Análise: The Murder of Sonic the Hedgehog (PC) é um mistério feito com muito carinho pelo universo do ouriço azul

O aniversário de Amy Rose sai dos trilhos e cabe a você descobrir o que aconteceu.

em 04/04/2023
Lançado como uma piada de primeiro de abril, The Murder of Sonic the Hedgehog é uma aventura point-and-click com os personagens da franquia da SEGA. Apesar das circunstâncias estranhas, o jogo é um belo exemplo do gênero e uma obra que compreende muito bem os elementos carismáticos do universo do ouriço azul.

O mistério do assassinato de Sonic

É aniversário de Amy Rose e ela decidiu aproveitá-lo com um evento especial: um mistério de assassinato em um trem, o Mirage Express. A ideia é reunir os amigos, cada um assumindo papéis específicos de acordo com fichas de personagem, e depois deixar o detetive (Tails) e a jornalista (Amy) investigarem o que aconteceu.
Porém, alguma coisa estranha está acontecendo nessa locomotiva, que acaba realizando uma frenagem brusca repentinamente. Pouco tempo depois, o corpo de Sonic é encontrado e os personagens começam a investigar. Porém, será que tudo é realmente apenas uma brincadeira?

Não é o que acha o nosso protagonista, um jovem recém-empregado encarregado de cuidar dos passageiros do Mirage Express e cujo nome pode ser escolhido pelo jogador. O pulso de Sonic está muito fraco e o acionamento do freio não era esperado, deixando o personagem preocupado com a segurança de todos. Ele decide então acompanhar Tails em sua investigação do mistério.

Vagando pelos vagões

The Murder of Sonic the Hedgehog é um jogo de investigação no formato point-and-click. Cabe ao jogador avançar pelos vagões do trem, vasculhando as imediações e interrogando os personagens. Cada um dos passageiros está escondendo alguma coisa, o que força o protagonista e Tails a mostrarem evidências que provam a verdade do que aconteceu.

Uma vez selecionado o item ideal, o jogador deve então provar como ele se encaixa com o caso. Em vez da dedução ser representada de forma textual, o jogo apresenta uma fase de Sonic em estilo isométrico com progressão automática, sendo necessário movimentar Sonic para os lados e pular para evitar obstáculos variados e coletar anéis. A ideia lembra bastante os estágios especiais/bônus de vários jogos da série.
Além de adicionar um elemento de ação ao jogo entre os trechos de narrativa, esses “minijogos” oferecem um bom desafio, exigindo que o jogador colete uma quantidade específica de anéis para poder avançar. É uma roupagem diferente do usual para a série de plataforma, mas que consegue resgatar a sensação de estar jogando um Sonic, respeitando também a sensação de velocidade e perigo que são importantes para o design de fases.

Pessoalmente, considero a trama do jogo muito interessante e tenho certeza de que os fãs de Sonic amarão ver os personagens nesse contexto atípico. Há um grande carinho por tudo o que os personagens e o universo da franquia representam, e a trama é excelente em explorar as suas personalidades e o humor tradicionalmente associados a Sonic com um nível de detalhe que chama a atenção. As reviravoltas também são bem construídas, fazendo com que, mesmo relativamente simples, a história seja bastante envolvente.
Porém, a relação entre os trechos de plataforma isométrica e o desenvolvimento da narrativa é bem inconsistente. Isso é especialmente claro na forma como a história muitas vezes acaba tirando o protagonismo e agência do personagem principal para que Tails realize as deduções lógicas logo após a resolução do minijogo. A falta de uma ligação mais clara e a tentativa de dar mais presença aos personagens típicos da série em detrimento do protagonismo do jogador enfraquecem a sensação de fazer parte do que está acontecendo de fato.

Outro detalhe potencialmente negativo é o fato de que algumas cenas acabam dando a sensação de que o jogo ficou agarrado em uma transição de animação devido a alguns atrasos. Isso aconteceu apenas em alguns momentos enquanto estava jogando, mas ainda foi o suficiente para me incomodar um pouco.

Por outro lado, chama a atenção a alta qualidade visual do jogo, com um estilo bem colorido e vibrante e bastante expressividade nas animações. É muito charmoso explorar os ambientes e ver os personagens já carismáticos com roupas especiais para os papéis na brincadeira de detetive. A trilha e os efeitos sonoros também reforçam a sensação de estar em um drama de época dentro de um trem, contando ainda com um estilo chiptune nos trechos de plataforma isométrica.

Uma aventura competente

The Murder of Sonic the Hedgehog
é uma forma muito competente de revisitar o universo do ouriço azul por um ponto de vista totalmente diferente. Feito com bastante carinho pelos personagens, o jogo combina um point-and-click simples, mas bem executado, com trechos de plataforma isométrica para criar uma experiência imperdível para os fãs e que vale a pena mesmo para quem só quiser um bom jogo de aventura para passar o tempo.

Prós

  • Trama sólida com reviravoltas bem construídas;
  • Explora bem os personagens e o universo de Sonic the Hedgehog;
  • Trechos de plataforma isométrica oferecem um bom desafio e são uma roupagem interessante para o estilo usual da série;
  • Visual colorido, expressivo e charmoso;
  • Trilha sonora reforça a sensação de mistério/drama de época e o fator nostalgia do minijogo.

Contras

  • Incongruência entre a ação do jogador e o seu impacto na trama quando Tails rouba a fala do personagem principal nas deduções lógicas;
  • Algumas transições dentro de cenas específicas dão a impressão de que o jogo ficou agarrado.
The Murder of Sonic the Hedgehog — PC — Nota: 8.5
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia gratuita obtida pelo próprio redator

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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