Redfall (PC/XSX): entenda o que está por trás dos problemas do jogo da Arkane

Falta de clareza em relação ao propósito do título, discussões frequentes e um baixo número de desenvolvedores foram algumas das dificuldades citadas.

em 03/06/2023

O FPS multiplayer online da Arkane, Redfall (PC/XSX), foi lançado em maio deste ano e, desde então, vem sendo alvo de diversas críticas por parte dos jogadores e da mídia especializada devido a inúmeras falhas técnicas e a um conteúdo que não está a altura dos trabalhos anteriores da desenvolvedora. Para entender a razão da queda da qualidade do estúdio, o site norte-americano Bloomberg publicou uma matéria revelando os bastidores da criação do título.


A reportagem ficou a cargo do jornalista Jason Schreier, que é renomado na indústria de games por ter denunciado o desenvolvimento atribulado de Cyberpunk 2077, as práticas de assédio sexual da Ubisoft e a cultura de crunch da Naughty Dog. Dessa vez, ele resolveu entrevistar os desenvolvedores da Arkane Austin, estúdio responsável por Redfall, para descobrir a história por trás desse título tão polêmico.

Com a condição de permanecerem em anonimato, por medo de sofrerem represálias, os criadores informaram que, após o fracasso comercial de Prey (2017), a alta administração da empresa decidiu que era hora de trabalhar em um jogo que atraísse um público maior.

Depois de algumas ideias que não vingaram, foi sugerido um game multiplayer no qual os jogadores formariam uma equipe para enfrentar vampiros e, caso os gamers se envolvessem com o título, poderiam se interessar em adquirir melhorias cosméticas, algo semelhante ao modelo de monetização presente em jogos como Fortnite, Apex Legends e Diablo IV. No entanto, essa ideia de criar um game focado no multiplayer não foi uma unanimidade na Arkane. 

Isso porque alguns desenvolvedores ficaram em dúvida se seria possível unir a liberdade do gênero immersive sim — o qual levou o estúdio ser reconhecido pelo público, na medida que possibilitou aos jogadores várias formas de desfrutarem dos seus títulos, como Arx Fatalis, Dishonored e Deathloop — com as características necessárias para um game multiplayer.

Dessa maneira, os responsáveis por Redfall não conseguiam definir com clareza qual era o foco do jogo e quando pediam maiores informações para os líderes do projeto, os veteranos da indústria de games Harvey Smith e Ricardo Bare, eles lhes indicavam como referência as franquias Far Cry e Borderlands, o que terminava causando discussões por conta de ideias contraditórias que surgiam na equipe.

Além disso, o estúdio contava com somente 100 funcionários, o que é um número considerado baixo em comparação com os outros títulos citados, os quais podem atingir milhares de colaboradores atuando simultaneamente. 

A Arkane Austin chegou a receber apoio da Roundhouse Studios, desenvolvedora formada pela Bethesda com profissionais que trabalharam no extinto Human Head Studios — reconhecido principalmente por conta do game Prey de 2006 —, mas mesmo assim não foi capaz de suprir a demanda necessária para um game desse porte.

Vivenciando diferentes problemas na criação de Redfall, vários desenvolvedores decidiram sair da empresa, o que fez o time da Arkane perceber que o título não estava saindo conforme o planejado e, quando souberam que a Microsoft havia comprado a Zenimax — grupo que era dono da Bethesda e, por consequência, da desenvolvedora —, alguns funcionários torceram para que o jogo fosse redesenhado como uma aventura single-player ou pelo menos fosse cancelado.

No entanto, a única intromissão da Microsoft na criação do game foi cancelar a versão para os consoles PlayStation. E, como o Xbox passava por um momento sem muitos jogos chamativos, a gigante norte-americana resolveu apostar no título, chegando a utilizá-lo como última surpresa da apresentação da empresa na E3 de 2021. 

Com isso, muitos jogadores passaram a esperar ansiosamente Redfall. Situação que aumentou ainda mais a pressão nos desenvolvedores, que já se encontravam estressados com as diversas alterações que o game estava passando naquele momento, como a completa remoção das microtransações. Mesmo assim, os líderes do projeto garantiam que o lançamento seria um sucesso, alegando que a “magia da Arkane" iria resolver todos os problemas.

No entanto, nos últimos meses de desenvolvimento, o estúdio percebeu que o título não estava em um estado aceitável para ser disponibilizado ao público em 2022, data inicialmente planejada para o seu lançamento, e resolveu adiar o jogo para o inicio desse ano. Porém, durante esse período, a desenvolvedora sentiu que esse adiamento não foi suficiente para corrigir os erros presentes no game e o adiou por mais seis semanas, com o lançamento sendo realizado no dia 2 de maio.

Como é possível verificar pelas inúmeras críticas negativas que a imprensa e os jogadores deram ao título, esses dois adiamentos não foram capazes de levar o título para o mesmo patamar dos jogos anteriores da desenvolvedora. No agregador de análises Metacritic, por exemplo, a versão do game para Xbox Series X/S está, até o fechamento dessa matéria, com uma pontuação de 56 da mídia especializada, bem com uma avaliação de 3.4 dos jogadores.

Por mais que Redfall não tenha sido bem recebido, a Arkane prometeu usar o feedback negativo para aprimorar o jogo da melhor forma possível. Uma das primeiras atualizações deverá ser a inclusão do modo de 60 fps para os consoles Xbox Series X/S, uma vez que o Phil Spencer, chefe do Xbox, afirmou que a companhia já está trabalhando nessa melhoria.


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