Impressões: Viewfinder (PC/PS5) brinca com fotos e perspectivas em um promissor puzzle

Coloque o olho no visor e modifique cenários neste curioso título indie.

em 05/06/2023

Fotografias, experimentação e ilusões de ótica são as ferramentas para navegar pelo mundo de Viewfinder. Neste puzzle em primeira pessoa, brincamos com a percepção visual para avançar por cenários belos e surreais — as soluções para os enigmas costumam ser inusitadas. Tive a oportunidade de experimentar parte do jogo antecipadamente no PC e apreciei muito suas ideias e situações.

Remodelando a realidade

Em cada estágio de Viewfinder, precisamos alcançar um terminal de teletransporte que nos permite avançar para a próxima área. Naturalmente, o dispositivo está em algum lugar distante ou de difícil acesso, então precisamos nos virar para chegar até ele. Para isso, utilizamos diferentes recursos para remodelar a realidade de maneiras curiosas.


A principal forma de modificação dos cenários é por meio de fotos, que estão espalhadas pelos estágios. Com o toque de um botão, o conteúdo da fotografia é aplicado ao ambiente, o que abre inúmeros caminhos e possibilidades. Logo no início, por exemplo, há um vão intransponível, mas a solução é simples: pegamos a foto de uma ponte, alinhamos e, em seguida, a “aplicamos” no mundo. Podemos girar as imagens, o que traz ainda mais opções na hora de resolver os enigmas.

Conforme avançamos, os desafios se tornam mais complexos. Alguns dispositivos de teletransporte, por exemplo, exigem baterias para funcionar, demandando explorar minuciosamente os cenários em busca delas. Já em outros trechos, podemos tirar novas fotos via câmeras fixas ou usar uma máquina para copiar imagens. Experimentar e errar é comum, mas, por sorte, é possível rebobinar a ação e desfazer movimentos a qualquer momento.

Usando olhares inventivos para avançar

Sabe aquela atividade de alinhar imagens para completar cenários reais e criar cenas curiosas? Viewfinder é justamente sobre isso. O jogo me surpreendeu com sua interpretação criativa desse conceito, em especial nos vários puzzles. Os enigmas mais legais, inclusive, exigem utilizar as fotos de maneiras inusitadas, como usar um pedaço de prédio como rampa ou tirar uma foto de outra foto para criar baterias para ligar o teleportador.


Um detalhe legal é que os puzzles não se resumem a fotos, explorando também ilusões de ótica e perspectiva. Em uma casa, por exemplo, me vi preso e sem conseguir avançar, mas um caminho surgiu magicamente ao olhar algumas ilustrações do ângulo correto que, combinadas, criaram um corredor. Imagens com diferentes estilos artísticos e construções inusitadas trazem um ar surreal ao jogo.

Fora isso, fiquei intrigado com a narrativa e a ambientação: por que estamos explorando esse lugar estranho? E como é possível que fotos e outros elementos alterem a realidade? No meu tempo com o jogo essas perguntas ficaram sem respostas, mas encontrei algumas dicas espalhadas pelos estágios. Os cenários, inclusive, são muito belos e elaborados, contando com inúmeros detalhes.

Algumas fotos mal enquadradas

Desbravar os mundos de Viewfinder é uma atividade agradável, porém alguns detalhes me incomodaram. Para começar, achei tudo muito fácil: muitas das fases se resumem a utilizar algumas fotos de maneira óbvia. Conforme fui avançando, apareceram situações mais complexas, e chegou um momento que eu recebi uma câmera instantânea, o que deixou as soluções mais abertas e interessantes — espero que isso deixe os puzzles ainda mais criativos.

Outra questão é que alguns enigmas têm soluções obtusas. Em algumas fases, em especial nas opcionais, que oferecem desafio maior, eu simplesmente fiquei completamente travado. Faltaram mais dicas contextuais ou até mesmo um sistema de ajuda, o que deixou as coisas um pouco frustrantes. Eu entendo que esses pontos negativos são justificáveis, afinal experimentei uma versão de demonstração, mas torço para que o produto final seja mais harmonioso nesses aspectos.



Uma aventura para ficar de olho

Viewfinder tem as características essenciais para um bom puzzle. Os enigmas, que exigem brincar com perspectivas e usar fotos para alterar a realidade, cativam com sua criatividade. A atmosfera é relaxante, mas talvez falte um pouquinho mais de desafio para tornar a experiência prazerosa até o final. De qualquer maneira, Viewfinder é um título que vale a pena acompanhar de perto.

Revisão: Ives Boitano
Texto de impressões produzido com cópia de preview cedida pela Thunderful Publishing

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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