Embora curtir aquele lançamento muito aguardado ou aquela superprodução seja uma ótima experiência no mundo dos videogames, confesso que também é um prazer ser surpreendido com um título inesperado e original. A bola da vez é Strayed Lights, um game com atmosfera única que une beleza e ação de forma muito competente, ainda que um tanto curto. Prepare-se para uma grande aventura, pois a análise vai começar!
Surge uma nova luz brilhante
Primeira criação do estúdio francês Embers, Strayed Lights é um jogo único em muitos aspectos. O primeiro deles é a atmosfera proposta pelo título: um mundo de fantasia repleto de criaturas fantásticas e cenários belíssimos. A dualidade entre luz e trevas é explorada em vários segmentos, sobretudo nos interessantes personagens do game.Prepare-se para adentrar num mundo mágico e único |
Tais percepções ficam mais no campo subjetivo, sem deixar o game pesado psicologicamente. Por outro lado, quando notamos tais situações, a história ganha um caráter mais maduro e satisfatório. Inclusive, algumas das lutas mais difíceis são contra o lado sombrio do jogador, como um outro eu. É quase como um dos filmes da Pixar, que normalmente utilizam visuais fofinhos para entregar mensagens mais profundas e construtivas.
As paisagens são belas e muito agradáveis |
Os visuais não são impecáveis, mas para um indie a produção é excelente. Trilha e efeitos sonoros não ficam para trás, com músicas e efeitos competentes. Por diversas vezes me vi explorando um belo cenário repleto de luzes e plantas ao som de uma canção relaxante para, logo depois, embarcar em um combate eletrizante, sobretudo contra os chefes, com uma batida mais movimentada.
Beleza com conteúdo
O terceiro aspecto que torna Strayed Lights único é a mecânica principal utilizada nos combates. Lembra das cores laranja e azul? Elas têm papel determinante nesse quesito: o jogador pode alternar a sua cor livremente, assim como os inimigos que são enfrentados. Quando um adversário desfere um golpe, é possível absorver a energia ao sincronizar as cores e apertar o botão de bloqueio na hora certa, como uma espécie de parry.
Os combates são sempre competitivos |
Além de anular o dano, uma parte da vida do jogador é recuperada ao acertar o bloqueio. Uma barra especial registra esses sucessos e, ao ser completada com a energia, permite finalizar diretamente o inimigo. Também é possível preenchê-la com ataques diretos e algumas habilidades especiais, mas o foco é sempre o jogo de ritmo de bloquear ou desviar nos momentos certos.
Os desvios são necessários porque os inimigos também podem assumir uma terceira forma — na cor lilás — na qual seus ataques são mais violentos e não bloqueáveis. Nesse caso, a única alternativa é esquivar e esperar por uma nova oportunidade para contra-atacar. A tensão dos combates é muito bem executada e com velocidade viciante.
Chefes podem ser enormes e cheios de recursos |
Mais intensidade do que duração
É uma verdadeira pena que, com tantas qualidades, o game tenha uma duração tão curta. Jogando com uma cadência relativamente lenta, demorei em torno de sete horas para finalizar a campanha. Ainda que tenham faltado algumas coisinhas para obter, ela é um tanto curta, sobretudo porque as cutscenes de Strayed Lights são generosas.
As cutscenes são muito bem-produzidas |
Até valeria jogar uma segunda vez se tivéssemos uma maior variedade de habilidades ou itens para liberar, mas esse não é o caso. Existem três ataques especiais para serem usados durante as lutas, além de outros cinco reforços interessantes como aumento da vida e contra-ataques automáticos após uma série de parries bem-sucedidos. E, infelizmente, é só isso.
Inclusive, creio que justamente a duração reduzida da campanha tenha limitado a variedade nas habilidades. Afinal, não faria sentido ter tantos recursos dado que a história não oferece tempo suficiente para obtê-los. Quero deixar claro que não fiquei com a sensação de que a história foi corrida demais, apenas que poderia ter tido mais desdobramentos.
O caminho para auxiliar os colegas é longo e repleto de perigos |
Mesmo sem vozes, o game transborda carisma e estilo |
Uma luz modesta, mas cintilante
Apesar de ainda estarmos em maio, já posso afirmar que Strayed Lights é uma das ótimas surpresas de 2023. Os visuais belos e encantadores contrastam perfeitamente com os combates intensos e viciantes, tornando as experiências de exploração e ação memoráveis. Alguns pontos ficaram devendo, mas sobretudo em termos de um gostinho de quero mais. Quem sabe uma futura atualização, expansão e/ou continuação possam levar essa boa proposta ao nível que ela merece.
Strayed Lights é uma bela, breve e brava aventura |
Prós
- Aventura de ação fantástica e divertida;
- Ambientação é original e muito agradável;
- Produção de alta qualidade para um indie, contando com belos visuais e trabalho de som bem integrados;
- Mecânicas de jogo são ótimas, sobretudo o sistema de combate único;
- Exploração dos belos cenários é um ótimo contraponto às lutas competitivas;
- Habilidades para liberar são bastante interessantes.
Contras
- Campanha poderia ser maior e/ou poderiam existir modos de jogo extras;
- A variedade de habilidades e mecânicas poderia ser maior.
Strayed Lights — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS5
Análise redigida com cópia digital cedida pela Embers