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Análise: Sephonie (Multi) explora os segredos de uma ilha e dos nossos sentimentos

Descubra o que acontece de misterioso em um local remoto, habitado por uma fauna desconhecida e uma ameaça viral.

Lançado para PC no ano passado, Sephonie agora chegou aos consoles, trazendo sua mistura de puzzles ao estilo Tetris, exploração e clima relaxante.

A ilha viva

No ano de 2049, os cientistas Amy Lin, Riyou Hayashi e Ing-wen Lin se deparam com uma estranha ilha no meio do mar. Um estranho campo de força faz com que eles aportem na ilha e fiquem sem comunicação. A única alternativa, então, é começar a explorá-la.

Os três pesquisadores possuem uma tecnologia chamada ONYX, que lhes confere habilidades diversas, a principal delas a de se conectar com as formas de vida existentes no local, criando um link. Podemos alterar livremente entre qualquer um deles, mas infelizmente não há nada que diferencie um do outro em termos de jogabilidade.

No quesito exploração,o jogo não oferece nada muito complexo. Podemos nos deslocar pela ilha e as cavernas que ficam no subterrâneo com saltos e corridas. Há outras habilidades, como o dash aéreo e a corrida na parede, mas especialmente este último não é tão fácil de utilizar, uma vez que a precisão dessa caminhada vertical oscila bastante.

Entretanto, o maior problema dessa parte é a falta de um mapa ou marcador que sinalize a direção do objetivo. Mesmo com áreas não tão amplas, foi fácil me perder entre um trecho ou outro, com aquela sensação chata de ficar andando em círculos. Claro que há uma maneira de facilitar isso. É possível habilitar o pulo infinito, e cruzar todos os espaços rapidamente, sem precisar passar pelas plataformas.

No mais, mesmo com um estilo artístico com gráficos low poly, os ambientes de Sephonie conseguem ter um charme único, e que quando casam com a trilha sonora, desenvolvem uma atmosfera bastante relaxante, fazendo com que tudo realmente pareça um passeio por uma ilha deserta. 

Outro ponto forte é a profundidade da história. Por diversas vezes somos apresentados para diálogos filosóficos e reflexivos que chegam a ser tocantes e significativos, de maneira sutil e delicada. É uma pena que não haja legendas em português, para que mais pessoas possam acompanhar as conversas em sua plenitude.

Vale lembrar que Sephonie foi produzido durante a pandemia de COVID-19 e isso impactou o tom da história apresentada pelo jogo. Inclusive, após a conclusão da aventura principal, há um epílogo de alguns anos no futuro que faz um paralelo bastante comovente com a situação vivida pelo mundo nestes últimos três anos.

O que pode causar estranheza durante a narrativa são as cutscenes e fotos que aparecem em determinados momentos. Elas constantemente aparentam estar em baixa qualidade, como se fossem gravadas em um celular antigo.

Criando conexões

Referente aos puzzles que devem ser resolvidos, Sephonie apresenta uma boa sequência e desenvolvimento, sem ser punitivo ou megacomplicado. A importância deles vem das criaturas que encontramos pelo caminho. Sempre que um organismo vivo aparece, podemos nos conectar a ele, e isso só é possível após resolvermos o quadro que eles apresentam.

Basicamente, jogamos com blocos de formatos variados, que misturam duas de três cores: azul, verde e vermelho. A ideia é eliminar grupos acima de três blocos até preencher por completo um medidor que fica na parte superior da tela. Assim que completarmos essa barra, somos conectados a essa criatura.

Para o desenrolar da jornada, temos que resolver seis desses quebra-cabeças com blocos. Porém, há diversas criaturas opcionais pelo caminho, e nos conectarmos com elas vale a pena, pois a cada nova espécie “linkada” a nós, uma nova combinação de blocos é adicionada à lista, o que aumenta o nosso leque de opções para concluir enigmas posteriores.

A eliminação dos blocos é determinada por nós  ao encerrar a rodada. Se decidirmos finalizar antes de atingir alguma marca específica na barra, perdemos uma vida. Errar três vezes nos obriga a reiniciar tudo, mas como sempre temos a visão de duas peças por vez, dá para calcular bem como será cada jogada.

Algo bastante interessante é que cada um dos diagramas possui formato e características diferentes, que podem ajudar ou não na hora de concluir o desafio. Podemos ser atrapalhados por bactérias que comem um bloco, ou limitados por pedras que precisam ser destruídas para liberar mais espaços.

Isso tudo, aliado à exploração da ilha, é uma maneira bem pensada de fazer com que o jogador explore cada canto possível. As criaturas existentes são bem curiosas e eu me senti praticamente um biólogo revirando o lugar todo em busca de novas espécies.

Um passatempo relaxante

Sephonie podia ser só mais um jogo que tenta mesclar dois gêneros distintos para chamar atenção, mas conseguiu ser um pouco mais que isso. A exploração pode não ser das mais sofisticadas, mas a maneira que a resolução dos puzzles está ligada a ela e a história profunda criam uma combinação instigante para quem quer um jogo para concluir sem pressa.

Prós

  • O jogo nos motiva a explorar a ilha em busca de novas espécies;
  • Os puzzles são criativos, apresentando diagramas únicos para resolução;
  • A história surpreende com debates éticos e filosóficos;
  • Visuais em low poly bacanas, principalmente para as criaturas;
  • O epílogo é uma adição bem bacana à narrativa.

Contras

  • Habilidade de correr na parede é um pouco imprecisa e ruim de dominar;
  • É fácil se perder pelas cavernas sem um mapa ou indicador de objetivo na tela;
  • As fotos e cutscenes parecem estar em baixa resolução.
Sephonie — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Vitor Tibério
Análise feita com cópia digital cedida pela Ratalaika Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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