Blast Test

Impressões: Worldless (Multi) traz exploração e batalhas envolventes por um promissor mundo surreal

Uma ambientação elaborada e ótimos combates são alguns dos destaques deste título indie.

em 16/06/2023

Em Worldless, controlamos uma entidade celestial que desbrava uma realidade etérea. Em sua essência, esse jogo indie é simples, contando com exploração 2D estilo metroidvania e batalhas que misturam ação e tempo real. No entanto, ele se destaca com sua ambientação excepcional e com seu sistema de batalha ágil e complexo. O jogo está programado para chegar ao PC e Xbox em 2023. Tive a oportunidade de testar uma versão de preview no PC e fiquei impressionado com o que vi.

Presa em uma realidade estranha e exótica

Seres celestiais estão em conflito, com os mais fortes sobrepujando e absorvendo os fracos. Uma dessas estrelas, ao ser atacada, vai parar em uma espécie de dimensão paralela composta de formas etéreas e surreais. A criatura celeste de formas femininas não sabe ao certo onde está, mas decide desbravar o local em busca de respostas. O curioso é que a interpretação dos fatos é um pouco aberta, com alguns poucos diálogos que dão dicas do que está acontecendo com a protagonista.

Em Worldless, exploramos essa inusitada realidade em uma aventura de plataforma 2D. Além de saltar, a estrela é capaz de ativar dispositivos ao brilhar seu núcleo, como abrir portas ou fazer surgirem plataformas. No decorrer da aventura, ela adquire novas habilidades que a permitem alcançar novos lugares, como uma investida pelo ar. Os cenários são elaborados e repletos de segredos, com muitos trechos que só podem ser acessados por meio de poderes específicos.


A jornada não é completamente pacífica: estrelas agressivas aparecem pelo caminho para tentar absorver a protagonista. Para prosseguir, enfrentamos os oponentes em um combate que mistura turnos e ação em tempo real. As batalhas alternam entre dois momentos: na fase ofensiva, atacamos com armas e feitiços por um curto período; já na etapa defensiva, precisamos prestar atenção para levantar os escudos nos momentos corretos.

Um ponto importante é que o objetivo final dos combates é absorver o oponente. Para isso, precisamos explorar as fraquezas do inimigo até que ele fique vulnerável o bastante. Quando isso acontece, é necessário apertar uma sequência de botões rapidamente para tentar fazer a absorção — errar ou não ser veloz o bastante demanda voltar pro combate e tentar de novo. Ao serem absorvidos, as estrelas rivais se transformam em joias que podem ser utilizadas para melhorar as habilidades de combate da protagonista.



Mergulhando em um plataformer relaxante e contemplativo

Com tantos metroidvanias por aí, é difícil se destacar ou introduzir novas ideias. Worldless pode não ser revolucionário, mas me conquistou com suas propostas. O ponto que chama mais atenção de imediato é a atmosfera: o visual investe em formas geométricas e contraste entre poucas cores, o que cria cenários surreais e belos. A música suave reforça a sensação de estar atravessando uma dimensão paralela e misteriosa.

Em ação, o jogo impressiona ainda mais. A protagonista se move de forma graciosa e é hipnotizante vê-la alternando entre diferentes estados: na maior parte do tempo a estrela é somente um ponto brilhante e alguns traços, porém sua silhueta se torna mais elaborada e humanoide em ações mais complexas, como ao usar habilidades.


A exploração em si é básica. Os cenários nos desafiam com trechos de plataforma simples e alguns puzzles de navegação descomplicados, como ativar dispositivos para abrir portas. Na versão de preview, estavam presentes duas habilidades: uma investida aérea para alcançar locais altos ou distantes, e uma corrida que nos permitia andar em cima da água. O legal aqui é que o jogo não explica todos pormenores dos poderes, o que nos instiga a experimentar. Por exemplo, descobri por acaso que a investida aérea também pode ser utilizada para pular pelas paredes, o que me incentivou a voltar a algumas partes.

Há um tom relaxante e contemplativo na progressão, pois revivemos imediatamente ao cair em algum dos poucos perigos. Além disso, o desafio é baixo e os erros são pouco punitivos, com saltos errados normalmente demandando refazer alguns passos. Arrisco dizer que, talvez, a simplicidade da exploração seja um dos poucos problemas do jogo, mas é cedo para dizer, pois talvez as demais áreas apresentem desafios e mapas mais elaborados. Mesmo assim, a experiência desses trechos, no geral, é bem agradável.



Colidindo com outras estrelas em conflitos impressionantes

Ao contrário da simplicidade das partes de plataforma, o combate de Worldless impressiona com sua agilidade e complexidade. Os embates exigem diferentes perícias, como agilidade na hora de atacar, observação ao defender e experimentação ao montar sequências de golpes. Combine isso com uma boa variedade de inimigos e poderes e temos um sistema de batalha empolgante e imersivo.

Há elementos em tempo real, mas raramente atacar de qualquer jeito resolve, pelo contrário: é essencial ficar de olho na situação e agir de acordo. O primeiro passo é explorar as fraquezas do inimigo, combinando relâmpagos com golpes de espada e explosões de gelo. Em seguida, precisamos observar as investidas do oponente para ativar o escudo certo no momento correto — a defesa desgasta rápido, então erros nos deixam vulneráveis.


A soma desses elementos faz com que os combates se tornem puzzles com elementos de ritmo interessantes. Aos poucos adquirimos novas armas, magias e habilidades que nos permitem montar sequências impressionantes — é muito recompensador iniciar um combo com uma explosão de gelo, jogar o inimigo para o alto, depois lançar flechas e finalizar com uma sequência especial de cortes quando ele cai no solo. A ação estilosa, com movimentos exagerados e a protagonista mudando de forma durante os combos, deixa tudo ainda mais envolvente.

As batalhas de Worldless são brutais, bastando alguns poucos erros para ser derrotado. Então, para vencer e conseguir absorver os inimigos para fortalecer a protagonista, é imprescindível dominar as nuances dos sistemas. Eu apanhei bastante e perdi inúmeras vezes, mas o recomeço rápido eliminou qualquer frustração que eu poderia ter.


Gostei, em especial, da diversidade de inimigos: cada criatura exige estratégias distintas para ser derrotada, e algumas delas nos força a primeiro defender uma série de ataques complicados para depois poder agir. Na versão de preview, encontrei monstros que não fui capaz de derrotar com os poderes disponíveis, então imagino que há ainda mais possibilidades nos embates. Mesmo assim, senti um pouco de falta de batalhas mais longas e complexas, espero que a versão final ofereça mais nesse aspecto.

Uma jornada singularmente instigante

Worldless nos convida a adentrar um mundo surreal em uma promissora aventura metroidvania. O grande destaque está no combate que mescla turnos e elementos em tempo real, pois há muitas mecânicas interessantes para dominar, boa variedade de situações e ação estilosa. A ambientação nos intriga com um universo belo, cuja exploração é simples e de ritmo meditativo, mas sem deixar de ser envolvente. O conteúdo oferecido na versão preview é competente, mas talvez falte um pouco de ousadia — torço para que o jogo completo tenha ideias ainda mais criativas. No mais, Worldless já está no caminho certo e apresenta as qualidades de mais uma experiência notável.

Revisão: Vitor Tibério
Texto de impressões produzido com cópia de preview cedida pela Thunderful Publishing

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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