Blast Test

Impressões: Sea of Stars (Multi) mostra uma promissora aventura RPG clássica na versão demo

Este título indie nos conquista com sua ambientação elaborada e sistemas que modernizam ideias do passado.


É fácil perceber que Sea of Stars se inspira em títulos de outrora para criar uma envolvente aventura RPG. Muitos detalhes evidenciam isso, como o belo visual em pixel art, o combate por turnos e a presença constante de puzzles nos cenários. No entanto, o novo trabalho do Sabotage Studio (de The Messenger) não é uma simples repetição do passado: mecânicas e ideias modernas e interessantes resultam em um mundo nostálgico, porém também atual. Tive a oportunidade de testar a demo da versão PC e fiquei animado com o que vi, apesar de alguns pequenos contratempos.

Unindo forças para tentar impedir um ser maligno

O mundo de Sea of Stars está sendo assolado por criaturas terríveis criadas por um alquimista sombrio chamado The Fleshmancer. Os únicos capazes de deter essa ameaça são os Filhos do Solstício, indivíduos capazes de usar os poderes do sol e da lua para lutar. Nesse contexto, acompanhamos os jovens Valere e Zale, que partem em uma jornada para se tornarem Guerreiros do Solstício e conjurar a Magia do Eclipse, um feitiço que mescla os poderes dos astros e é capaz de dar fim definitivo às criações do alquimista.

A versão de demonstração retrata um ponto mais avançado da trama em que os dois protagonistas, na companhia de seu amigo Garl, tentam chegar à Ilha Espectral para realizar o ritual do Eclipse. Sem muitas opções na cidade portuária de Brisk, o grupo se alia a piratas que definem como pagamento uma relíquia escondida no laboratório abandonado de um mago. Sendo assim, os heróis seguem para o local, que está repleto de perigos.



Movendo-se com destreza por um mundo intrincado

Levando em conta o conteúdo oferecido na demo, dá para ter uma boa ideia do que esperar de Sea of Stars, pois as áreas mostram de forma significativa as principais características do jogo. A oficina do feiticeiro é um calabouço com puzzles, combates e trechos de exploração. Além disso, também podemos viajar por um trechinho do mapa-múndi, capturar peixes no minigame de pescaria e explorar a cidade de Brisk.


A fluidez da locomoção me chamou a atenção. Para atravessar os elaborados cenários, os personagens precisam escalar paredes, se esgueirar por beiradas, saltar e se equilibrar por cordas, tornando a exploração dinâmica. Mecanicamente, essas ações são simples, pois basta apertar um botão para subir ou descer, mas não deixa de ser envolvente — gostei de observar atentamente os cenários em busca de rotas alternativas. Na demo, inclusive, há alguns segredos interessantes para aqueles mais dedicados.

Já os puzzles ajudam a trazer variedade aos calabouços. Alguns envolvem desafios básicos de navegação, como encontrar o caminho correto para chegar a algum ponto ou apertar botões; já outros são mais elaborados, como o tradicional enigma de empurrar caixas ou um trecho em que precisamos inferir o destino de buracos que transportam os heróis para locais distantes. Há um bom equilíbrio no desafio, resultando em uma progressão agradável.


Fora isso, deu para ter uma boa ideia das várias atividades disponíveis no jogo. O tradicional minigame de pescaria é uma ótima maneira de relaxar, contando, inclusive, com elementos de puzzle. Há também a possibilidade de cozinhar ingredientes em diferentes pratos, que se revelaram bem úteis, pois itens de recuperação são escassos. Atividades paralelas são ótimas para tornar RPGs mais atraentes, e o título parece oferecer muitas opções nesse aspecto.



Lutando em combates taticamente notáveis

Na hora de enfrentar os inimigos, Sea of Stars utiliza o tradicional combate por turnos. Porém, para modernizar a experiência, o sistema de batalha conta com inúmeras mecânicas engajantes. Muitas das ações são afetadas por comandos em tempo real, como segurar um botão para aumentar o poder de uma habilidade ou desferir golpes adicionais ao apertar botões na hora certa.

Há também vários detalhes que instigam o pensamento estratégico. Certos ataques dos inimigos podem ser enfraquecidos ou até mesmo interrompidos ao explorar as fraquezas dos oponentes. Esferas de mana surgem nas arenas e é possível absorvê-las para melhorar técnicas e golpes. Por fim, temos à disposição poderosas técnicas em que uma dupla de heróis age em conjunto. A quantidade de pontos de habilidade é pequena, porém podemos recuperá-los com golpes normais, o que nos incentiva a balancear os tipos de ações para vencer.

Dominar as nuances é importante, pois as batalhas de Sea of Stars têm dificuldade acima da média. No meu tempo com o jogo, apanhei até mesmo para os inimigos normais, principalmente quando ainda estava entendendo como as mecânicas funcionavam. No entanto, com o avançar das batalhas, fui capaz de explorar as possibilidades, o que me possibilitou sobreviver por mais tempo — logo estava interrompendo oponentes, fortalecendo técnicas com mana e desferindo ataques combinados com frequência. Os inimigos exigem estratégias diferentes, e me diverti explorando as possibilidades, especialmente no chefe.


No entanto, alguns pontos me incomodaram no combate. Apertar os botões no momento correto para fortalecer ataques e se defender de golpes parece algo opcional em um primeiro momento, mas logo isso se revela essencial para sobreviver aos inimigos poderosos. O problema é que as dicas visuais para ativar esses movimentos não são claras, resultando em muita tentativa e erro. Já o sistema de interromper golpes pareceu um pouco desbalanceado: muitas vezes não há tempo hábil para tentar explorar as fraquezas dos inimigos para impedir os seus ataques.

Nos fóruns do Steam, muitos jogadores reclamaram desses pontos negativos e a desenvolvedora respondeu dizendo que na versão final essas mecânicas terão progressão mais suave e agradável, o que deve diminuir a sensação de frustração. E, de fato, tentando novamente depois, consegui acertar melhor os comandos e fui capaz de interromper mais os monstros. Particularmente, fiquei instigado com as possibilidades e espero que o jogo completo tenha ainda mais opções nesses aspectos.



Desbravando um universo que esbanja carisma

A ambientação de Sea of Stars impressiona com sua mistura de passado e presente. O visual em pixel art traz um ar retrô, mas, ao mesmo tempo, esbanja modernidade com iluminação dinâmica, belas ilustrações de personagens e cenários repletos de detalhes. O mapa-múndi, em especial, é impressionante: a escala deixa os heróis bem pequenos, trazendo a sensação de que o universo do jogo é expansivo. As áreas da demo são tematicamente conservadoras, mas parece que o universo terá algumas regiões mais únicas.

Acompanhar a trama será fácil, pois o jogo está completamente localizado para o português. O tom do texto é leve e divertido, conseguindo transmitir bem a personalidade de cada personagem. A adaptação no geral é boa, por mais que haja alguns termos estranhos, como um comando de rebater que está confusamente indicado como “desviar”.

Uma aventura de futuro animador

Sea of Stars promete ser um RPG sem igual com sua proposta de modernizar clássicos do passado. Para isso, o jogo conta com exploração ágil e envolvente, um mundo recheado de atividades e um combate por turnos altamente tático. Além disso, a ambientação encanta com seu belo visual em pixel art e seu universo elaborado. A demo possibilitou conferir muitos dos detalhes do título, cuja jornada parece ser diversa e bem equilibrada. Só nos resta esperar pelo lançamento para conferir a experiência completa, que tem tudo para ser imperdível.

Revisão: Thais Santos
Texto de impressões produzido com demo disponibilizada durante Steam Vem Aí

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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