O Competition and Markets Authority (CMA), órgão responsável por regular o mercado do Reino Unido, insiste em impedir a venda da Activision para a Microsoft. A decisão foi comunicada hoje pelos responsáveis pela entidade em uma sabatina com os membros do Parlamento britânico.
Tanto a Activision quanto a Microsoft vêm passando por diversos obstáculos para concluírem a fusão anunciada em janeiro do ano passado. A revelação de que o valor do acordo entre as empresas teve um grande desconto por conta das denúncias de assédio, discriminação e má conduta dos funcionários do alto escalão da desenvolvedora; os executivos da Sony considerando a proposta de manter Call of Duty no PlayStation "inadequada" e a própria Microsoft sugerindo que a conduta do FTC - agência anti-truste americana - era inconstitucional foram algumas das adversidades enfrentadas por ambas companhias.
No entanto, no último 26 de abril, a união entre as empresas sofreu o que pode ser considerado o maior entrave até então: o CMA, órgão responsável por promover a competição e punir as práticas desleais no mercado inglês, barrou a transação pelas possíveis consequências negativas aos concorrentes do segmento de jogos por streaming, como o Nvidia Geforce Now e o extinto Google Stadia.
Assim que a decisão do departamento britânico veio a público, a Microsoft anunciou que iria recorrer do veredito para o Competition Appeal Tribunal - conselho responsável pelas apelações das sentenças do CMA. Na ocasião o presidente da empresa, Brad Smith, chegou a afirmar que o órgão estava "desencorajando a inovação tecnológica e investimentos no Reino Unido".
Ontem parecia que os esforços da Microsoft estavam começando a surtir efeito, já que a Comissão da União Européia aprovou a compra da Activision, alegando que a fusão das empresas não prejudicaria os consoles rivais e os serviços de assinatura concorrentes.
Hoje, entretanto, quando foram indagados pelos membros do Parlamento britânico sobre a discrepância entre o veredito do órgão e da Comissão da União Europeia, os responsáveis pelo CMA persistiram em barrar a transação sobre a justificativa de que impactaria a confiança do mercado internacional em investir no Reino Unido.
Confira abaixo alguns trechos da resposta de Marcus Bokkerink, um dos membros do órgão, em tradução livre:
"Eu entendo a percepção de que quando uma decisão é tomada de bloquear um acordo, existem questionamentos se o Reino Unido está aberto para novos negócios.Todos os empresários sabem que há uma grande diferença entre construir um negócio, investir em um novo negócio, investir em uma startup, criar um novo negócio e comprar uma firma bem estabelecida, que já possui uma posição bem definida. Essas duas coisas não são iguais.O Reino Unido sempre encorajou, e é o dever do CMA encorajar, mercados abertos competitivos. Nós somos vigilantes, como é o nosso dever, com investimentos que consolidariam um poder de mercado já robusto.Eu teria desafiado a premissa de que impactaria a confiança internacional em fazer negócios no Reino Unido, dando as costas para aquisições anticompetitivas."
Com a persistência do CMA em impedir a compra da Activision, resta a Microsoft aguardar o julgamento do Competition Appeal Tribunal para reverter a decisão na Grã-Bretanha.