Embora tenha ficado conhecido como um dos party games mais famosos de consoles da Nintendo, Bomber Man nasceu para MSX-1, em 1983, e está prestes a completar 40 anos. Embora tenha suas limitações em comparação aos jogos mais modernos, ele estabeleceu as bases para uma série de sucesso que evoluiu e se expandiu ao longo dos anos.
Labirintos e bombas
Em 1983, a Hudson Soft, lá no Japão, resolveu lançar um jogo um pouco diferente dos padrões da época. Segundo o manual europeu do game, o jogador assume o controle de Eric (“Bomber Man” ou “homem-bomba”, em tradução livre), um arqueólogo que procura um tesouro escondido.
No entanto, para alcançar esse objetivo, nosso herói precisa não apenas lidar com perigosos balões (!), mas também usar bombas para explodir paredes que estejam em seu caminho. A premissa lhe parece um pouco familiar? Bom, dizem que o jogo teve uma forte inspiração na febre de Indiana Jones, cujo primeiro filme foi lançado em 1981.
A jogabilidade aqui não tem segredo: usando as setas direcionais para controlar a direção do boneco e a barra de espaço para deixar uma bomba no chão, o jogador deve avançar pelas fases para aumentar cada vez mais seu score. Não há um número definido de fases, então, infelizmente, é seguro dizer que o protagonista nunca encontra o tesouro que tanto busca, o que é uma pena em termos narrativos.
Diferentemente dos jogos posteriores, Eric tem não apenas a expertise de colocar cinco bombas de uma só vez, como também pode andar por cima delas (tanto o jogador quanto os inimigos, vale citar), o que faz com que seja necessário estar atento ao tempo de explosão de cada uma para não ser pego por ela, mesmo que não seja possível ficar preso entre uma bomba e uma parede.
Em cada estágio, existe a possibilidade de encontrar um item bônus escondido, como latas de Coca-Cola e bicicletas Penny-farthing (aquelas antigas com uma roda dianteira muito maior que a traseira), sacos de ouro e arcas com tesouros, aumentando ainda mais a pontuação. Além disso, a cada quatro estágios, o jogador é enviado a uma fase especial em que as bombas são posicionadas automaticamente pela máquina, respeitando-se o limite de cinco por vez.
Normalmente, a primeira coisa que se faz ao relembrar um jogo é pensar em sua história ou plano de fundo, porém, com esta série bombástica, o foco é outro acabou se tornando a jogabilidade. Quem teve contato com o título original para MSX-1 (ou qualquer outro da série que veio depois dele) sabe que isso não tem importância alguma a partir do momento que tomamos o controle do personagem, que logo se tornaria o cabeçudo mais famoso dos videogames.
A formação de uma base sólida
Apesar de não contarmos com o mesmo personagem principal, é possível perceber como a Hudson utilizou muitos elementos do Bomber Man original no restante da série — sempre, é claro, aumentando as possibilidades do jogador, para tornar o jogo cada vez mais charmoso ao longo dos anos. Na versão original para o MSX-1, não havia poderes especiais, mas não podemos negar que os estágios extras podem ter sido uma das inspirações para um poder similar adicionado posteriormente, em que as bombas são posicionadas todas de uma vez e cabe ao jogador correr para não ser atingido por suas próprias explosões em sequência.
Apesar de os balões terem se transformado em robôs da mesma espécie do protagonista como principais adversários e poderes especiais terem sido adicionados ao longo dos anos, a aventura do Homem-Bomba original certamente deixou uma base sólida para o restante da série: a jogabilidade simplificada e rápida, baseada em explodir obstáculos e inimigos, sempre será o objetivo de toda a franquia. Com o tempo, uma série de novidades foram introduzidas, como montarias e o ponto alto da série, o multiplayer, mas tudo isso só foi possível porque nosso arqueólogo Eric foi capaz de abrir caminho explodindo paredes de tijolos e encantando todo o seu público da época.
Esse misto de ação e estratégia, combinado ao desafio crescente, foi suficientemente capaz de agradar a todos os tipos de públicos, do jogador mais competitivo ao casual, garantindo horas e horas de diversão em um universo divertido, rápido e colorido. Inclusive, o vídeo abaixo mostra a evolução dos jogos posteriores à aventura de Eric nestas quatro décadas, caso tenha interesse em saber um pouco mais sobre eles.
Charme atemporal
Mesmo com gráficos atualmente datados, todos os traços marcantes da franquia não mudaram tanto a partir daqui, comprovando sua personalidade incontestável mesmo para um jogo de 40 anos de idade. É inegável que Bomber Man possui um legado e importância ímpares, originando uma série prestigiada tanto para os jogadores quanto para a história dos videogames como um todo.
Revisão: Thais Santos
Capa: Thais Santos
