Análise: Cyber Neon Bundle (Multi) — Uma dupla estilosa e viciante de baixo custo, mas com conteúdo escasso

Este par de jogos traz visuais em neon para estilos clássicos, apostando na objetividade para deixar o jogador grudado no controle.

em 12/05/2023
Tem algo que sempre pega um jogador: repaginar algum clássico antigo com um visual mais moderno ou diferenciado. Com isso em mente, a NukGames pegou dois modelos bem consagrados, deu seu toque de neon e assim surgiram Razortron 2000 e Cyberhunt, lançados para PC em 2016 e 2017, respectivamente.

Agora, a QUByte Interactive resolveu juntar os dois títulos em um pacote, o Cyber Neon Bundle, e lançá-lo para PlayStation 4, PlayStation 5 e Nintendo Switch.

Fuga alucinante e colorida

Razortron 2000 traz o consagrado estilo de corrida infinita vista pelo alto. Guiamos um carro pelas pistas neon e devemos desviar dos demais veículos pelo caminho, além de precisar reabastecer de tempos em tempos. Bater em alguém ou ficar sem gasolina resulta em fim de jogo. A dificuldade aqui é progressiva pelos níveis contínuos: quanto mais longe formos, mais estreitas e sinuosas serão as rotas.

Existem alguns power-ups que podem te ajudar, mas ainda assim exigem cautela do jogador: o escudo te torna invencível; a tartaruga deixa tudo mais lento, mas diminui o campo de visão; o relâmpago age de maneira inversa ao anterior, acelerando o ritmo, mas aumentado a visibilidade; a bomba de combustível deixa seu tanque infinito; e por aí vai. Todos eles duram por um curto período de tempo e não são cumulativos.

A premissa é bem simples e o legal neste jogo é ter à disposição 10 tipos de carros diferentes, cada um com valores próprios de velocidade máxima, aceleração e gasto de combustível. Sem contar que, abusando da estética neon, cada um dos bólidos envenenados tem seu padrão de cor, que é aplicado durante a partida e até mesmo nas tonalidades do menu principal.

Guerra entre asteroides

Cyberhunt vem com um ritmo mais cadenciado, contrapondo seu companheiro de pacote. Baseado no célebre Asteroids, da Atari, controlamos uma nave que precisa destruir e desviar de asteroides e inimigos, que aqui têm um esquema de cores que lembram policiais intergalácticos.

Aqui temos outro tipo de gameplay manjada, pois só precisamos controlar a nave pela tela, sendo que não há limites; ou seja, sair por uma extremidade te faz reaparecer no exato ponto oposto. A direção tem que ser cuidadosa, pois os perigos podem aparecer de qualquer direção. Há cinco tipos de projéteis diferentes, o que vem bem a calhar, pois em Cyberhunt a maioria das naves inimigas resistem a mais de um tiro.

Excesso de neon, economia de conteúdo

Agora que já falei brevemente dos dois títulos de Cyber Neon Bundle (e convenhamos que são títulos básicos), vamos a algumas observações. O duo é interessante e viciante, feito para ser aquela opção barata à qual você recorre sempre que tiver um tempinho livre para jogar diversas partidas mesmo com apenas uma horinha disponível no dia. Entretanto, como eles já possuem mais de cinco anos, seria bacana se o pacote trouxesse algumas adições, mesmo que modestas. 

Um exemplo básico: Cyberhunt tem um modo de missões que traz uma partida arcade, mas com objetivos marcados na parte superior da tela. Eles consistem em metas como sobreviver um período de tempo sem atirar, eliminar quantidades determinadas de um certo tipo de inimigo, disparar um mesmo tipo de projétil repetidas vezes, entre outros. Não seria tão impossível assim implementar algo similar em Razortron 2000, como percorrer tantos quilômetros sem reabastecer ou sem coletar power-ups.

Por outro lado, também não seria de todo mal ter a variedade de veículos de Razortron 2000 em Cyberhunt. Seria bem bacana se tivéssemos à disposição pelo menos umas três ou quatro naves que variassem em controles, projétil básico e até poder de fogo. Além disso, Cyber Hunt também ficaria mais charmoso com diferentes esquemas de cores, a exemplo do jogo de corrida.



Uma outra mancada de Razortron 2000 é  que, se jogado no PS4 ou PS5, alguns dos troféus demoram a ser sinalizados após a sua conquista. Tem outros que nem são computados, obrigando o jogador a realizar mais de uma vez a mesma tarefa.

Os visuais 8-bit e trilha sonora são bem bacanas e feitos para que quem ficar horas a fio não se sinta incomodado pelas canções em looping. Neste ponto especificamente, Razortron 2000 fica um passo à frente de Cyberhunt, graças à já citada troca de paletas de acordo com o veículo escolhido.

Por fim, pelo menos para mim faria muito sentido adicionar um ranking global para ambos os títulos. Se a cada partida a ideia é sempre alcançar uma pontuação melhor, então por que não registrá-la em uma lista com os demais jogadores ao redor do planeta?

Só mais uma partida

Cyber Neon Bundle foi feito para juntar dois títulos que são inegavelmente viciantes — falo isso por experiência própria — e vão direto ao ponto. É pegar, jogar e repetir. Porém, mesmo em dupla e com um valor bem baixo, faltou um certo apelo para que os jogadores realmente sejam convidados a experimentar os dois em vez de só considerá-los mais uma roupinha bonita em um estilo manjado.

Prós

  • Dois títulos simples e viciantes;
  • O modo de missões em Cyberhunt é bem divertido;
  • Razortron 2000 possui uma boa variedade de paleta de cores e visuais;
  • A trilha sonora retrô é bem bacana.

Contras

  • Não há nada de chamativo ou inovador na jogabilidade de ambos;
  • Ausência de novidades no pacote para quem já os comprou separados no PC;
  • Poderiam ter incluído novas naves em Cyberhunt e um modo de missões em Razortron 2000;
  • Sem ranking online para registrar as pontuações;
  • Problemas com os troféus de Razortron 2000.
Cyber Neon Bundle — PS4/PS5/Switch — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela QUByte Interactive

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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