Simulador de Escravidão (Mobile): jogo gera polêmica e é removido da Play Store, entenda o caso

O título reproduzia alguns dos maiores horrores cometidos nesse período, como comércio, tortura e abuso sexual de escravos.

em 29/05/2023

A desenvolvedora Magnus Games tem passado por diversas controvérsias durante as últimas semanas. Tudo por conta de ter disponibilizado na Play Store um jogo chamado Simulador de Escravidão (Mobile) que, como o nome indica, reproduz as atrocidades praticadas no regime escravocrata — o que levou a uma grande indignação por parte da sociedade.


A empresa foi fundada pelo empreendedor ucraniano Andrej Kardashov e conta com vários simuladores publicados para os dispositivos móveis. Nenhum desses jogos, no entanto, apresenta um conteúdo tão ofensivo como era possível encontrar no Simulador de Escravidão.

Para se ter uma ideia das atividades que os jogadores precisavam desempenhar para prosseguirem no game, era necessário comercializar, torturar e até abusar sexualmente dos escravizados. Além disso, o título possibilitava subornar deputados a fim de que não fosse aprovada a abolição da escravatura.

Com um conteúdo tão chocante como esse, uma grande repercussão dentro da comunidade gamer já era esperada. No entando, o título indignou de tal forma a população que até a classe política se manifestou sobre o assunto.

O vereador de Niterói Leonardo Giordano (PCdoB-RJ) publicou um vídeo na sua página do Facebook tecendo duras críticas ao título, classificando o game como “um crime terrível”. Confira trechos da declaração de Giordano:
“Pessoal, venho aqui contar algo muito sério. Existe um “jogo" terrível na Play Store chamado Simulador de Escravidão, onde pessoas negras são tratadas como objetos, sendo compradas, vendidas e maltratadas. Isso é um crime terrível! 

A Unegro Brasil [movimento que combate o racismo e outras formas de opressão] já tomou providências e denunciou o caso ao deputado Orlando Silva, que vai agir para buscar justiça. Ele vai fazer uma denúncia ao Ministério Público, porque isso é racismo e precisa ser punido! 

Vamos lutar para que os responsáveis respondam legalmente. É muitos triste ver algo assim acontecendo nas plataformas digitais.”
Por sua vez, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), por meio do seu perfil no Twitter, condenou veementemente a postura do Google de manter o jogo na sua plataforma, julgando o título como “desumano, nojento, estarrecedor.”


Com todas essas reinvidicações, em 24 de maio, o Ministério Público Federal abriu um procedimento para investigar a disponibilização do game na Play Store. Entrentanto, no mesmo dia, o Google removeu o jogo da loja, alegando que “não permitimos apps que promovam violência ou incitem ódio contra indivíduos ou grupos com base em raça ou origem étnica.”

Mesmo não estando mais disponível, muitos cidadãos continuam ofendidos pelo conteúdo presente no game. Prova disso é que a ONG Educafro, que visa possibilitar o acesso de pessoas negras nas universidades, protocolou uma ação civil no último sábado, dia 27, reinvindicando R$ 100 milhões em indenização do Google pelo período em que o título ficou hospedado na plataforma.

A organização esclareceu que “o nosso compromisso diz respeito à proteção coletiva de toda a sociedade, em especial a população negra que sofre cotidianamente com os abusos, violências e crimes praticados contra a humanidade.” Além de ressaltar que “a gigante Google ou qualquer outra empresa ou instituição deve se responsabilizar por seus atos ou por suas omissões.”

Em sua defesa, a desenvolvedora Magnus Games afirmou que o jogo Simulador de Escravidão foi criado para fins de entretenimento e que condena qualquer prática de escravizaçäo no mundo real.

Fonte: MPF e Educafro

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