Análise: Company of Heroes 3 - Console Edition (PS5/XSX) é uma boa versão de um ótimo jogo de guerra repleto de estratégia e ação

Apesar de alguns problemas, o game proporciona boa dose de diversão e desafio, sobretudo para os fãs de disputas online.

em 29/06/2023

Os jogos multiplataforma são bastante comuns na atualidade, sobretudo nas produções de maior porte. Afinal, em teoria é mais fácil recuperar o investimento em um game ao lançá-lo para vários dispositivos e, portanto, para um público mais numeroso. A questão é que nem sempre é possível manter o mesmo nível de qualidade para todas as versões.

Em particular, jogos originários dos computadores pessoais – os populares PCs – por vezes são os mais desafiadores de serem adaptados, pois são projetados pensando no par mouse e teclado. Nesses casos, adaptar a jogabilidade para os consoles e seus joysticks pode ser algo complicado. Company of Heroes 3 - Console Edition, como vamos conferir nesta análise, é um exemplo dessa dificuldade, limitando-se a um bom jogo que poderia ser melhor.

Um novo membro para a tropa

Originalmente lançado em 23 de fevereiro de 2023 como um exclusivo para o PC, Company Wars 3 recebeu uma versão para os consoles PlayStation 5 e Xbox Series no dia 30 de maio do mesmo ano. Confesso que esta é a minha primeira experiência com essa série, sendo que o título mais próximo desse gênero que já joguei foi Command & Conquer: Red Alert Retaliation, lá no saudoso PlayStation.
Pronto para travar combates emocionantes?
Para quem não conhece, Company of Heroes é uma série de títulos que misturam tática e estratégia com ação em tempo real. No comando de um exército, o jogador precisa gerenciar tropas, veículos, construções e territórios para ter sucesso nas missões. Elas vão desde capturar pontos estratégicos, resgatar soldados e até a completa destruição de forças inimigas.

Tudo deve ser feito em tempo real, ou seja, nada de regime de turnos ou limites na quantidade de ações como atacar ou mover (com exceção de recursos específicos e habilidade especiais). O jogador precisa tomar decisões a todo momento, prestando atenção no inimigo tanto quanto no seu exército, tornando as partidas emocionantes por exigirem tanto planejamento quanto agilidade. Não existem “reforços infinitos”, então é preciso cuidar bem das suas tropas.

Usar as habilidades especiais é fundamental para ter sucesso
O game está ambientado em duas localidades distintas: norte da África e Itália, ambos em tempos da Segunda Guerra Mundial. Os cenários variam bastante, incluindo praias, colinas, desertos e cidades. Não espere visuais incríveis, sobretudo em termos de texturas e algumas animações de destruição (como prédios e árvores), mas Company of Heroes 3 – Console Edition entrega uma produção satisfatória.

Honra ao mérito

O terceiro título da franquia trouxe novidades importantes em relação aos antecessores, sendo a mais significativa delas a chamada Full Tactical Pause. Com ela, é possível pausar a ação a qualquer momento e dar as ordens ao seu exército. Por exemplo: durante um assalto a uma fortaleza, é possível parar o jogo para organizar as tropas que vão atacar, quais vão ficar na retaguarda, posicionar a chegada dos reforços, etc.
Apesar de parecer uma contradição com a proposta básica do game que expliquei anteriormente, confesso que o recurso é muito útil para quem quer uma experiência mais acessível. Controlar várias tropas e veículos em meio ao fronte de batalha e ainda administrar construções e reforços, que funcionam em regimes de cooldown, pode ser desafiador sem essa pausa tática.

Obviamente, quem quer uma experiência mais autêntica pode ficar à vontade para não utilizar o recurso. Seja como for, o jogador tem à disposição duas campanhas diferentes para aproveitar essa mecânica, ambientadas nas já comentadas Itália e África. Ambas fazem uso do Dynamic Campaign Map, que exige o posicionamento de tropas e o gerenciamento de territórios numa escala maior.

É importante analisar o mapa para determinar os próximos passos
É quase como um grande tabuleiro em que movimentamos as peças. Quando dois exércitos se encontram, uma batalha é travada seguindo as mecânicas tradicionais. Gostei bastante dessa divisão de momentos na campanha, aumentando ainda mais os elementos táticos. Também temos pequenos enredos com diálogos interessantes e eventuais escolhas dos próximos passos da guerra. Certas decisões rendem pontos de facção que, por sua vez, podem gerar benefícios exclusivos e interessantes.

Adaptar, improvisar e (quase) superar

Passando para as batalhas em si, Company of Heroes 3 faz bonito com suas mecânicas básicas simples, mas profunda variedade de opções avançadas. O jogador move o cursor sobre as tropas para selecioná-las e executar ações como atacar, movimentar e recuar. É possível comandar mais de um grupo ao mesmo tempo, mas isso pode ser uma tarefa um tanto ingrata.
Cada categoria de soldado traz seus próprios recursos, como o engenheiro e sua capacidade de lidar com construções e veículos
Essa mecânica foi pensada originalmente para mouse e teclado, o que torna complicada, por exemplo, a movimentação pela tela para encontrar e escolher as tropas. Por diversas vezes selecionei grupos errados e dei comandos equivocados, expondo tropas a tiroteios ou comprometendo terrenos conquistados duramente. A experiência minimiza esses erros, mas a sensação contraintuitiva permanece.
É legal ver as animações durante os tiroteios
Ao menos essas mecânicas básicas são simples de entender e rápidas de executar. O HUD do jogo, ou seja, a tela e as informações mostradas nela, compartilham da falta de adequação para os consoles, visto que é difícil encontrar tropas e saber exatamente o que cada uma pode fazer. Por exemplo, por vezes é complexo ver quanto pontos eu recebi para chamar mais tropas ou detectar quem está sob fogo cerrado. Felizmente, o Full Tactical Pause vem a calhar neste caso, permitindo ao jogador calmamente analisar os recursos à disposição.
 
Isso é fundamental pela variedade de opções mais avançadas: tropas, cada uma com suas habilidades especiais como usar explosivos, cura e furtividade; veículos, que vão desde jipes até tanques; e construções, como tendas médicas e fortes. Ao comandar as tropas, é preciso ficar atento a coisas como ataques pelo flanco e linha de visão, alguns exemplos de elementos dinâmicos que têm efeito significativo nos tiroteios.
Chamar reforços blindados é uma verdadeira festa
A cobertura de alguns poucos sacos de areia, por exemplo, é menos efetiva que um muro alto. Por outro lado, soldados se jogam no chão e avançam se arrastando se são alvejados pelo inimigo enquanto se deslocam por uma área descoberta. Seja ocupando prédios, roubando equipamento inimigo, chamando reforços via paraquedas ou utilizando os suados Command Points – obtidos conforme ganhamos experiência com as tropas – para adquirir melhorias importantes, Company of Heroes 3 oferece muitos recursos para vencer.

Perdendo batalhas...

Além das campanhas, Company of Heroes 3 - Console Edition conta com modos multijogador. Para alguns, certamente essa será a melhor parte do game: até quatro jogadores podem disputar partidas utilizando as quatro facções disponíveis – US Forces, British Forces, Wehrmacht e Deutsche Afrikakorps –, cada uma delas com características próprias e divididas em seis tipos diferentes de tropas. Temos opções de 1v1 até 4v4, incluindo disputas com e contra a IA do game (o Full Tactical Pause fica de fora nesses casos).
Como deve ter ficado claro, o game tem uma quantidade considerável de recursos e opções para travar guerras e batalhas. Justamente por ter tanta variedade que senti falta de um tutorial mais completo: o game tem somente um que foca nas mecânicas gerais do jogo, sem maiores detalhamentos. Como uma grande quantidade de tropas, veículos, habilidades e mecânicas estão disponíveis desde o começo, é complicado aprender a usar tudo em meio às batalhas e desafios.

É uma pena, pois a proposta do título é interessante e, quando funciona num controle, é muito divertida. A questão é que o game precisa de mais para chegar num nível mais satisfatório, sobretudo para uma franquia que tenta achar seu espaço no universo do PlayStation e do Xbox. Infelizmente, até mesmo telas de carregamento e congelamentos aparecem eventualmente. Também é importante frisar que a versão exclusiva para os consoles conta com outras diferenças pontuais além das citadas até agora.

Também é possível criar partidas customizadas
São elas: ausência de loja e desafios online com recompensas; falta de opções para mods; chegada de conteúdos e novidades será atrasada em relação ao PC. Ou seja, mais itens para a lista de adaptações que não foram bem pensadas. Para terminar, embora o foco do game não seja manter uma completa fidelidade histórica, seria legal ter lido alguma citação sobre a participação do exército brasileiro nas batalhas na Itália.

... mas vencendo a guerra!

Não é sempre que um jogo de estratégia consegue ser tão dinâmico e viciante quanto Company of Heroes 3 - Console Edition. Com uma boa variedade de recursos e divertidos modos campanha e multijogador, é fácil se envolver nas competitivas batalhas ambientadas na Segunda Guerra Mundial. Existem alguns probleminhas que dificultam a vida do jogador, mas não se engane: se você é fã de jogos que exigem tática e planejamento, de preferência temperados com uma boa dose de ação, então esta é uma ótima pedida para a sua biblioteca.

Fazer guerra nunca foi tão divertido em Company of Heroes 3 - Console Edition 

Prós

  • Game de estratégia em tempo real divertido e com boa quantidade de conteúdo;
  • Modo campanha traz duas histórias interessantes;
  • Muitas opções para disputar os combates, com direito a diversos tipos de tropas, veículos, construções e habilidades;
  • Animações interessantes trazem mais vida a ambientação do game;
  • Mecânicas como a Full Tactical Pause tornam o game mais acessível;
  • Modo multijogador é ótimo para jogar com ou contra os amigos.

Contras

  • Características inerentes à versão original para PC tornam a adaptação para consoles capenga, sobretudo em termos de HUD, jogabilidade e loja;
  • Elementos gráficos como texturas do solo e animações de destruição ficaram devendo;
  • Faltou um modo tutorial mais robusto e detalhado.
Company of Heroes 3 - Console Edition — PS5/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise redigida com cópia digital cedida pela Sega

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.