Lançado em 1997 para o lendário PlayStation, Armored Core inaugurou uma fascinante franquia da FromSoftware, cujos jogos desencadeiam épicas batalhas entre robôs colossais. Com o lançamento recente de Armored Core VI: Fires of Rubicon, é hora de revisitar a gênese dessa série cativante.
Mechas e mercenários
Armored Core desenrola-se num futuro assolado por guerras, onde mechas imperam nos campos de batalha. Neste cenário, duas corporações (Chrome e Murakumo Millennium) perpetuam um conflito que parece não ter fim.
Ao adentrar o jogo, somos convidados a nomear o protagonista e submeter-nos a um teste para alcançarmos a condição de Raven, piloto mercenário que integra a associação Ravens' Nest. Este grupo serve como intermediário entre os condutores e os demandantes de serviços.
A trama é desenvolvida através de pequenos textos contidos em emails recebidos, além de nas descrições de cada missão. Neste sentido, a jornada avança à medida em que cumprimos os pedidos, e dependendo daqueles que escolhemos completar, a história assume diferentes facetas, levando-nos a optar por um dos lados do conflito.
Também é válido destacar que o universo concebido aqui não se limita apenas a este jogo, mas que também possui relevância narrativa em algumas de suas sequências.
Não basta apenas cumprir os objetivos
A interface principal de Armored Core é notavelmente simples, oferecendo acesso às missões, à caixa de entrada, à garagem para gerenciar o mecha, à loja de peças e a um ranking dos Ravens.
Grande parte dos pedidos requerem a aniquilação de outros robôs, mas alguns demandam tarefas distintas, como a destruição de estruturas ou a escolta de veículos vulneráveis, como caminhões.
Triunfar em uma missão recompensa o jogador com fundos; no entanto, somos encarregados de arcar com os custos de reparo da máquina, deduzidos diretamente da remuneração. Além disso, quando falhamos em uma expedição, temos apenas prejuízo e podemos ficar com saldo negativo.
Dessa forma, o jogador deve agir com ainda mais cuidado para não sofrer muitos danos durante as tarefas, uma vez que o dinheiro é indispensável para fortalecer o robô por meio da aquisição de novas peças.
Combate dinâmico, personalização absurda
Um dos maiores trunfos da franquia, já evidente no primeiro Armored Core, é a profunda personalização dos mechas. Com recursos monetários suficientes, podemos substituir membros como braços, pernas, cabeça e armas auxiliares. O nível de customização é gigantesco, e as mudanças refletem não apenas na estética, mas, substancialmente, também na jogabilidade, criando inúmeras possibilidades de builds ao jogador.
Dessa forma, torna-se possível conceber mechas pesados abarrotados de mísseis ou modelos ágeis que desintegram inimigos com lâminas. A instalação de radares que detectam projéteis adversários e escudos para proteção contra investidas inimigas é apenas um exemplo de tudo o que está ao nosso alcance.
Tal qual os predecessores da FromSoftware que deram forma ao gênero soulslike, Armored Core é punitivo e desafiador, especialmente para iniciantes na franquia. Os inimigos são implacáveis e surgem em grupos; alguns cenários são angustiantemente confinados; e os elementos a proteger são frágeis.
Neste jogo, que contém uma perspectiva 3D em terceira pessoa, podemos nos locomover pelo cenário com liberdade, inclusive para o alto por meio de propulsores equipados ao robô. Embora possam parecer confusos a princípio, os controles são agradáveis e respondem bem aos nossos comandos, permitindo que as batalhas sejam verdadeiramente dinâmicas.
Assim sendo, conseguimos utilizar todo o ambiente a nosso favor para escapar de tiros de nossos oponentes e atingir os seus pontos cegos, seja pelo solo ou pelo ar. É claro que os adversários também não ficam para trás e apresentam uma grande variedade de artilharias diferentes, exigindo que o jogador estude previamente o que está prestes a enfrentar e se prepare adequadamente.
Se tratando de um jogo 3D do primeiro PlayStation, não espere gráficos primorosos capazes de encher os olhos de alegria. Contudo, apesar de simples, não acredito que os visuais deste título deixem a desejar para os seus contemporâneos.
Impressionante para sua época e de suma importância para o que estava por vir
Como consequência da boa recepção que resultou de seu lançamento, Armored Core recebeu diversas sequências e se tornou uma franquia. Apesar de não ser tão mencionada quanto merecia, é certamente reverenciada pelos seus fãs.
Atualmente, a série conta com mais de 15 jogos, sendo seis deles pertencentes à numeração principal. Apesar de grande parte ter sido lançado exclusivamente para consoles da Sony, o recente Fires of Rubicon abraçou todas as plataformas atuais, com exceção do Nintendo Switch.
É evidente que o primogênito Armored Core criou muitos dos alicerces que moldaram essa rica franquia da FromSoftware. Além disso, embora a alta punitividade, a necessidade de decifrar com profundidade os oponentes e a liberdade para criar inúmeras builds distintas sejam características frequentemente enaltecidas (com razão) nos jogos Souls, elas também já floresciam nessa semente da série de titãs mecânicos.
Revisão: Juliana Piombo dos Santos