Impressões: Supplice (PC) apresenta a essência dos FPS em sua forma mais pura

Mesmo com uma proposta bem difundida no mercado, esta homenagem a Doom mostra qualidade em vários aspectos.

em 05/04/2023
A década de 1990 foi um verdadeiro celeiro de jogos de tiro em primeira pessoa para o PC. Desde clássicos imortais como DOOM e Quake, passando por muitos outros que exploraram diversas mitologias e histórias, o gênero foi o alicerce da jogatina nos computadores durante o período.

Nos últimos anos, diversos estúdios exploraram essa fonte criando experiências modernas, mas mantendo a estética noventista pixelada como carro-chefe de seus projetos. Aqui no GameBlast, já trouxemos análises de vários jogos que adotaram este estilo visual e foram bem-sucedidos em suas propostas que misturam retrô com moderno. Eis alguns:
A equipe da Hyperstrange nos forneceu Acesso Antecipado ao novo projeto do estúdio Mekworx: Supplice. Descrito pelos próprios como uma honesta homenagem a Doom, tive a oportunidade de experimentá-lo com antecedência para ver o que estará disponível para os jogadores a partir do dia 6 de abril.

Uma treta bem familiar

Em Supplice, assumimos o papel de uma engenheira que se vê no meio de um verdadeiro caos intergalático. A humanidade está trabalhando na terraformação do planeta Methuselah, mas algo dá muito errado com o portal de fluxo no local, ocasionando a invasão de uma horda de monstros. Resta a nós assumir o papel da mulher para dar um fim aos caos na base do tiro, porrada e bomba.

É com esse roteiro bem básico e bastante chupinhado da obra apocalíptica de John Romero que somos apresentados à proposta de Supplice. O game é um FPS com estética totalmente retrô em que devemos explorar mapas labirínticos em busca de chaves de acesso para liberar rotas que nos levam até a saída da fase.


Durante o processo, nossa personagem faz uso de armas devastadoras como fuzis, espingardas de cano triplo, lançadores de explosivos e outros armamentos retrofuturistas para obliterar as aberrações inimigas que surgem no caminho. A jogabilidade é bem ágil e simples, ocasionando sessões de jogo cheias de ação quase ininterrupta enquanto atravessamos grandes complexos de salas e corredores em busca de meios para chegar até a saída do mapa.


Durante o acesso antecipado, pude conferir os três primeiros mapas da campanha principal e um tutorial com todos os itens e áreas de ambientação do jogo para experimentação, todos cheios de detalhes, segredos e recheados de inimigos para explodir com meus armamentos. Foram boas horas explorando e conhecendo o jogo.

Movido a nostalgia

A nostalgia é um ponto que bate com bastante força em Supplice. O jogo foi todo desenvolvido no intuito de reproduzir de forma fiel a emoção de se jogar um título da década de 1990. Toda a experiência de usuário foi devidamente pensada para passar essa sensação, desde os menus de opções e salvamento até o prompt de comando para inserção de códigos como trapaças ou comandos, bem ao estilo MS-DOS.

Apesar de não trazer tanto para experimentarmos durante o Acesso Antecipado, como mapas e armamentos, as três fases iniciais renderam bastante para que eu pudesse me ambientar. Destaco aqui a jogabilidade frenética e cheia de nuances que remetem ao Doom de 1993, com uma personagem que não consegue pular, não vê necessidade em recarregar seus armamentos e tem à sua disposição armas que contam com, pelo menos, dois modos de ataque.

A exemplo, cito a Rotary Shotgun, arma que mais gostei de usar durante minha jogatina. O modo de tiro normal faz com que ela dispare uma única cápsula, enquanto o secundário serve para disparar todas as três de uma só vez. O impacto do tiro é tão forte que somos lançados para trás, demonstrando a devastadora potência dessa danada.

Os mapas, assim como antigamente, contam com trechos que parecem verdadeiros labirintos, nos fazendo ir e voltar conforme conseguimos ativar painéis que abrem portas. Essas, por sua vez, nos dão acesso a novas áreas e armas, chaves de acesso para destrancar portas e, claro, inimigos a rodo para nos dar trabalho — e prazer de detonar com tiros e bombas.


Outro destaque da minha experiência, algo que foi bem inesperado, é a trilha sonora. Composta por James Paddock, que também produziu a trilha de Prodeus, citado no início desta matéria, a música em Supplice foi um dos pontos que mais me cativou durante minha jogatina.

As composições me transportavam imediatamente para a década de 1990 e me faziam lembrar até de filmes de ação que eu curtia muito na época, estrelados por Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger. Ao invés do tom de heavy metal de Doom, aqui temos algo com nuances de rock progressivo e synthwave. A música da primeira missão, que infelizmente ainda não está disponível nas redes, já se tornou uma de minhas favoritas. Outras já estão disponíveis no canal oficial do game, como Ether Rain, tema da missão 3.

Já quero mais disso!

Supplice não reinventa a roda, mas mostra que o retrô ainda tem muita lenha pra queimar nos dias de hoje. Os elementos essenciais para deixar a gameplay prazerosa estão na jogabilidade viciante e na ambientação única que só os jogos daquela época sabiam fazer. As direções de arte e musical são a cereja do bolo para nos fazer gastar boas horas obliterando monstros espaciais neste título indie que já me cativou com o pouco que experimentei.

Estou ansioso para ver como será o restante dessa experiência quando a versão completa for lançada em Acesso Antecipado em 6 de abril. Deixo a recomendação para você acompanhar o jogo e, se possível, apoiar o projeto quando ele for lançado, principalmente se você é um saudoso gamer noventista como eu.


Revisão: Davi Sousa
Texto de impressões produzido com chave de acesso antecipado cedida pela Hyperstrange

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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