Análise: Arto (PC) é um hack and slash medíocre, mas faz bom uso das cores para chamar a atenção

Mesmo com boas ideias, o título esbarra em uma série de limitações.

em 02/05/2023

Em Arto, estamos no controle de Liv, a escolhida pela divindade Goya para restaurar a vida após um evento que acabou com as cores do mundo. O hack and slash produzido pela OrionGames e publicado pela Freedom Games sofre com alguns problemas que interferem significativamente na aventura, mas não deixa de entregar um combate diversificado, além de ousar na forma com que seus mundos são construídos.

Recuperando um mundo sem cores

O Chromaclisma foi um evento trágico que acabou com as cores no mundo. Com tudo branco e sem vida, Goya, uma das Divindades Cromáticas, decidiu escolher Liv com sua nova apóstola. Sua missão será procurar e reunir todas as divindades daquele mundo para salvá-lo.

Goya presenteia Liv com alguns poderes, dentre eles a capacidade de recuperar as cores — e a vida — por onde passar. Com o caminhar da protagonista, plantas e animais recuperam suas cores e passam a compor a ambientação, e armada com sua espada, ela deverá enfrentar os mais variados inimigos que se opõem ao seu objetivo.




Liv andará por cinco mundo diferentes, com as mais diversificadas ambientações — campos, florestas, montanhas e lugares assombrados são apenas alguns cenários pelos quais iremos nos aventurar. O mais interessante é que cada local conta com um estilo artístico diferente: a primeira área é mais detalhada, focando em uma vasta vegetação; as montanhas assumem um gráfico low poly; e o mundo cyberpunk tem gráficos em 8-bits.

Mesmo não possuindo gráficos modernos, Arto consegue chamar a atenção por essa característica. Os diversos estilos adotados, assim como a recuperação das cores, combinam com a proposta do título, visto que toda a sua temática envolve a restauração de um mundo artístico.



Um combate modesto, divertido e um pouco problemático

Arto é uma aventura hack and slash bem tradicional. Ao longo do game, Liv será capaz de controlar seis armas diferentes, que mudam seu estilo de combate. À medida que vamos avançando pelas fases, enfrentamos diversos inimigos, únicos para cada mundo, além de alguns subchefes e NPCs para conversar e descobrir mais sobre o mundo do jogo.

Liv conta com outras duas habilidades: parry e esquiva. A primeira é utilizada para bloquear o ataque dos inimigos e atordoá-los de imediato, além de quebrar a defesa de monstros com escudo. A segunda permite que desviemos dos ataques também é utilizada para movimentar-se entre plataformas, já que Liv não possui a capacidade de pular.




O combate funciona bem, apesar dos poucos comandos. Atacar, defender e esquivar são atividades prazerosas, considerando a fluidez do combate e os elementos visuais adotados durante as ações. Liv tem ainda uma pequena árvore de habilidades que podemos comprar melhorias para nossas armas, assim como aumentar a vida da protagonista.

No entanto, o combate é prejudicado por conta da câmera fixa e a disposição dos elementos do cenário. Em diversos momentos, os inimigos ficam posicionados atrás de alguns objetos, de forma que não fica possível definir de onde estamos sendo atacados. A câmera fixa interfere ainda mais, visto que torna necessário atrair os inimigos para outro local do mapa.




Como se não fosse o bastante, Liv também costuma ficar presa em arbustos, pedras e portas. Além disso, sua movimentação é lenta, o que não incentiva a exploração do cenário para buscar segredos. Outro ponto importante é que a inteligência artificial dos inimigos costuma desligar, fazendo com que o combate perca totalmente a graça.

Mesmo com esses problemas, o combate não deixa de ser sua maior virtude. O título não apresenta uma história das mais interessantes, ainda mais por conta da falta de elementos como dublagem, cutscenes e tradução para português, que a deixa menos atrativa. Em alguns momentos, nos deparamos com diálogos um pouco mais profundos e com a possibilidade de escolher nossas respostas, mas nada muito elaborado. 



Chamativo, mas nada memorável

Arto até possui boas qualidades, mas dificilmente será um hack and slash que se destacará no mercado. A mistura de estilos artísticos e o bom uso das cores chama atenção pela qualidade e diversidade, assim como seu combate, que, mesmo simples, traz uma boa variedade de movimentos. Seus problemas, no entanto, pesam de maneira significativa, visto que interferem diretamente no combate e na exploração, coisas que você fará praticamente a todo momento.

Prós

  • Combate bem elaborado e prazeroso, com uma boa variedade de armas e habilidades para experimentar;
  • As fases possuem temáticas variadas, com diferentes estilos gráficos para cada um;
  • A forma com que o mundo ganha vida à medida que caminhamos chama atenção pela qualidade. 

Contras

  • A estrutura dos cenários atrapalha no combate, escondendo inimigos, assim como a câmera fixa do jogo;
  • A protagonista fica presa com frequência em elementos do cenário;
  • A inteligência artificial dos inimigos, por vezes, desliga;
  • Não há localização para português.
Arto — PC — Nota: 5.5
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Freedom Games


É engenheiro geólogo, graduando em Engenharia Ambiental, entusiasta de novas tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Gosta de aproveitar o tempo apreciando RPGs, relaxando em simuladores de fazenda e curtindo uma boa música em jogos de ritmo.
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