Sherlock Holmes está de volta aos games. Sherlock Holmes: The Awakened é um remake do jogo lançado em 2006, no qual temos a mentalidade do maior detetive de todos os tempos desafiada pelo ocultismo que envolve a seita do mítico Cthulhu, criatura advinda da obra de H.P. Lovecraft.
Por dentro da mente de Holmes
A narrativa se dá por meio de capítulos, nos quais temos que desvendar a trama central através da coleta de pistas, questionamento de personagens e da inquestionável capacidade de dedução de Holmes. Podemos acessar um mapa da região que estamos, que mostra locais de viagem rápida e pontos a serem investigados. Infelizmente ele não dá um indicativo de onde estamos, o que pode tornar a orientação um pouco confusa em alguns momentos.
Tirando esse pequeno detalhe com o mapa, o aspecto investigativo do game dá o tom e nos passa a sensação de realmente estarmos na mente de Holmes. Todo ponto de interação recebe uma marcação, e eles podem ser explorados para que consigamos pistas. Elas se dividem entre itens (azuis), depoimentos/documentos (verdes) e observações (amarelas).
Assim que tivermos coletado provas suficientes, podemos organizá-las no “Palácio Mental”, que é uma representação do cérebro de Holmes, e assim que combinamos os fatos que se completam, chegamos à conclusão necessária para prosseguir. Holmes também pode confrontar pessoas suspeitas, lançando três fatos para que elas confessem seu envolvimento no caso ou simplesmente parem de negar que sabem das coisas.
Outra mecânica muito bacana de The Awakened é a maneira como Sherlock recria as cenas do crime usando sua imaginação. A checagem dos lugares nos leva a deduções com algumas lacunas. Ao apertar um botão, a tela é inundada com um filtro verde, que simboliza como o detetive está imaginando a sequência de acontecimentos de cada crime. Se errarmos alguma suposição, um dos símbolos na tela ficará em vermelho, mas basta tentar novamente para conseguirmos fazer a reconstituição correta.
O único ponto contra é que tem vezes que, do nada, o Watson entra no meio do caminho. Não é algo grave, até porque ele não interfere em nada, mas ainda assim é chato ter que ficar desviando dele sempre que aproximamos a visão de um ponto de interesse.
Toda essa evolução nos casos rende pontos de experiência, que servem para liberar peças de customização, para poder trocar a roupa de Holmes e Watson livremente. Também há alguns itens de memorabilia, que funcionam como uma espécie de galeria. Se acertamos a relação entre os fatos de primeira, a quantidade de pontos recebidos é bem mais generosa.
Um ambiente hostil contra uma mente afiada
No quesito visual, por mais que alguns ambientes e modelos precisem de polimento, The Awakened cumpre um bom papel por trazer lugares mais sombrios. Londres, Nova Orleans e Suíça tiveram suas belezas deixadas de lado para focar em locais mais suburbanos, sujos e obscuros, casando muito bem com o clima soturno da jornada de Holmes e Watson.
Tudo isso tem como apoio um ótimo trabalho sonoro com as vozes e seus diversos sotaques. Além da dupla protagonista, os principais suspeitos demonstram várias nuances de irritação, nervosismo, agressividade e até medo que nos convencem ainda mais de estarmos no caminho certo de cada investigação.
Algo que é um pouco frustrante é que os NPCs são muito parecidos, não sendo raras as ocasiões em que temos personagens idênticos um ao lado do outro. Os que mais se destacam, seja por aparência ou postura, são aqueles com os quais realmente precisamos dialogar.
Além disso, alguns efeitos de sombra e objetos demonstram instabilidades pontuais. Não foi incomum encontrar cadeiras e caixas se mexendo descontroladamente, ou a sombra do chapéu de Holmes cortando sua testa de fora a fora. Não é algo que chega a ser grave, mas os mais detalhistas com certeza se sentirão incomodados.
E por falar em incômodo, um último questionamento que faço tem a ver com o menu no qual acessamos nossas pistas, mapas e o Palácio Mental. Estranhamente, ele foi colocado no botão options do controle do PS4, enquanto o menu do jogo, que tem configurações visuais, sonoras e de idioma, ficou no touchpad do Dualshock. Não deixa de ser mais um detalhe, mas ainda assim algo meio atípico.
Elementar, meu caro Watson!
Sherlock Holmes: The Awakened faz um brilhante trabalho em mostrar um caso curioso do detetive mais famoso do mundo, no qual ele precisa ir além do seu intelecto e lidar com coisas que o seu ceticismo nunca permitiu que ele acreditasse. A sequência de fatos narrativos e a ambientação não deixam nada a dever às suas aventuras literárias. Um título indispensável para os fãs da obra de Sir Arthur Conan Doyle.
Prós
- A condução da narrativa, misturando mistério e ocultismo, é excelente;
- Os “poderes” de Holmes são fáceis e divertidos de serem usados para desvendar os casos;
- Por mais que pareça complicado no começo, resolver cada mistério é bastante intuitivo;
- A ambientação faz um ótimo trabalho em aumentar o suspense de cada cena;
- Ótimo trabalho das vozes originais.
Contras
- Vários NPCs idênticos;
- Os mapas não ajudam muito;
- Algumas inconsistências visuais nas sombras, texturas e objetos que ganham vida;
- Watson gosta de passar na nossa frente sem motivo aparente.
Sherlock Holmes: The Awakened — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.5Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise feita com cópia digital cedida pela Frogwares