Chegou a hora de Mickey e seus amigos entrarem na onda das corridas alucinadas de kart. Planejado para ser um jogo free-to-play, Disney Speedstorm foi lançado em early access pago, e o GameBlast recebeu um dos passes para analisar o atual estado do jogo.
A magia Disney
Usar o universo da Disney para um jogo de corrida aos moldes de Mario Kart é obviamente uma excelente sacada, pois a abundância de personagens e referências pesam bastante.
De início, temos a disposição personagens e pistas de Mickey e seus amigos: Hércules, A Bela e a Fera, Mulan, Piratas do Caribe, Mogli, Walt Disney World e Monstros S.A. (esta última coleção funcionando como o primeiro passe vigente). No total são 17 pilotos, todos estilizados com macacões de corrida.
As pistas dessas franquias também têm um visual bem bacana e não dá para negar que é divertido correr no Monte Olimpo, nas Muralhas da China ou na ala oeste do castelo da Fera. Além disso, remixes dos temas famosos tocam durante a corrida, então não foi difícil ficar cantarolando "Zero to Hero" e "I'll Make a Man Out of You" entre uma prova e outra.
A pilotagem também está bacana, com uma direção que não foge muito dos demais jogos de kart. Algo que me agradou foi não ter que coletar moedas ou frutas pelo caminho para fortificar os itens que arremessamos nos adversários. Basta segurar o botão de disparo por alguns segundos, e um projétil que seria lançado a esmo se torna teleguiado, por exemplo.
Os personagens também têm habilidades próprias: Mickey, por exemplo, consegue acelerar deixando uma trilha musical que também afeta seus inimigos; Donald pode se proteger em uma espécie de boia ou reclamar adoidado, atordoando os demais personagens a sua volta. Outro que vale ser citado é Mike Wazowski, que coloca portas pelo caminho; se ele entrar em uma delas, é transportado para a frente dos demais, mas se algum rival entra na porta, é jogado para trás. Roubado, mas muito divertido.
A única mancada nesse aspecto foram os karts. O pecado deles é não ter nada a ver com o piloto. Quem é da mesma franquia tem que utilizar o mesmo modelo, variando apenas a coloração e a placa traseira. Mickey, Donald e Pateta dirigem carros iguais, por exemplo, e essa é uma oportunidade perdida de deixar o elemento mais importante do jogo com a cara do seu dono.
Gacha pra que te quero
Já era de se esperar que as Speedstorm teriam microtransações, e por mais que não estejam implementadas ainda, já deu para perceber que elas terão um grande peso. Há muitas moedas dentro do jogo, e isso causa uma confusão danada. Vamos por partes.
Liberar cada piloto exige que nós consigamos um determinado número de fichas deste. Podemos obtê-las ao ganhar provas e liberar baús, ou na loja. Também é possível liberar parceiros de equipe, que dão alguns bônus quando equipados, conquistando fichas da mesma maneira.
O problema é que temos pelo menos quatro tipos diferentes de moedas: as fichas normais (azuis), as moedas multiplayer (brancas), as moedas conquistadas no passe de temporada (douradas) e os tickets do passe de temporada (roxos). Vale lembrar que ao final da temporada, as fichas inerentes a eles perdem a validade.
Outro grinding pesado está na evolução dos corredores. Eles dependem de estrelas e níveis. Quanto mais estrelas, mais companheiros de equipe eles podem ter e mais alto pode ser seu nível.
Para correr, tem que me achar
Em relação aos modos de jogo, eu até me senti bem amparado. A variedade offline é grande, com circuitos focados nos pilotos iniciais que dão um bom auxílio para liberarmos mais gente e aumentarmos o elenco.
A turnê de temporada também traz provas que não exigem uma habilidade descomunal para serem conquistadas. Se for muito complicado, basta melhorar seu corredor e tentar novamente.
Há eventos com limite de tempo e tentativas para serem concluídas. Esses também não são muito complicados e percebe-se que foram implementados mais para aumentar o leque de recompensas do que aumentar o desafio. O problema é que jogadores mais casuais, que vão querer disputar umas corridas de vez em quando, ficarão fatalmente para trás.
A ideia que Speedstorm reforça é a de fazer o jogador passar por todos os modos de jogo, para liberar cada vez mais recursos e aproveitar tudo o que for possível.
Só que, baseado na necessidade de acúmulo de itens e moedas que citei acima, as corridas se tornam repetitivas facilmente. Essa sensação é maximizada com as pistas, pois mesmo podendo realizar disputas em diferentes trechos de um mesmo circuito, é muito comum que vários segmentos se repliquem muitas vezes.
Outro aspecto que precisa ser refinado é a inteligência artificial. Tirando os momentos em que fiquei na ponta do grid, seja em primeiro ou em último, são raras as vezes em que você é ultrapassado só pela habilidade dos demais competidores. Ser acertado por um item é mais do que normal também, mas os demais pilotos parecem estar mais preocupados em bater em você do que completar a corrida.
Por fim, algo que fez falta para mim, pelo menos nas provas offline, foi a opção de reiniciar a corrida. Seja no menu de pausa, seja após sua conclusão, sempre temos que voltar para o mapa inicial se quisermos refazer uma missão. Isso é inclusive algo bem básico para o gênero.
As partidas online que fiz ocorreram sem grandes problemas e de maneira bastante estável. Isso é um alívio, visto que por ser um acesso antecipado, poderiam ocorrer diversos problemas de lentidão e queda de conexão. Se há alguma demora em encontrar mais jogadores, a sala preenche o resto do grid com bots, assim evita um tempo de espera muito longo.
As corridas para mais de um participante local possuem uma peculiaridade: quem estiver no PC, PS5 ou XSX pode contar com mais três amigos. Já donos de PS4 e XBO só podem ter mais uma pessoa com outro controle.
Com toda essa infinidade de recursos, moedas e acervo, Disney Speedstorm parece estar no caminho certo, mas cometendo deslizes que podem se tornar um grande problema. É necessário tomar muito cuidado para não focar na exploração do bolso do jogador e favorecer demais quem pode gastar mais.
A versão final e gratuita ainda não tem data de lançamento, mas está prevista para algum momento entre o final deste ano e o começo de 2024, para PS4, PS5, XBO, XSX, Switch e PC, via Steam.
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Teste realizado com cópia digital cedida pela Gameloft