Sobre humanos e monstros
Tudo começa com a queda de um Wooly (um monstro que se assemelha a uma ovelha) dourado em uma pequena cidadezinha do interior. Lá, ele é salvo por uma jovem garota chamada Shara, que decide cuidar do pobrezinho, mas, após recuperar suas forças, ele foge e se transforma no nosso protagonista.
Como um jovem rapaz que perdeu suas memórias, temos a oportunidade de refazer nossa vida nesta pequena vila, trabalhando em prol da melhoria da comunidade local. Tendo em nossas mãos uma casa em cima da grande árvore de Sharance, podemos plantar vegetais e flores, além de aos poucos desbloquear novas ações.
Conforme o protagonista explora as dungeons ao redor da vila, aos poucos descobrirá os detalhes sobre o seu passado e o da própria região. Um ponto bem importante do jogo é a questão da convivência entre humanos e monstros, com um conflito entre os dois grupos sendo parte central da trama.
Quanto à história, vale destacar que Rune Factory 3 Special conta com uma nova tradução que é muito agradável e explora bem as naturezas dos personagens, Além disso, ele adiciona um modo Recém-Casado, como o que estava presente no 4 Special. Com isso, temos a oportunidade de explorar um pouco mais do que acontece após a trama original com as respectivas opções de mulher com a qual nosso protagonista se casa.
Um ciclo viciante de gameplay
A franquia Rune Factory como um todo é baseada na mistura de simulação de vida e RPG de ação. Com sua origem na série Bokujou Monogatari (conhecida antigamente como Harvest Moon e, agora, Story of Seasons), temos então uma forte relevância do gerenciamento de uma fazenda e de atividades como pescaria e produção artesanal.
Essas atividades produtivas são fontes importantes de dinheiro, mas o que torna realizá-las viciante é o fato de que nossas habilidades vão aumentando a cada nova tentativa. Até mesmo ações como dormir, comer e andar possuem seus próprios níveis, afetando atributos como HP, força, vitalidade e afins.
Muitos desses elementos são pouco explicados e apresentados dentro de submenus, deixando alguns sistemas obscuros. Isso é um problema que se estende para vários âmbitos do game, já que nem mesmo temos uma indicação clara da energia que será gasta ao cozinhar ou criar alguns itens em outros mecanismos de artesanato.
O combate também segue o mesmo esquema, sendo importante usar repetidas vezes a sua arma preferida para poder melhorar suas habilidades, desbloqueando golpes carregados e ataques mais poderosos. Ao se transformar em Wooly, nosso personagem passa a atacar com os próprios punhos, não podendo utilizar outros equipamentos.
De volta em HD
Em termos gráficos, Rune Factory 3 Special é uma grande atualização HD do título original. Os personagens e ambientes agora possuem modelos bem detalhados, mas infelizmente há um efeito borrado que faz com que os ambientes destoem da interface.
Além disso, alguns objetos importantes acabam ficando misturados com o cenário sem um bom indicador de que eles são interativos. Por exemplo, se eu não tivesse jogado 4 Special e 5 antes, eu não teria tentado usar a foice para cortar as flores que vi no caminho para obter energia, porque elas parecem apenas um enfeite do ambiente.
Outro elemento negativo é a restrição de que o jogador só pode realizar uma missão por dia. Embora seja possível ignorar isso utilizando os três quadros como fontes de missões consecutivas, a sensação é de uma barreira totalmente artificial contra o progresso do jogador.
Para alguns jogadores, também é importante ressaltar que o jogo só possui protagonista masculino e opções de interesse romântico feminino. Para quem preferir mais diversidade, pode valer mais a pena ir para Rune Factory 4 Special (ambos os gêneros, romances hétero) e 5 (ambos os gêneros, romances bi).
Em termos específicos da versão de PC, vale destacar que ela segue o mesmo padrão do 4, tendo um menu externo de configurações satisfatório para ajustar elementos gráficos. Com ele, podemos mudar a resolução e alterar a ativação de vários efeitos específicos como anti-aliasing, sombras, pós-processamento e v-sync. Também é possível ajustar as configurações de controle e as línguas para o áudio (inglês ou japonês) e texto (que também inclui espanhol, francês, alemão, coreano e chinês simplificado/tradicional).
Um clássico que merecia mais polimento
Assim como os outros jogos da franquia, Rune Factory 3 Special é uma mistura viciante de RPG de ação e simulação de fazenda. A atualização adiciona mais conteúdo ao pacote, tornando-o uma excelente forma de conhecer o clássico do DS, mas a qualidade da experiência deixou a desejar em alguns aspectos de polimento. Mesmo assim, é uma recomendação muito fácil para quem gosta de ambos os gêneros.Prós
- Combinação viciante de simulação e RPG de ação;
- As múltiplas quests ajudam a desenvolver bem os personagens;
- A tradução para o inglês foi atualizada e os diálogos fluem bem;
- Novo modo Recém-casado expande a história dos personagens pós-jogo;
- Opções de configuração satisfatórias para o PC.
Contras
- Elementos gráficos dos ambientes ficam borrados e destoam dos elementos HD da interface;
- Vários detalhes de gameplay são mal explicados e escondidos em menus, reduzindo a qualidade de vida do jogo;
- Restrição de uma missão por dia para cada quadro é uma forma artificial de barreira;
- Os combos e especiais de algumas armas são ruins de conectar com os inimigos em suas trajetórias;
- Objetos se misturam com o cenário, ficando difícil detectar vários itens com os quais é possível interagir;
- Só ter a opção de protagonista masculino e romance com as garotas pode reduzir o apelo do jogo em comparação às suas sequências para alguns jogadores.
Rune Factory 3 Special — PC/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela XSEED Games