Imagine poder construir o carro que você quiser para acelerar nas pistas mais malucas. Essa é a proposta de LEGO 2K Drive, que traz toda a criatividade e a liberdade dos tijolos coloridos para o mundo das corridas.
Asfalto, lama e água
O esquema de direção de Lego 2K Drive é o básico de qualquer jogo de kart que já tenhamos experimentado em qualquer lugar. Pelas pistas, coletamos power-ups para atrapalhar os rivais, e, além de acelerar fundo, a derrapagem é outro recurso usado continuamente para não ficarmos para trás.
A diferença é que, aqui, a barra de turbo é preenchida destruindo os objetos que estão no caminho, seja no acostamento, seja no meio do caminho. Isso dá a gostosa sensação de não respeitar o traçado e sair criando rotas alternativas sem ser penalizado com a redução de velocidade do veículo.
Outro fator importante é que os circuitos têm diferentes terrenos, e isso faz com que o nosso carro se transforme. É possível dirigir no asfalto; em solos mais pedregosos, que fazem o veículo virar um off-road; e há sessões de rios, que nos colocam a bordo de um barco ou lancha. A transformação pode ser automática ou feita com o toque de um botão.
Quem tentar trajetórias diferenciadas, será recompensado com poderes que só aparecem naquele trecho, enquanto os demais participantes ficarão vulneráveis… pelo menos em partes. Infelizmente nem sempre os power-ups acertam o rival, mesmo que ele esteja na sua frente.
Além disso, a pilotagem não é tão suave e divertida quanto outros títulos do gênero, como Mario Kart ou o recém-lançado Disney Speedstorm. Mesmo com bólidos de diferentes atributos, inclusive peso, isso fica nítido principalmente nas curvas mais fechadas, nas quais a derrapada não é o bastante e precisamos utilizar o botão de curva rápida, que é praticamente um freio de mão.
Graças à liberdade de não precisar seguir o trajeto determinado, esse problema tem sua consequência um pouco mais suavizada e não impacta tanto assim nas corridas gerais.
O prodígio do volante
O principal modo de jogo é um mundo aberto chamado Peçalândia, dividido em quatro territórios: Turbo Clube, Grandes Sertões, Vale do Garimpo e Vilassombro. Em cada um desses locais, devemos disputar provas e cumprir missões para subir de nível, juntar dinheiro e conseguir as famigeradas bandeiras, que nos levarão ao Grande Prêmio da Copa Celeste.
Para dar um charme ao nosso maior objetivo, vai se desenrolando uma história de fundo, com diversos personagens e rivais, enquanto percorremos cada etapa. Inclusive, somos apadrinhados pelo lendário piloto Marchaveloz Motorburgo, que nos dá instruções durante toda a jornada.
Por mais que não seja algo muito denso, pois convenhamos que já era de se esperar que um jogo de LEGO não seria adulto, o desenrolar da trama é muito cativante, e esse mérito é total dos personagens carismáticos criados para o jogo e da fantástica dublagem brasileira, que realmente faz a diferença nessas horas em trazer as piadas e trocadilhos para a nossa realidade.
Explorar essas regiões abertas na direção que acharmos melhor é muito interessante, ainda mais pelo fato de que destruir as coisas pelo caminho é o que preenche nossa barra de turbo. Cada um dos locais tem sua identidade visual e conjunto de colecionáveis combinando com o ambiente, o que é sempre uma tônica bem aproveitada em jogos da marca, e não seria diferente aqui.
Em relação ao mundo aberto, por mais divertido que ele seja, algumas coisas deixam a desejar. A principal é que, sempre que entramos ou saímos de uma corrida, ou realizamos uma viagem rápida para outra região, as telas de loading são demoradíssimas e, acreditem, não são poucas as vezes que elas irão aparecer.
Outra é que há algumas missões ao estilo “tower defense” nas quais pilotamos em um espaço fechado e devemos atropelar robôs ou resgatar pessoas e levá-las ao local seguro, por exemplo. São nesses eventos que os problemas de direção que citei anteriormente aparecem com um pouco mais de força e tornam os objetivos um pouco mais chatos. Para piorar, alguns deles são obrigatórios para liberarem corridas importantes que dão sequência à história.
Além desse modo, podemos realizar corridas em qualquer uma das 22 pistas disponíveis, de maneira local para duas pessoas ou em rede, com direito a crossplay. Podem ser etapas isoladas ou em formato de copa, com quatro corridas; e também podem ser realizadas partidas de pontuação, que são os minijogos presentes no mundo aberto para mais de um participante.
O fato de podermos interagir com pessoas de outras plataformas torna a busca por oponentes rápida e o início das corridas praticamente imediato. Durante a corrida pude notar alguns bugs, como poderes e corredores que ficam invisíveis, mas isso não ocasiona uma queda de desempenho no meio da jogatina.
Construindo carangos e destruindo bolsos
Jogo de LEGO sem poder construir algo do zero não é a mesma coisa, e 2K Drive nos dá liberdade total para projetarmos o carrinho do nosso gosto, usando até 350 peças. Também podemos pintar cada tijolo individualmente ou o grupo inteiro da mesma cor. Para quem curtiu o design dos carros que já estão no jogo, há a opção de alterá-los da maneira que bem entender, para deixar mais com a sua cara.
Se com as quatro rodas tudo fica do jeitinho que queremos, não posso dizer o mesmo de quem está no volante. Curiosamente, e infelizmente, não podemos personalizar totalmente o piloto. Somos obrigados a escolher um dos modelos prontos já existentes, o que é um tanto estranho e que não faz o menor sentido, visto que o mais legal seria fazer combinações criativas e malucas.
Agora, vamos à marca registrada da 2K, que infelizmente dá as caras aqui também: as microtransações. Por mais que nós consigamos ganhar alguns punhados dos brickbux, a moeda do jogo, ainda assim a lojinha tem uma infinidade de itens para vender por preços bem elevados. São coisas muito legais, como carros e barcos com formatos de taco, hambúrguer, cobra e outros modelos de pilotos.
Alguns desses itens só podem ser adquiridos dessa maneira, então, para quem quer deixar o seu conjunto de veículos da maneira que mais gosta, prepare-se para um grinding meio chatinho. Entretanto, surpreendendo zero pessoa, é possível usar moedas douradas para trocar pelos brickbux. Como consegui-las? Com reais, em doses bem generosas.
Por mais legais que sejam os conjuntos prontos disponíveis, vale mais a pena fazer algo do zero do que perder tempo juntando brickbux ou gastar dinheiro de verdade com algo meramente cosmético. É uma pena, pois isso torna uma das partes mais divertidas altamente restritiva para quem não quer ficar inventando projetos.
Pódio de tijolos
LEGO 2K Drive é algo grandioso e diverte com seu mundo aberto colorido e corridas destrutivas. O manejo do carro pode ser algo difícil de se acostumar no começo, mas logo isso deixa de ser um problema. A grande questão mesmo são as microtransações, que limitam a maneira como podemos desfrutar todo o conteúdo que o jogo tem para oferecer.
Prós
- O mundo aberto é bastante divertido e bem-feito;
- A transformação do carro traz mais dinâmica às corridas;
- Disputas em rede estáveis e com crossplay;
- É possível criar um veículo do jeito que você quiser;
- Trabalhos de dublagem e de localização em português impecáveis.
Contras
- Grinding excessivo para conseguir dinheiro;
- Microtransações;
- As provas de arena são um pouco mais chatas que as corridas;
- A direção é um pouco mais dura, o que leva um tempo para se acostumar;
- Não é possível criar um piloto do zero.
LEGO 2K Drive — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.0Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela 2K