Impressões: Remnants of the Rift (PC) traz ação tática criativa, mas ainda em estado inicial

Pause o tempo para dar conta de desafios de outra dimensão neste título indie que ainda precisa aprimorar as suas ideias.

em 17/05/2023

Para explorar as profundezas da dimensão paralela de Remnants of the Rift, mercenários participam de expedições perigosas em busca de riquezas. Esse título indie tem como principal característica o combate em tempo real em que podemos pausar a ação para planejar os movimentos. Lançado em acesso antecipado, o jogo tem ideias criativas, mas ainda precisa amadurecer muito para conseguir entregar uma experiência satisfatória.

Mergulhando em uma fenda dimensional

Um dia, a humanidade foi pega de surpresa com o surgimento de uma dimensão paralela. Esse mundo entre os mundos foi nomeado The Bast, e o interesse nele foi imediato: o lugar não só é povoado por criaturas estranhas, mas também esconde artefatos valiosos. Inúmeras facções decidem explorar as possibilidades dessa nova realidade e, para isso, contratam mercenários que estão dispostos a encarar os perigos do local.


Nesse mundo inusitado, acompanhamos Morgan, uma dessas “mergulhadoras de dimensões” que tenta sobreviver procurando tesouros em The Bast. As excursões são divididas em estágios cujo objetivo é derrotar todos os inimigos enquanto defendemos os moduladores que mantêm a protagonista nesse mundo paralelo. Para isso, a garota utiliza diferentes equipamentos, como uma pistola, minas explosivas, uma luva capaz de atordoar monstros e mais. Pelo caminho, podemos instalar melhorias diversas nos equipamentos.

Como mencionado, o ponto mais inusitado do jogo é seu sistema de batalha. Os movimentos acontecem em tempo real, mas podemos pausar a ação para escolher com calma os ataques. Posicionamento também é importante, pois as arenas são divididas em grade, como em um grande tabuleiro, então é essencial planejar cada atividade. Cada habilidade tem tempo de carregamento distinto, então precisamos utilizá-las com sabedoria para não ficarmos completamente indefesos.


Quando os moduladores são destruídos, Morgan é lançada para fora da fenda dimensional e a missão acaba. Fora de The Bast, podemos usar alguns dos recursos coletados para comprar equipamentos e melhorias permanentes, o que aumenta a chance de chegar mais longe na próxima tentativa. Cada partida apresenta mapas e desafios distintos, o que torna cada excursão uma surpresa.

Um conjunto de boas ideias comprometidas por execução limitada

Remnants of the Rift me surpreendeu com sua interpretação única de alguns conceitos muito explorados em outros jogos. O combate é bem intenso, pois Morgan está sempre cercada e em desvantagem numérica, então precisamos usar com muita inteligência as ferramentas disponíveis. Além dos equipamentos, podemos induzir os inimigos a atacarem uns aos outros — ícones indicam as próximas ações dos oponentes, o que nos permite reagirmos de acordo.

Os momentos mais legais do jogo são aqueles em que aparecem situações muito complicadas e conseguimos sair ilesos. Apreciei, em especial, as possibilidades proporcionadas pelas habilidades, como uma investida que atravessa vários inimigos e é também uma ótima opção de movimentação. Conforme avançamos, o desafio aumenta, com mapas mais complicados e quantidades maiores de inimigos. Dominar posicionamento, priorização e agilidade se tornam cruciais.


As ideias são interessantes, no entanto, no estado atual, Remnants of the Rift parece só um rascunho inicial. Para começar, o conteúdo é extremamente limitado, consistindo de algumas poucas armas, arenas praticamente idênticas e uma quantidade minúscula de inimigos. Com isso, as partidas ficam repetitivas muito rápido e há poucos incentivos para continuar jogando. Alguns elementos, como eventos e diferentes configurações de inimigos, tentam resolver esse problema, mas estão longe de serem suficientes.

No campo estratégico, o jogo também precisa de ajustes. Uma característica notável de roguelikes é a possibilidade de montar configurações diferentes de poderes a cada partida, com muitas opções de sinergias. Remnants of the Rift ainda não oferece isso: com sua quantidade reduzida de equipamentos, sempre usamos as mesmas estratégias, o que logo deixa as coisas cansativas. Até há modificadores de armas espalhados pelas partidas, mas a maioria tem efeitos de pouco impacto.


Por fim, temos a parte técnica. A direção de arte é agradável e aposta no tema retrofuturista, com inimigos e personagens exóticos e o uso de um filtro visual que dá a aparência de um filme antigo. Porém, é bem aparente que falta polimento nos menus, nos modelos e na movimentação dos personagens. Além disso, há somente uma música que se repete ininterruptamente, e, para piorar, ela tem recomeço abrupto. Torço para que essas áreas sejam melhor trabalhadas durante o período de acesso antecipado.

Um início esperançoso, mas que ainda precisa de muito trabalho

Remnants of the Rift nos instiga com suas ideias criativas. O destaque é seu combate ágil que permite pausar a ação para fazer decisões. Posicionamento, gerenciamento de tempo e priorização de alvos tornam os embates estratégicos e envolventes. No entanto, o jogo ainda está em um estado muito inicial, pois o conteúdo é escasso, as possibilidades táticas se revelam limitadas com o tempo e a parte técnica precisa de polimento. Remnants of the Rift é bem promissor, então só nos resta torcer para que o seu potencial seja explorado durante o tempo que ficar em acesso antecipado.

Revisão: Raquel Nascimento
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Bromio

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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