Em 1987, um ano após a grande fantasia medieval da Enix Corporation, a SquareSoft surgiu com uma resposta. Depois de Dragon Quest (Multi) ter como inspiração títulos como Ultima, a Square buscou inspirações diretas nos RPGs de mesa, trazendo, por exemplo, magias por quantidade em vez de usar barra de mana.
Gerações se passaram, mais de 10 relançamentos desse clássico foram lançados e, em 2021, tivemos Final Fantasy Pixel Remaster (Multi), uma coletânea com as duas primeiras trilogias refeitas e baseadas em suas versões iniciais (e não nos seus relançamentos).
É importante frisar que esse remaster foi baseado no original, pois existem versões, como a do Game Boy Advance, que trazem várias mudanças tanto para o núcleo do jogo, substituindo os slots de magia por barra de mana, por exemplo, quanto para o jogo em geral, trazendo itens novos, dungeons novas, etc.
E como tudo começa?
O rei do reino de Cornelia passa para os quatro guerreiros da luz a missão de resgatar sua filha, a princesa Sarah. A party avança para o Santuário do Caos, onde encontra Garland, um traidor de Cornelia que sequestrou a princesa.
Aqui, o jogador escolhe a classe de cada guerreiro da luz, sendo seis opções: três de combate corpo a corpo e três que utilizam magia. A progressão se dá por níveis e, durante a história, essas classes têm seus devidos upgrades (Black Mage vira Black Wizard, por exemplo).
Logo após, aparecemos em frente ao castelo e, ao entrarmos, um guarda avisa que o rei quer falar conosco. Só assim o epílogo se inicia, pois, a jornada ainda está para começar.
Sem Chocobo nem Cid
Final Fantasy traz uma base relativamente crua para a saga, apesar de a trilogia ter avançado bastante, fazendo com que no Final Fantasy III já tenhamos uma experiência bem mais sólida de Final Fantasy, com a inclusão de Job System, por exemplo.
Porém, isso não impediu o primeiro game de marcar a saga, trazendo elementos como a busca pelos cristais, os guerreiros da luz, as classes com seus marcantes designs que perpetuam até hoje e o conceito da última grande jornada em vez de algo mais sequencial, como Ys.
Comparação da arte que marca o começo da jornada |
O combate antes do ATB
O que mais me interessou no sistema de combate de Final Fantasy foi a forma como ele progride durante a história. O fato de o jogo não ter mana traz um uso mais cadenciado para as magias e permite que elas sejam mais fortes (por ter uso mais limitado e o jogador só poder recuperá-lo fora das dungeons).
No caso dos magos e mais próximo do fim do jogo, há também cajados que conjuram magia sem que se use a magia dos slots do jogador de forma ilimitada. Ou seja, existem alguns equipamentos com habilidades especiais que trazem variedade ao gameplay, que, apesar de facilitado nesta coletânea, mantém-se interessante durante todo o jogo.
Por ser baseado na experiência original, alguns dos seus problemas também foram resgatados, e um dos principais é a economia. Ou seja, o jogador ganha muito dinheiro e são poucos itens para comprar. No decorrer da trilogia, isso é resolvido, mas no primeiro jogo, com poucas horas, o jogador estará rico o suficiente para não se preocupar mais com dinheiro.
Algo que senti falta no Pixel Remaster foi o New Game+. Como os jogos são muito curtos, seria interessante se pudéssemos continuar jogando e enfrentar os chefes, só que, dessa vez, bem mais fortes. Algo próximo a que Diablo II e III fazem, por exemplo.
Também foi adicionado um mapa para ajudar o jogador a se localizar tanto no mundo quanto nas dungeons. O mapa das dungeons se mostra um pouco desnecessário, pois como se trata de um dos primeiros JRPGs e por ser de NES, este possui um level design muito simples, que não necessita tanto de um mapa para que possamos nos localizar.
Semana que vem, a aventura chega aos consoles
Captura do port de console de Final Fantasy VI Pixel Remaster com a nova opção de fonte |
No dia 19 de abril de 2023, Final Fantasy Pixel Remaster chegará ao PS4 e Switch. Eu mesmo pretendo jogar novamente esse primeiro título com as novas mudanças que serão trazidas. Teremos novidades interessantes, como mudança da fonte (bastante requisitada com o lançamento de 2021) e possibilidade de desligar os encontros aleatórios, de trocar a trilha sonora orquestrada pela original e de jogar com um boost de XP para progressão ainda mais rápida.
Final Fantasy Pixel Remaster é quase um RPG minimalista, mas isso por ter sido lançado em 1987. Ele traz mudanças interessantes quando comparado ao grande Dragon Quest e que se destacam por formar a base do que viria a se tornar a incrível saga Final Fantasy.
Portanto, para aqueles que não poderão jogar Final Fantasy XVI no lançamento, agora haverá a possibilidade de jogar, desde a primeira, todas as principais “fantasias finais” (com exceção do Final Fantasy XIII, que está disponível apenas para Xbox e PC, bem como XI e XIV, pois são MMO) da SquareSoft, hoje Square Enix. Em 2021, eu joguei a trilogia por meio dessa coletânea e foi um prato cheio para me inserir no gênero.
Assim, para quem não está tão familiarizado com a obra e tem curiosidade de entender as origens, seja da saga Final Fantasy, seja dos JRPGs, fica a sugestão dessa agradável coletânea, com destaque para o primeiro título, que merece, com certeza, atenção de todos que irão relembrar ou se aventurar pela primeira vez.
Revisão: Raquel Nascimento