A FromSoftware já provou mais de uma vez que é uma das maiores desenvolvedoras da atualidade. Com um currículo quase impecável, a gigante japonesa emplacou nos últimos 10 anos jogos de extrema relevância para o cenário internacional. Dark Souls 3 (Multi), Sekiro: Shadows Die Twice (Multi) e Elden Ring (Multi) foram as últimas três produções da empresa, todos esses títulos que definiram um gênero ou adicionaram uma nova camada de possibilidades.
É neste contexto que a FS volta às suas origens com a franquia Armored Core. Sendo a segunda criação da empresa (depois de King’s Field), o primeiro jogo da série chegou aos consoles Playstation em 1997 e arrebatou um grupo de fãs singelo mas fiel, que se encantou com os comandos difíceis, lore complexa e design desafiador dos cenários do game. Desde então, a franquia passou por diversas fases, estilos e derivados, culminando em seu glorioso retorno com Armored Core VI: Fires of Rubicon. Mas você deve estar se perguntando: “eu não gosto de mechas, porque eu deveria ligar pra esse jogo?”. Se os últimos trabalhos da FromSoftware não te convenceram, talvez esse texto possa dar uma ajudinha.
Metal, fogo e óleo
Como já mencionado, Armored Core é sobre mechas trocando tiros e mísseis em um mundo devastado pela guerra. Mas qual é o brilho da franquia para ter conquistado uma legião de fãs fiéis, principalmente no Japão, em seus 25 anos de existência?
Com bastante originalidade, a franquia tem sistemas que transformam a experiência, muito diferente de algo que se espera em um Soulslike, estilo que a FS criou e popularizou; o combate é rápido e frenético, o mundo é vasto e altamente destrutível, as arenas são recheadas de combatentes que transbordam personalidade e garantem um bom desafio, mas acima de tudo, o sistema de build se sobressai.
Desde os títulos iniciais até os mais recentes, o sistema de build de Armored Core sempre foi especial. Você consegue colocar personalidade e eficiência em cada mecha que constrói, substituindo braços, pernas, cabeça, peito, célula de energia, núcleo, acessórios de ombros, armas e equipamentos.
As variações vão desde estilos parrudos, com pernas no formato da esteira de um tanque de guerra e uma combinação de armas pesadas, até robôs extremamente ágeis, com foco na otimização energética e que portam espadas de laser.
As chamas de Rubicon 3
Geralmente, as histórias de AC envolvem corporações gananciosas, mercenários famintos por trabalho e empresas de segurança privada com seu próprio exército de mechas em uma disputa global por recursos e interesses capitalistas.
Não é diferente em Fires of Rubicon, com sua trama focada no conflito causado pela substância chamada de Coral, que foi encontrada no planeta Rubicon 3 50 anos antes dos eventos do jogo, quando uma catástrofe o fez queimar. Agora, existe a chance de haver Coral nos restos do planeta, o que iniciou um conflito armado entre rebeldes, sobreviventes e exércitos privados, pela substância que promete avançar a tecnologia humana de uma forma nunca vista.
No meio dessa confusão, você controla 621, um humano modificado geneticamente para ser o piloto perfeito e que tem suas emoções limitadas. Esse mercenário parte para Rubicon 3 de forma ilegal sob as ordens de Handler Walter, uma figura enigmática que comanda todas as missões do protagonista.
Um novo começo
AC6 é dirigido por Masaru Yamamura, game designer de Sekiro. O diretor garante que boa parte das mecânicas dos jogos anteriores da franquia estarão presentes no título, mas algumas partes foram alteradas para ser mais agradável aos novos jogadores. Uma das mecânicas retiradas foi o sistema de dívida. Cada missão rendia uma certa quantia de dinheiro nos jogos anteriores, mas se você falhasse ou a fizesse com péssimo desempenho, poderia perder dinheiro e ficar no vermelho, impossibilitando o jogador de melhorar seu arsenal.
Já a arena, famosa por combates diretos entre mechas, está de volta com seus ranks e a oportunidade de conseguir novos modelos de robôs. O sistema de missões, a customização e as múltiplas armas também retornam.
Um aspecto porém que ganhou uma grande revitalização com o projeto foi a exploração. Com a experiência de anos de desenvolvimento, a FromSoftware aprimorou a sua construção de mundo e o level design de suas fases, o que já mostra desde os primeiros trailers a magnitude dos locais que o jogador vai conhecer. Esses têm uma grande verticalidade e escala, seja nas montanhas geladas ou nos robôs colossais que habitam as paisagens do game.
Mas é tipo Elden Ring?
É uma dúvida comum que ilustrou discussões nos fóruns da internet nos últimos meses. Jogadores mais antigos de Armored Core temiam que o jogo caísse no aclamado Soulslike. Enquanto os fãs mais recentes da FromSoftware esperavam um sucessor digno do sucesso de Elden Ring.
O próprio Yamamura respondeu a esse questionamento em entrevista, falando que inicialmente no desenvolvimento, AC6 quase teve um estilo diferente, com foco mais parecido com um souls. Entretanto, a equipe decidiu seguir o estilo clássico da série com algumas mudanças, como a adição de batalhas de chefes e um mundo mais vasto e complexo.
A equipe do jogo se empenhou em manter o foco nos combates e movimentos únicos que diferenciam a série do restante do portfólio da empresa. Os controles estão levemente alterados para serem mais inclusivos, ainda que pareçam intimidadores. O jogador terá que administrar os dois gatilhos e botões de ombros dos controles modernos se quiser atirar e voar livremente contra os inimigos.
Turbinas ligadas
Apesar de ter perdido um pouco de apoio no seu quinto game, a franquia é forte e tem grande potencial para popularizar o gênero de mecha no mainstream. Quantos jogos a FromSoftware fez que geraram dezenas de clones, não é mesmo? O projeto será o retorno aguardado dos fãs mais fanáticos, mas também um primeiro contato para os novatos. Espere batalhas frenéticas, inimigos formidáveis e cenários magnânimos, envoltos em uma história crítica sem nenhum tipo de maniqueísmo.
Armored Core VI: Fires of Rubicon - PS4/PS5/XBO/XSX/PCDesenvolvedora: FromSoftwareGênero: AçãoLançamento: 25 de agosto de 2023Expectativa: 5/5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos