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Impressões: Forever Skies (Multi) é uma experiência de acesso antecipado com cara de demo premium

Primeiro jogo da Far From Home tem premissa interessante mas quase nenhum conteúdo para entregar.

em 29/06/2023

Desde o boom de Minecraft (Multi) em 2011, vemos uma quantidade enorme de jogos de sobrevivência/sandbox chegarem ao mercado todos os com as mais diversas características. Raft (Multi) é sobre a sobrevivência em alto mar, Subnautica (Multi) no mar profundo, Rust (Multi) em uma ilha e DayZ (Multi) em meio a zumbis. 


Forever Skies veio para tentar ganhar um espaço entre esse panteão, apostando no survival acima das nuvens. Entretanto, por mais que a premissa seja interessante, o conteúdo apresentado pela Far From Home deixa a desejar com pouca inventividade e mais do mesmo. 

Um céu não tão infinito assim



Em Forever Skies você é um explorador que retorna para a terra, depois que ela foi devastada por um vírus mortal. O jogador deve coletar recursos, cuidar da fome e da sede, descobrir doenças e explorar com sua nave-base voadora. O que no papel parece bem interessante, é um problema  quando você realmente pode vivenciar cada etapa desse conteúdo.

O game inicia com uma missão que se assemelha a um tutorial. Ela te guia para entender os principais componentes da jogatina, te ensinando como não morrer de fome, sede, como coletar recursos e melhorar a sua nave. Em seguida ela te guia em diversos pontos pelo mapa, onde você para, coleta recursos e segue para o próximo ponto. Até que a missão acaba no momento em que ficaria de fato interessante. É isso. O jogo é literalmente uma missão-tutorial de menos de 4 horas que termina sem fim. 




Para ser justo, os desenvolvedores fizeram um roadmap com todas as etapas do desenvolvimento, e vale lembrar que o projeto está em acesso antecipado, com mais missões de história prometidas. Porém, é notável que o game tem muito pouco até para a categoria de acesso antecipado. Não existe um loop de gameplay que mantenha o jogador entretido até a próxima atualização. Você completa a missão, e é jogado ao mundo para explorar, ponto que tem a maior falha do jogo.

Quase feito por uma I.A.



Mesmo que a história fosse limitada pelo fato do acesso antecipado, e os jogadores tivessem que esperar para saber a continuação da trama, Forever Skies tem a falta de um recurso valioso para prender os jogadores: gameplay interessante.

Se o mundo do game fosse um local interessante, que instigasse e recompensasse a curiosidade dos jogadores, não haveria problema algum com sua missão-tutorial minúscula. O problema é que o universo do jogo é (literalmente) morto. Não existe nada de interessante ou surpreendente pra fazer entre as nuvens de poeira tóxica. O jogo tem algumas construções, fazendas, torres de rádios e etc, nas quais o jogador pode pousar sua nave e explorar, o problema é que elas são todas iguais, não existe variação no design. A única coisa que muda é a posição dos itens.




Pelo menos para mim, existe um limite de quanto um jogo de acesso antecipado pode estar inacabado. Ter uma base interessante que instigue o jogador a se divertir por algum tempo já é o suficiente, Forever Skies entre pouco disso. Não existe combate, apenas um inimigo estático que te passa uma doença que é curada em dois minutos. A besta, arma que você pode criar nos menus, não tem serventia nenhuma já que não tem inimigos. 

O único momento em que as coisas parecem ficar interessantes, é quando você encontra o elevador que te leva para a superfície abaixo das nuvens mortais, mas toda essa experiência é frustrante com um depósito com péssimo level design, que faz o jogador ter que sair toda vez pra criar uma nova tecnologia e poder avançar, o que compromete em muito o ritmo da exploração. No fim o local é mais do mesmo, um lugar vazio, com recursos e um monte de espaço vazio.

O brilho no horizonte



Vale destacar as partes que funcionam bem em Forever Skies. A nave é a melhor coisa do jogo. Os comandos são simples, as viagens com ela são eficientes, e a música que acompanha sempre que você levanta vôo é sublime. Existe um sistema de construção que faz a nave ser uma casa/base voadora, o que dá uma boa liberdade para o jogador decidir quantos cômodos vai ter, do que eles vão ser revestidos, qual a cor e quais máquinas haverá dentro. 

Os visuais também são estonteantes com nuvens coloridas, e um horizonte que passa uma atmosfera desoladora mas pacífica, quase divina. Uma pena que a péssima otimização do game o faz ser pesado até com máquinas mais robustas, tendo constantes quedas de frames e travamentos.




O sistema de criação também é interessante, com uma boa gama de aparelhos, utensílios e bugigangas que irão aprimorar e facilitar a vida do explorador das alturas. Como já dito, algumas delas não tem utilidade nenhuma, outras são bem úteis, mas todas parecem ter sido pensadas com um objetivo claro, mesmo que esse objetivo ainda não esteja dentro do jogo. Trabalhar com essas ferramentas no começo pode ser desafiador, muitas mecânicas simples, como recarregar seus aparelhos, não são ensinadas no game.

Uma demo “premium”

Forever Skies é uma aventura sem aventura que não entrega a exploração que deveria. Com a falta de conteúdo, propósito e diversidade, o acesso antecipado mais parece uma demo, que por coincidência tem um mundo aberto vazio e genérico.. É difícil acreditar que os devs conseguirão reverter o que foi feito. Adicionar novas armas, monstros e histórias é possível, já está nos planos deles. Mas para consertar o mundo morto, pouco inspirado e tedioso, seria necessário uma reinicialização completa do projeto, algo que espero muito que eles consigam fazer. Talvez o game encontre carinho entre aqueles que só querem navegar, pousar nos mesmos lugares e coletar os mesmos recursos.

Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Far From Home.

Redator publicitário em tempo integral e amante de games nas horas vagas. Provavelmente aprendi a segurar um controle mais rápido do que uma mamadeira. Cresci com os maiores clássicos da Big N como Zelda, Mario e Pokémon. Hoje aproveito os pequenos momentos de descanso da vida corrida para me perder em Hyrule, em uma Tóquio pós-apocalíptica ou em um mundo de encanadores e cogumelos.
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