Análise: Fuga: Melodies of Steel 2 (Multi) é uma experiência intensa, cativante e muito emocionante

Mesmo sendo um pouco mais longo que o necessário, este RPG cativa por sua história, personagens e combate marcantes.

em 31/05/2023

Fuga: Melodies of Steel 2
é uma sequência direta de Fuga: Melodies of Steel, lançado em 2021. Produzido e publicado pela CyberConnect2, Melodies of Steel 2 conta a nova aventura de Malt e seus amigos que devem parar um novo conflito em Gasco a bordo de um novo tanque de guerra. Com uma história envolvente, personagens carismáticos e um combate técnico e dinâmico, temos em mãos um título que consegue surpreender pela sua enorme qualidade e dificuldade.

Um novo conflito em Gasco

A história de Fuga: Melodies of Steel 2 acontece um ano após seu antecessor. Depois do armistício assinado entre Berman e Gasco, Malt e seus amigos voltaram para suas casas e passaram a ter uma vida pacata. Certo dia, todos foram convocados pelo Exército de Gasco para visitar Pharaoh, a nova capital da região.

No local, os jovens são surpreendidos com a presença de Taranis, o imenso tanque utilizado por eles durante a guerra. O exército de Gasco quer inspecionar a máquina, mas ela se encontra fechada. Logo, os oficiais precisam de ajuda para continuar seu trabalho.




Após abrir Taranis, Hanna, Mei, Boron, Socks e Britz adentraram o tanque enquanto Malt, Kyle, Sheena, Chick e Hack se mantiveram do lado de fora conversando com os responsáveis. De repente, Taranis fecha suas portas e, com as crianças dentro, começou a se locomover e a atirar poderosos projéteis por toda a cidade.

Enquanto procuravam um local para se esconder, Malt e seus amigos encontram Tarascus, o tanque que enfrentaram durante a guerra, que também está sob o controle do exército. Então, as crianças decidem entrar na máquina para salvar seus amigos e impedir que uma tragédia maior aconteça.




A história de Fuga é contada na forma de uma visual novel, com imagens estáticas, janelas de diálogos e dublagem. Durante o game, vamos acompanhar a trajetória de Malt e seus amigos em mais um conflito pelo continente, assim como o desenvolvimento de suas relações durante os momentos mais difíceis.

Se, assim como eu, você não tiver jogado o primeiro jogo, não se preocupe. Óbvio que o ideal seria acompanhar a história como um todo, mas Melodies of Steel 2 apenas faz referências ao seu antecessor e é possível entender todo o contexto a partir dos diálogos e da recapitulação presente no menu inicial.




Um ponto muito interessante é a qualidade visual do game, principalmente no que envolve o design dos personagens, inimigos e ilustrações utilizadas para desenvolver a história. Aliada a isso está a trilha sonora, que consegue nos envolver de maneira eficaz, principalmente nos momentos mais tensos de batalha e nos diálogos mais emotivos.

Achei impressionante a forma que Melodies of Steel 2 me envolveu no conflito, tratando de maneira madura o envolvimento de crianças em uma guerra e a consequência de todas as ações dos inimigos, principalmente com Malt, o personagem mais trabalhado na história. O líder dos garotos se mostra responsável, mas também sensível, sobretudo quando o assunto é salvar seus amigos. Uma pena não estar traduzido para português, mas há promessas para incluir nosso idioma em uma futura atualização.



Um combate tático, profundo e frenético

Intercalando os momentos de história estão os trechos de combate, que consistem em batalhas por turno entre grandes maquinários. No controle de Tarascus, e posteriormente outros tanques, precisamos superar longos momentos de combate para salvar nossos amigos ao longo dos 12 capítulos de história. 

E esse é um ponto negativo que já deixo em destaque: são momentos longos, cansativos e intensos. A partir do terceiro capítulo, o combate se torna bem estratégico e difícil, especialmente por envolver o aspecto emocional da história, o qual explicarei posteriormente. Com o tempo, o gameplay tende a ficar um pouco repetitivo, apesar da variedade de mecânicas disponíveis.

As expedições de combate funcionam da seguinte forma: durante cada capítulo, nosso tanque precisa percorrer um caminho ilustrado no topo da tela como um trajeto linear e com vários pontos de interesse, como inimigos, recursos para melhoria do tanque, caixas com vida e mana, ruínas, entre outros. A princípio, há apenas uma linha e poucos inimigos, mas com o tempo elas se tornam mais complexas.




Nosso tanque é equipado com três posições de armamentos, as quais precisamos posicionar nossa equipe em cada uma delas. Há três tipos de armas diferentes: as pesadas, que dão mais dano e demoram mais a carregar; as leves, que dão menos dano, mas recarregam mais rápido; e as intermediárias, que possuem características mais balanceadas. Cada personagem de sua equipe utiliza um tipo de armamento, logo, podemos escolher como vai ser a configuração de combate do nosso tanque de acordo com a nossa necessidade.

Além do combatente, em cada posição podemos definir um personagem para acompanhá-lo e atribuir uma habilidade secundária, como recuperação de vida ou aumento de velocidade. Podemos variar a disposição das três duplas da maneira que bem entendermos, visto que cada inimigo possui uma fraqueza específica e podemos nos adaptar a isso.




Essa é apenas uma das camadas estratégicas do combate de Melodies of Steel 2. Há muitos elementos relevantes no combate, como saber a hora de trocar de personagens, quando usar suas habilidades, qual o melhor armamento para usar contra cada inimigo, gerenciamentos de vida e mana, compra e venda de itens para aplicar melhorias no tanque e aumento de nível de cada um dos tripulantes.

O mais legal é a forma que esses duelos mesclam com a história apelando para o aspecto emocional dos protagonistas. Uma das mecânicas presentes no título é o desenvolvimento de relações entre cada personagem. Uma maior afinidade resulta em poderosos ataques combinados que são carregados quando uma dupla passa muito tempo junta em cada luta.




Além disso, a sua arma mais poderosa, a Soul Cannon, capaz de finalizar inimigos de maneira rápida, é alimentada pela alma de um amigo. Quando a vida do tanque diminui bastante, um tripulante aleatório é escolhido como sacrifício e, ao final de 20 rodadas, o canhão dispara.

Esse é certamente um dos momentos mais tensos do jogo, principalmente pela reação de todos os envolvidos. Ter que correr contra o tempo para finalizar a luta é uma atividade tensa e arriscar perder um dos aliados torna tudo ainda mais difícil.  

Por fim, um detalhe que pode incomodar algumas pessoas é a estrutura repetitiva dos capítulos. Todos são semelhantes, com momentos para compra e venda de itens e diálogos com NPCs após cada trecho de batalha. Não há muita variedade de eventos e isso ajuda a tornar o game mais monótono.



As dolorosas e intensas melodias de aço

Fuga: Melodies of Steel 2 é uma experiência singular. Com personagens marcantes, artes lindíssimas e uma história bem desenvolvida, Melodies of Steel 2 é envolvente e encantador de uma forma que vi poucas vezes em jogos. O combate também é uma experiência magnífica, que entrega intensidade e emoção em cada rodada. A aventura de Malt e seus amigos é mais que recomendada para fãs de excelentes narrativas e de RPGs com muitos elementos estratégicos.

Prós

  • História envolvente, com personagens carismáticos e diálogos interessantes;
  • Personagens, cenários e tanques com excelentes designs;
  • Trilha sonora impecável, que envolve o jogador tanto nos diálogos mais emotivos quanto nos combates mais difíceis;
  • Combate estratégico, exigindo muita paciência e planejamento do jogador por conta de suas várias possibilidades.

Contras

  • Não há, por enquanto, legendas em português;
  • A estrutura comum dos capítulos torna a experiência um pouco monótona às vezes;
  • Os trechos de combate se prolongam mais que o necessário, tornando-se muito maçantes.
Fuga: Melodies of Steel 2 — PS5/PS4/XSX/XBO/Switch/PC — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Vitor Tibério
Análise feita com cópia digital cedida pela CyberConnect2 


É engenheiro geólogo, graduando em Engenharia Ambiental, entusiasta de novas tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Gosta de aproveitar o tempo apreciando RPGs, relaxando em simuladores de fazenda e curtindo uma boa música em jogos de ritmo.
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