A Brasil Game Show tem sido uma das principais feiras de jogos do país. Dentre as várias formas que a organização utiliza para chamar novos visitantes a cada ano, o meet and greet se destaca por trazer figuras importantes da indústria de jogos. Dessa forma, a feira já trouxe nomes de peso como Nolan Bushnell, Hideo Kojima, Ed Boon, Charles Martinet e Yoshinori Ono e permitiu que os fãs se aproximassem de tais mestres para uma foto e um eventual autógrafo.
Entretanto, chama a atenção como cada vez mais o espaço do meet and greet é ocupado não por criadores renomados da indústria, mas por atletas de eSports e influenciadores digitais. Isso ocorre uma vez que, atualmente, essas se tratam de figuras muito mais midiáticas e, por consequência, que exercem uma influência muito maior no que diz respeito a atrair massas de visitantes para a feira.
Enquanto os influenciadores e atletas de eSports certamente têm seu lugar no coração da comunidade, a BGS precisa de verdade reconhecer esse espaço para também dar valor a grandes pilares da indústria de jogos de fato, responsáveis pela criação dos games que teoricamente são o verdadeiro mote da feira.
Assim, fizemos uma seleção especial com nomes importantes da indústria de jogos e trouxemos uma lista de dez criadores (cinco ocidentais e cinco orientais) relativamente acessíveis que ainda não pintaram na história da feira, mas cujas personalidades únicas adoraríamos ver marcando presença.
Observação: originalmente, um dos nomes presentes na nossa lista era Alexey Pajitnov, o criador de Tetris. Entretanto, o evento o confirmou como convidado enquanto o próprio texto estava sendo redigido.
Suda51
Suda51, também conhecido como Goichi Suda, é uma personalidade cativante da indústria de jogos e sua participação na BGS seria um verdadeiro destaque. Reconhecido por seu estilo distinto e criativo, Suda51 é o mestre por trás de títulos exóticos como No More Heroes, The Silver Case e Killer7, cujas abordagens ousadas para o design de jogos combinam narrativas intrigantes com elementos visuais distintos, criando experiências que desafiam as convenções.
A influência de Suda51 na cena dos jogos independentes também é notável, tendo sido um dos pioneiros a explorar o uso de narrativa não convencional e de experimentação estética. Sua visão ousada se estende para além dos limites da tela, pois ele frequentemente se envolve de maneira interativa com a comunidade de jogadores. Com uma personalidade afável e acessível, Suda51 certamente seria uma adição cativante à BGS.
Hideki Kamiya
Como renomado designer e diretor, Hideki Kamiya é o cérebro responsável por marcas icônicas como Devil May Cry, Bayonetta e Okami, sendo o principal game designer da Platinum Games. Sua habilidade em criar jogos de ação intensa, repletos de estilização visual e mecânicas inovadoras redefiniu os padrões para o gênero.
A dedicação de Kamiya à excelência em design é evidente em cada um de seus projetos, e sua abordagem perfeccionista resultou não apenas em jogos divertidos, mas em produtos feitos claramente com paixão. Além do currículo invejável, a presença de Kamiya em uma eventual BGS também valeria a pena pelo próprio personagem que ele mostra ser através das suas opiniões polêmicas nas redes sociais.
Roberta Williams
Roberta Williams, uma pioneira no mundo dos jogos e um dos nomes femininos da nossa lista, traria um toque único e inspirador para a Brasil Game Show. Como cofundadora da Sierra On-Line e criadora da série King's Quest, Williams abriu caminho para uma geração de mulheres na indústria de jogos. Uma eventual participação na BGS não apenas celebraria suas contribuições à arte dos jogos, mas também serviria como um lembrete poderoso da necessidade de dar destaque às mulheres nesta indústria, que embora esteja mudando aos poucos, é historicamente dominada pelos homens.
Amy Hennig
Roberta Williams caminhou lá atrás para que Amy Hennig pudesse correr e se consolidar como uma das principais roteiristas contemporâneas da indústria de jogos como um todo. Sendo uma verdadeira força-motriz no ato de contar histórias interativas, sua participação (de preferência como um nome de destaque) também ajudaria a dar uma projeção à presença feminina na indústria. Afinal, ter sido uma das principais cabeças pensantes da Naughty Dog, colaborando na criação conceitual e direção de uma série poderosa como Uncharted, não é pouca coisa.
Shinji Mikami
Shinji Mikami é uma figura lendária na indústria de jogos e sua participação na BGS seria uma ocasião verdadeiramente marcante. Como um dos criadores de jogos mais influentes, Mikami é amplamente reconhecido por suas contribuições revolucionárias para o gênero de terror e sobrevivência. Ele é o criador da série Resident Evil, que deu início a uma franquia de enorme sucesso e definiu os padrões para jogos de horror em terceira pessoa.
Mikami também é conhecido por seu trabalho em outros projetos aclamados, como Ghostwire Tokyo e The Evil Within. Sua habilidade em criar atmosferas envolventes, combinadas com mecânicas de jogabilidade envolventes, o transformou em um mestre do suspense e do medo. Considerando que ele não está com qualquer vínculo empregatício após o anúncio de seu desligamento da Tango Gameworks, sua presença na feira seria uma possibilidade interessante.
Shinkiro
Shinkiro é um talentoso ilustrador e artista de design que deixou uma marca indelével na indústria de jogos, especialmente os de luta. Com um estilo visual bem característico e habilidades artísticas excepcionais, Shinkiro é amplamente reconhecido por suas ilustrações icônicas e cheias de expressividade. Seu trabalho em séries icônicas como Street Fighter e King of Fighters deu vida aos personagens amados pelos fãs, capturando suas personalidades e essências de maneira única. Além disso, suas colaborações em jogos de luta e outros gêneros ajudaram a definir a estética visual de muitos títulos notáveis.
A presença de Shinkiro na BGS ofereceria a oportunidade para os fãs levarem algumas cópias de suas ilustrações mais famosas para serem autografadas, bem como uma eventual talk no intuito de apresentar o processo criativo por trás de suas ilustrações icônicas e explorar suas inspirações artísticas.
Naoki "Yoshi-P" Yoshida
Naoki Yoshida é o mago por trás da ressurreição triunfante de Final Fantasy XIV. Sua liderança inspiradora e dedicação incansável não apenas revitalizaram o grande desastre que tinha sido o lançamento original do décimo quarto jogo da franquia, mas também redefiniram os padrões da indústria para jogos como serviço.
Assim, a presença de Yoshida na BGS seria um verdadeiro acerto no que diz respeito ao timing, uma vez que ele também foi o principal responsável pelo mais recente lançamento da marca, Final Fantasy XIV. Além disso, seria também uma oportunidade única de conectar os fãs brasileiros com aquele que realizou a façanha de conceber um dos MMORPGs mais bem-sucedidos da atualidade.
Rand e Robyn Miller
Embora nem sempre seja o primeiro a ser lembrado, Myst é certamente um dos jogos mais importantes da indústria desde quando foi lançado em 1991. Trazendo cenários incrivelmente elaborados e cutscenes pré-renderizadas em um mundo expansivo que estimulava o jogador a querer descobrir mais sobre ele e seus enigmas, nada como aquilo havia sido visto antes na indústria. Os responsáveis? Rand e Robyn Miller. Embora nem tão badalados como outros nomes da lista, os irmãos certamente têm seus nomes marcados na história dos games e, por isso, são dignos de ao menos uma homenagem com toda a pompa e circunstância que a BGS pode oferecer.
Tim Schafer
Tim Schafer é um dos principais nomes da indústria ocidental desde os anos 90, visto que é um designer prolífico com sucessos que se estendem desde então, como Grim Fandango, Monkey Island e Psychonauts. Conhecido por sua abordagem narrativa bem-humorada aliada a um gameplay inventivo, Schafer certamente seria um bom nome para preencher a cota de convidados para o público mais saudosista e também poderia servir como uma verdadeira celebração dos games como uma forma de contar histórias.
David Wise
O Shota Nakama tem seus projetos musicais bacanas e a história lá com o trocadilho do nome que o já colocou no cânone da feira, mas que tal arriscarmos com algum outro compositor de peso?
David Wise, responsável pelas trilhas sonoras dos principais clássicos da Rare, certamente se enquadraria como um convidado de destaque capaz de encabeçar as mesas de meet and greet, uma vez que o público brasileiro certamente tem muito carinho pela série Donkey Kong Country, cujas músicas certamente estão entre seus principais trabalhos.
E aí leitor? O que achou da seleção? Tentamos montar uma lista com figuras relativamente acessíveis para esse tipo de evento, por isso nomes realmente grandes e ocupados da indústria, como Shigeru Miyamoto, Todd Howard ou Gabe Newell não foram nem sequer cogitados. É válido reforçar ainda que essa especulação toda não passa de uma brincadeira. Ainda assim, acredita que faltou alguém? Deixe sua sugestão nos comentários!
Revisão: Juliana Piombo dos Santos