágios simples para poder acessá-los. Mesmo em estágio inicial, há muito para aproveitar aqui.

No entanto, a simplicidade do pacote como um todo incomoda. A interface com tons de roxo e azul é bonita, e o feiticeiro Emil como navegador traz personalidade ao universo do jogo. Porém, alguns detalhes deixam a experiência cansativa, como a presença de uma única música e variação visual inexistente. Além disso, o conteúdo é um retrocesso em relação à série Picross S, com a ausência das variações de puzzle Color, Mega e Chip. Torço para que essas questões sejam melhoradas no decorrer do desenvolvimento.



Uma mágica que já vale a pena

Logiart Grimoire encanta com seus puzzles variados. As regras são simples, porém há várias nuances para serem dominadas, especialmente nos enigmas maiores — experimentação, observação e pensamento lógico são essenciais para avançar. Às vezes as coisas podem parecer impossíveis, porém há vários recursos para auxiliar na resolução, como rebobinar movimentos ou receber dicas.

A desenvolvedora Jupiter trouxe todo o seu expertise da série Picross e montou um jogo de qualidade que já conta com 230 estágios interessantes, controles intuitivos e interface caprichada. No entanto, ainda há o que melhorar: a trilha sonora consiste de uma única música e os outros estilos de puzzles presentes nos últimos Picross fazem falta. Naturalmente, isso deve mudar no decorrer do desenvolvimento.

Se gosta de puzzles simples, elegantes e meditativos, Logiart Grimoire é imperdível e possivelmente ficará ainda melhor com o passar do tempo.

Revisão: Ives Boitano
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Jupiter

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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